Norte-americano Silicon Valley Bank cai 60% e atira ações da banca para o vermelho

Quedas no banco norte-americano Silicon Valley Bank, focado nas empresas de tecnologia, levaram a perdas nas cotadas da banca em Wall Street e contagiam ações europeias.

O grupo norte-americano Silicon Valley Bank registou uma queda de 60% das suas ações, depois de se ver forçado a avançar com um aumento de capital. Esta situação assustou os investidores e provocou perdas nas cotadas do setor da banca, contribuindo para eliminar mais de 80 mil milhões de dólares em valor de ações de bancos do S&P 500. Desvalorizações começaram em Wall Street, mas estão a estender-se para as ações da banca europeia.

Na noite de quarta-feira, o SVB revelou que teve de registar perdas de cerca de 1,8 mil milhões de dólares após a venda forçada de uma carteira de títulos por 21 mil milhões para garantir a solvabilidade do banco, que se desfez em resposta a uma corrida aos depósitos por parte dos seus clientes.

O SVB é banco norte-americano de pequena dimensão que opera em Sillicon Valley e que trabalha sobretudo junto de fundos de venture capital no financiamento de startups que, segundo o relatório do SVB, “estão a queimar dinheiro a um ritmo duas vezes acima dos níveis pré-2021 e ainda não se ajustaram ao ritmo mais lento de angariação de capital.”

Estas notícias desencadearam uma queda livre de 60% da cotação dos títulos do banco no dia de ontem, a que é hoje somada uma nova desvalorização de 30% a poucas horas da Bolsa dos EUA abrir.

Também não é imune à “queda livre” dos títulos do SVB o facto de recentemente a S&P ter baixado a classificação de risco creditício dos seus títulos de dívida de “BBB” para “BBB-“, deixando-os apenas a um nível acima da sua classificação de dívida especulativa; e na quarta-feira, a Moody’s ter reduzido o rating do SVB para “Baa1” de “A3”, refletindo “a deterioração do financiamento, liquidez e rentabilidade do banco, o que levou o SVB a anunciar soluções para reestruturar o seu balanço”.

Onda de choque nos EUA e na Europa

As perdas acentuadas nos títulos do SVB rapidamente alastraram-se para os restantes bancos, com os investidores a temerem que outras instituições financeiras possam ter também nos seus balanços situações parecidas.

Isto desencadeou umsell-off” nos títulos da JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo, levando a uma perda de 52,4 mil milhões do valor de mercado dos quatro maiores bancos dos EUA em ativos, de acordo com o Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês). A queda total no valor de mercado dos 18 bancos cotados no índice do setor do S&P 500 foi de 80 mil milhões de dólares.

Após as perdas registadas em Wall Street quinta-feira à noite, as bolsas europeias arrancaram o dia com perdas de mais de 1%. A desvalorização nos EUA contagiou as ações de bancos europeus, que caminham para a maior queda diária em nove meses.

O índice Euro Stoxx Banks, que agrega os 21 maiores bancos da Zona Euro, acumula atualmente perdas superiores a 5% e conta com todos os bancos no vermelho, numa lista encabelada pelo Deutsche Bank que afunda 8%.

Ainda com poucas horas de negociação, a sessão de hoje é já a pior desde 10 de junho de 2022 para o setor financeiro, onde se destacam ainda as quedas de mais de 5% das ações do Societe Générale, HSBC, ING Groupe e Commerzbank.

Em Lisboa, o BCP chegou a cair 5% mas segue agora a recuar 3,4% para os 0,2214 euros.

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