Banco Montepio aponta a mais de 200 saídas na última fase da reestruturação

Última fase do ajustamento anunciado no final de 2020 já arrancou. Banco liderado por Pedro Leitão prevê mais de 200 saídas com nova vaga de rescisões e reformas antecipadas.

Já arrancou a última fase do plano de ajustamento de pessoal anunciado pelo Banco Montepio no final de 2020. Não há números oficiais, mas várias fontes adiantaram ao ECO que esta derradeira vaga poderá levar à saída de mais de 200 trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas. Informação que o banco não desmente.

O programa de saídas voluntárias, iniciado no último trimestre de 2020, apontava para uma redução de 600 a 900 trabalhadores ao longo de três anos. Desde então, o quadro de pessoal do banco liderado por Pedro Leitão já se reduziu em 527 trabalhadores, sendo que quase 90% (aproximadamente 460 saídas) da diminuição se deveu ao plano de ajustamento, segundo avançou a instituição ao ECO. O Banco Montepio fechou 2022 com 3.406 trabalhadores, tendo já emagrecido mais de 13% em termos de pessoal.

À luz destes números, há margem para o banco apontar para, pelo menos, mais 150 saídas e ao abrigo deste plano ao longo deste ano, isto para alcançar apenas o patamar mínimo que tinha previsto inicialmente. O ECO questionou o banco sobre qual a meta em cima da mesa, mas não respondeu diretamente a esta questão. Nem desmentiu ou confirmou as informações obtidas pelo ECO relativamente à perspetiva de alcançar mais de duas centenas de saídas com esta vaga final. O número final dependerá, ainda assim, do nível de aceitação junto dos trabalhadores.

Desde o passado dia 22 de fevereiro que os trabalhadores podem aceder ao programa de saídas, depois de a instituição ter comunicado internamente os termos para os acordos de rescisões ou reformas antecipadas.

Nas semanas que antecederam esse anúncio, o departamento de recursos humanos do banco teve várias interações com os sindicatos do setor a dar conta das suas intenções. Ainda assim, houve quem fosse apanhado de surpresa. Foi o caso dos sindicatos bancários afetados à UGT, Mais Sindicato, Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e Sindicato dos Bancários do Centro (SBC), que assumiram “espanto” pelo facto de o Banco Montepio ter comunicado que os trabalhadores com mais de 55 anos continuariam a ter acesso ao SAMS, embora não haja qualquer protocolo assinado.

“A realidade é que neste momento não existe nenhum protocolo de manutenção do SAMS com o Mais, o SBC e o SBN, tendo o Montepio dado uma informação precipitada e sem qualquer preocupação pela verdade”, afirmaram os três sindicatos num comunicado conjunto, alertando os trabalhadores para não assinarem as rescisões sem antes confirmarem os seus direitos.

Por seu turno, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) irá promover esta terça-feira uma sessão online de esclarecimento junto dos seus associados, “recordando que nenhum trabalhador é obrigado a aceitar uma rescisão de contrato de trabalho por mútuo acordo ou reforma antecipada, sendo que a decisão deve ser livre, ponderada e informada”.

Lucros de 34 milhões e dividendos à vista

Ao contrário dos outros bancos portugueses, que já concluíram os seus processos de ajustamento, o Banco Montepio ainda procura recuperar terreno na arrumação da sua casa e tem agora a oportunidade do novo ciclo dos juros para concretizar a reestruturação. O ano passado já trouxe uma subida dos lucros para 33,8 milhões de euros, mas a rentabilidade continua em níveis pobres em função do capital investido.

Ainda assim, com a subida dos juros a potenciar o negócio do banco, o acionista já olha para dividendos futuros. Foi uma das razões para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) ter aprovado a redução de capital do banco para metade no mês passado. A operação “teve lugar porque o Banco Montepio entrou num ciclo consistente de resultados positivos”, adiantou a AMMG ao ECO.

“Neste quadro, a operação realizada permitirá, observados os necessários requisitos exigíveis, a oportuna distribuição de dividendos aos acionistas”, acrescentou a instituição liderada por Virgílio Lima.

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