CP muda máquinas de bilhetes em Lisboa. Poderão vir a receber cartões do Porto

Investimento de dez milhões de euros com fundos europeus servirá para renovar e reforçar máquinas de vendas de bilhetes na Grande Lisboa. Há estações da Linha do Oeste que também serão contempladas.

Quinze anos depois, a CP prepara-se para mudar as máquinas de venda de bilhetes nas estações da região de Lisboa (e arredores). A transportadora vai investir dez milhões de euros na compra de novos equipamentos, que serão instalados ao longo de um ano e que poderão vir a ser compatíveis com os títulos de transporte também utilizados nos comboios suburbanos do Porto.

Ao todo, serão instaladas 311 máquinas de venda automática de bilhetes: 208 serão “completas”, por aceitarem cartões de crédito e de débito, notas e moedas; as restantes 103 serão “simplificadas” porque apenas irão aceitar cartões de crédito e de débito. Os novos equipamentos irão aceitar cartões bancários sem contacto (contactless), algo que não é possível com os equipamentos atuais. As máquinas que só aceitam cartões apenas serão colocadas em locais onde já existam dispositivos com notas e moedas.

Exemplo de máquinas de bilhetes da Sigma que aceitam moedas, notas e cartões

A CP conta, atualmente, com um total de 160 máquinas de venda automática de bilhetes, que serão retiradas progressivamente. Os equipamentos foram instalados em 2008 nas estações de serviços suburbanos de Lisboa: a partir desse ano, todos os passageiros foram obrigados a comprar um cartão recarregável para andar nestes comboios.

Graças a este investimento, a transportadora vai praticamente duplicar o número de máquinas de venda de bilhetes. Por exemplo, no Cais do Sodré, serão instalados 22 equipamentos (atualmente são dez). Na estação do Rossio, haverá 20 máquinas para instalar bilhetes. Há apeadeiros do serviço suburbano que terão máquinas de bilhetes pela primeira vez, como Espadanal da Azambuja e Vila Nova da Rainha (Linha da Azambuja), Praias-Sado-A (Linha do Sado) e Marvila (Linha de Cintura).

Exemplo de máquina de bilhetes da Sigma só para cartões.

Por estarem dentro da Área Metropolitana de Lisboa, seis estações da Linha do Oeste também vão ter estes equipamentos pela primeira vez: são os casos de Mafra, Malveira, Sabugo, Pedra Furada e Jerumelo.

Instalação italiana leva um ano

As novas máquinas serão instaladas durante um período máximo de 320 dias (cerca de 11 meses). Este prazo irá contar a partir do momento em que o Tribunal de Contas der visto ao contrato. Se no prazo de 30 dias a contar da entrada do processo não houver oposição, o documento assinado em 3 de fevereiro de 2023 passará a estar válido. A data de referência será no início de março e todas as máquinas terão de estar a funcionar até ao início de 2024.

Os novos dispositivos serão fornecidos pela Sigma, por um valor de 10,092 milhões de euros, segundo o contrato publicado esta semana no portal Base, que publicita as compras públicas. Os italianos ganharam o concurso público contra quatro concorrentes, inclusive os espanhóis da Indra. O contrato prevê 8,961 milhões de euros para a compra dos equipamentos e 1,131 milhões de euros para a respetiva manutenção. O investimento conta com cofinanciamento europeu em perto de 20%, ao abrigo Mecanismo Interligar a Europa.

O preço-base inicial deste concurso, lançado em abril de 2022, era de 12,778 milhões de euros mas acabou por ser revisto em novembro, para 10,092 milhões de euros. O envelope financeiro encolheu em 21%.

Compatibilidade com cartões do Porto

Além de aceitarem o título de transporte Navegante, da Área Metropolitana de Lisboa (AML), as novas máquinas poderão ser mais flexíveis nos próximos anos e aceitarem ingressos dos transportes do Grande Porto.

“O adjudicatário deverá garantir que os módulos de dispensa de suportes sem contacto, a instalar nas máquinas de venda automática, são compatíveis com os suportes sem contacto atualmente em utilização (ou que se preveem vir a ser usados) na Área Metropolitana de Lisboa e Área Metropolitana do Porto (AMP), nomeadamente no que diz respeito à força de separação dos suportes, posição da antena, qualidade do papel usado, etc.”, refere o caderno de encargos.

A possibilidade de estas máquinas receberem títulos de transporte de outras regiões está alinhada com o lançamento do projeto do bilhete único a nível nacional. Por exemplo, um cartão Navegante (AML) passará a poder ser carregado no Porto e a permitir que o passageiro se desloque sem adquirir o Andante (AMP) e vice-versa.

O primeiro passe para a iniciativa “Bilhete.pt” será dado nesta sexta-feira em Coimbra, com a assinatura de um protocolo que envolve as empresas Transportes Metropolitanos de Lisboa e Transportes Intermodais do Porto, as autoridades de transportes nas duas áreas metropolitanas.

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