Países Baixos restringem acesso da China a tecnologia de produção de chips

  • Joana Abrantes Gomes
  • 9 Março 2023

Medida do governo neerlandês já recebeu críticas da China, que acusa os Países Baixos de se juntarem aos EUA nas restrições ao acesso do país asiático aos meios necessários para fabricar chips.

Os Países Baixos vão impor novos limites à exportação de equipamento para o fabrico de semicondutores, o que afetará a indústria da China. A decisão foi confirmada na noite de quarta-feira pelo Governo neerlandês, depois de, em janeiro, ter celebrado um acordo com os Estados Unidos para introduzir restrições às exportações de tecnologia avançada de chips.

“Dada a evolução tecnológica e o contexto geopolítico, o governo concluiu que é necessário, para a segurança [inter]nacional, expandir os controlos de exportação existentes em especial no fabrico de equipamento para semicondutores“, afirmou o ministro do Comércio dos Países Baixos, Liesje Schreinemacher, numa carta enviada aos deputados do país, citada pelo Politico.

O objetivo da medida, segundo Schreinemacher, é impedir que a tecnologia neerlandesa, que usa luz ultravioleta para gravar circuitos nos chips mais avançados, seja utilizada em sistemas militares ou armas de destruição maciça.

Embora a China não seja mencionada na carta do ministro neerlandês, esta nova política segue os esforços de Washington, que em outubro bloqueou o acesso das empresas e entidades chinesas a tecnologia norte-americana utilizada no fabrico dos semicondutores mais avançados e tem pressionado os aliados europeus e asiáticos a aplicarem as mesmas restrições.

Nos Países Baixos, existe apenas um fornecedor global deste tipo de tecnologia. A ASML, sediada na cidade de Veldhoven, é a única produtora mundial de máquinas que usam litografia ultravioleta extrema para fabricar chips semicondutores avançados.

O governo liderado por Mark Rutte chegou a proibir a ASML de exportar algumas das suas máquinas para a China em 2019, mas a empresa ainda vendia sistemas de litografia de qualidade inferior ao país asiático, representando 18% do total de encomendas registadas.

Em comunicado, a ASML confirmou que agora “vai precisar de solicitar licenças de exportação para o envio dos sistemas mais avançados”, notando, porém, que ainda não recebeu mais detalhes sobre o que significa “mais avançados”.

A China reagiu esta quinta-feira à decisão do Executivo neerlandês, com uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a acusar um país de estar a tentar “salvaguardar a sua própria hegemonia”, abusando da segurança nacional como desculpa, para “privar a China do seu direito ao desenvolvimento”, numa referência aos EUA.

Opomo-nos firmemente à interferência [dos Países Baixos] nas trocas económicas e comerciais normais entre empresas chinesas e neerlandesas“, disse a porta-voz Mao Ning, acrescentando que Pequim já fez “reclamações” junto do lado neerlandês. Ainda assim, Mao apelou aos Países Baixos para “salvaguardarem a estabilidade da cadeia industrial e de fornecimento internacional”.

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