Futuro CEO da TAP vai acumular cargo de “chairman” até à privativação

Luís Rodrigues vai deixar a SATA até ao final do ano para liderar a TAP. Rejeita que exista um conflito de interesses, defendendo que a relação entre as companhias tem trazido vantagens para ambas.

O ainda presidente executivo da SATA diz que o convite do Governo para ir liderar a TAP era “irrecusável”. Rejeita que exista um conflito de interesses na aceitação do cargo, considerando que a relação “fantástica” entre as duas companhias aéreas vai continuar. Espera acumular o cargo de CEO e chairman até a privatização.

Luís Rodrigues ficará na companhia aérea açoriana até ao final do mês, assumindo em abril a liderança da TAP. “Pensei muitas vezes e era irrecusável”, diz sobre o convite feito pelo Governo, que anunciou o novo CEO da transportadora aérea nacional na passada segunda-feira, na apresentação das conclusões do relatório da Inspeção-Geral de Finanças que ditaria o afastamento da atual presidente executiva, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do conselho de administração, Manuel Beja.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, afirmou na altura que Luís Rodrigues iria acumular os dois cargos que ficaram vagos. O futuro CEO e chairman da TAP disse, em entrevista à RTP Açores, que essa circunstância irá manter-se, pelo menos, até à concretização da venda parcial do capital da empresa pelo Estado.

“O que está a ser gizado é um processo de privatização e pelo que percebi do Governo, o que se pretende é que ela se concretize em 2023. Isso vai alterar de alguma forma as regras. Até lá o objetivo é acumular as funções. Depois desse momento acontecer, logo se vê”, afirmou Luís Rodrigues.

Mantemos hoje uma relação de ‘coopetição’ [entre a TAP e a SATA], concorremos numas coisas e cooperamos noutras. Temos muitos acordos em tráfego, “code share” e manutenção. E concorremos onde temos de concorrer.

Luís Rodrigues

CEO da SATA

O gestor recusou que existam conflitos de interesse na passagem de uma transportadora aérea para outra. “Nos últimos três anos temos tido uma relação fantástica com a TAP e essa relação vai continuar, não há nenhuma razão para a interromper. Os dois têm vantagens a tirar disso. Mantemos hoje uma relação de ‘coopetição’, concorremos numas coisas e cooperamos noutras. Temos muitos acordos em tráfego, code share e manutenção. E concorremos onde temos de concorrer”, argumentou.

De resto, o futuro CEO não quis fazer mais comentários sobre a transportadora que vai liderar. “Ninguém me vai ouvir fazer um comentário sobre a TAP até ao dia em que tomar posse. Por um lado devo respeito aos que me estão a pagar hoje, que é a SATA, e por outro devo respeito aos que ainda estão à frente da TAP”, justificou.

Luís Rodrigues rejeitou que a mudança de presidente executivo possa atrasar a privatização da SATA, considerando que a companhia está bem entregue com a nomeação de Teresa Gonçalves, até aqui administradora financeira, para o seu lugar. “Eu tenho por hábito rodear-me de pessoas melhor do que eu. Tenho a certeza que a coisa fica bem entregue”, afirmou.

Referindo que quer a Azores Airlines quer a SATA Açores (que faz os voos interilhas) vão ter receitas recorde em 2022, o ainda CEO revelou que a primeira irá ter um “EBITDA positivo pela primeira vez em muitos anos”. As perspetivas para 2023 dão também razões para otimismo. “O mais interessante é que as reservas que estamos a verificar indicam que estamos a crescer 40%. Isso é saudável e ótimo para a região, para o turismo, para a SATA e para o processo de privatização”.

“A companhia para não morrer tem de crescer, tem de ser integrada numa coisa maior. Espero bem que isso se concretize. Daquilo que eu puder ajudar, estou cá para o fazer”, disse o gestor.

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