Investidores correm a comprar obrigações do Tesouro

A crise no Credit Suisse e a falência do Silicon Valley Bank fez disparar os alarmes dos investidores que procuram agora refúgio nas obrigações soberanas.

Há muito tempo que os títulos de dívida do Estado não registavam uma correção diária tão avassaladora das suas yields.

De acordo com dados da Refinitiv, depois de na segunda-feira a yield das obrigações do Tesouro a dois anos ter caído 37,4 pontos base (a maior queda diária desde junho de 2016), esta quarta-feira voltou a afundar (33,5 pontos base), passando de 2,92% para 2,58%.

O mesmo sucedeu com as obrigações do Tesouro a 10 anos, que registaram uma correção de 24,3 pontos base (a segunda maior descida diária desde julho de 2022) para 3,12%.

Esta dinâmica de queda das yields foi replicada por todos os títulos da República, que foi causada pelo aumento da procura dos títulos de dívida do Estado pelos investidores como há muito não se via.

Esta dinâmica é explicada por uma mudança na estratégia de investimento de alguns fundos de investimento e de grandes investidores individuais, que procuram agora reduzir a sua exposição a títulos mais arriscados (ações), para reforçarem posições as suas posições em títulos menos arriscados, como as obrigações soberanas – que no último ano foram fortemente penalizados pela subida das taxas de juro.

O aumento da procura por obrigações do Tesouro, apesar de ter sido mais notória esta semana, tem sido notada no último mês, com a curva de rendimentos de Portugal a apresentar hoje uma amplitude mais baixa do que há um mês – mas ainda bem acima dos níveis registados há seis meses.

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Investidores voltam-se para os soberanos como refúgio

Da mesma forma que os títulos de dívida da República sentiram um aumento da procura, também o mesmo comportamento foi sentido nos títulos norte-americanos (Treasuries), que ao longo do dia de hoje estiveram a negociar com uma queda generalizada das suas yields.

Os Treasuries a dois anos, por exemplo, chegaram a negociar abaixo dos 3,8%, depois de na segunda-feira terem estado a negociar nos 4,2% e na semana anterior acima dos 5%.

O mesmo ocorreu com as obrigações do Tesouro alemão (Bunds), particularmente os títulos a dois anos, que registaram uma de 51 pontos base da yield para 2,42% – foi a maior correção diária desde 1995.

“O preço das ações do Credit Suisse está em queda e os preços títulos do Estado sobem em flecha [e as yields caem]. Ainda muito impulsionado pela perceção da saúde do setor bancário, mas desta vez na Europa”, referiu Antoine Bouvet, analista do ING, citado pela Reuters.

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