Mutualista Montepio quer dividendos do banco. “Entrou num ciclo consistente de lucros”, diz Virgílio Lima

Banco não paga dividendos há uma década. Mutualista espera começar a receber resultados da instituição depois da redução de capital e perante expectativa de “ciclo consistente de lucros”.

Apresentação de resultados da Associação Mutualista Montepio - 01JUL20
Virgílio Lima, presidente da AMMG.Hugo Amaral/ECO

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) quer voltar a receber dividendos do banco, depois de aprovar a redução de capital na instituição financeira, operação que, assegura o seu presidente Virgílio Lima, não vai ter impacto nas poupanças de mais de dois mil milhões de euros dos seus 600 mil associados.

A redução de capital “teve lugar porque o Banco Montepio entrou num ciclo consistente de resultados positivos”, explicou o líder da maior mutualista portuguesa em declarações ao ECO.

“Neste quadro, a operação realizada permitirá, observados os necessários requisitos exigíveis, a oportuna distribuição de dividendos aos acionistas e, em particular, ao seu acionista-titular, que detém 99,99% do seu capital, passando, deste modo, a poder contribuir para remunerar as poupanças dos associados investidas no Banco Montepio”, acrescenta o responsável.

A distribuição de resultados do banco, que fechou 2022 com lucros de 34 milhões de euros, já “é tecnicamente possível” na sequência da redução de capital, mas ressalvou que será “oportunamente apreciada”. Há uma década que o Banco Montepio, outrora Caixa Económica, não paga dividendos à mutualista. Aliás, acumula prejuízos de 770 milhões de euros neste período, resultados negativos que a redução de capital tratou de “apagar”. Tendo em conta que enfrenta uma posição de capital desafiante e que ainda se encontra a terminar um processo de reestruturação, o banco liderado por Pedro Leitão deverá ter de esperar mais um tempo para distribuir resultados.

Banco acumula prejuízos de 770 milhões em dez anos

Fonte: Banco

Redução de capital tem impacto “neutro” na mutualista

A mutualista aprovou, em assembleia geral de acionistas realizada no passado dia 10, a redução do capital do Banco Montepio em 1,2 mil milhões de euros, mas a operação levantou dúvidas internamente.

Alguns membros da assembleia de representantes da AMMG recusaram votar a proposta no final do ano passado por falta de informação, alertando para o facto de se tratar de uma “operação de engenharia financeira” que reduziu o valor do capital social do banco “composto pelas poupanças dos associados”.

“Nas contas da AMMG nada muda”, garante o presidente da instituição. “A operação de redução de capital no Banco Montepio não obriga à constituição de imparidades adicionais nem elimina as imparidades existentes na AMMG relativamente ao banco”, acrescenta. Também o auditor, com quem a mutualista travou divergências no passado em relação à avaliação do banco, considerou que a operação é neutra contabilisticamente para a AMMG.

A mutualista contabiliza uma perda por imparidade de cerca de mil milhões de euros com o banco. “Esta imparidade será progressivamente revertida (recuperada) à medida que o Banco Montepio vá cumprindo os seus planos de negócio e realizando resultados”, perspetiva Virgílio Lima.

Além do banco, a AMMG também aprovou a redução de capital na seguradora Lusitânia no ano passado. “Também neste caso, o valor efetivo investido na Lusitânia e a imparidade constituída não tiveram qualquer alteração”, esclarece o líder da AMMG, notando que a situação dos dividendos e da reversão de imparidades na seguradora é “exatamente igual” à que se coloca ao banco.

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