Procura por obrigações de retalho supera 1.400 milhões
Mais de 95% da quarta emissão de obrigações para o retalho foi comprada por investidores portugueses, com a procura a superar os 1.400 milhões de euros.
Foi o prémio mais baixo de sempre mas nem por isso a quarta emissão de obrigações para o retalho (OTRV) deixou de registar uma forte procura da parte dos investidores, maioritariamente nacionais. O IGCP recebeu ordens de compra 1,42 vezes superior aos 1.000 milhões de euros que pretendia obter, com a quase totalidade do “empréstimo” a ficar nas mãos de investidores nacionais, revelou esta segunda-feira a Euronext Lisbon.
De acordo com os dados apurados pela gestora da bolsa portuguesa, 96% do montante emitido ficou em mãos portuguesas. Em concreto, foram cerca de 63 mil investidores nacionais que acorreram às subscrições de OTRV entre 27 de março e 7 de abril. Os restantes 4% ficaram em mãos de estrangeiros. Em média, cada investidor ficou com 15.870 mil euros em OTRV.
É verdade que o Tesouro pagou o prémio mais baixo desde que, em abril de 2016, arrancou com a primeira das quatro emissões de obrigações dirigidas para os pequenos investidores que efetuou até hoje. E talvez por isso a procura tenha ficado abaixo da anterior emissão, realizada em novembro, quando registou ordens de subscrição superior a 2.000 milhões de euros, com cada um dos mais de 90 mil investidores a ficarem em média com 16.600 mil euros.
Prémio sempre a descer
Ainda assim, em virtude das poucas alternativas de investimento, num ambiente de baixos juros promovido pela ação do Banco Central Europeu (BCE), desde o primeiro dia que a agência liderada por Cristina Casalinho registou uma procura suficientemente sólida para que as obrigações esgotassem logo no primeiro dia em que foram colocadas no mercado, ajudando a que o Tesouro duplicasse o valor da oferta dos 500 milhões para os 1.000 milhões.
Assim, face ao nível de interesse, foi necessário um rateio. O montante atribuído através de rateio, que deu prioridade à data da ordem, atingiu os 45,3 milhões de euros, enquanto quatro milhões foram atribuídos por sorteio.
Mais de 56 mil investidores (perto de 90%) subscreveram montantes entre 1.000 euros e 20.000 euros em OTRV, enquanto 6.300 investidores subscreveram entre 20.000 e 50.000 euros. Com montantes mais elevados, 154 investidores subscreveram entre 50.000 euros e 100.000 euros e apenas 81 investidores comprou obrigações entre 100.000 euros e 500.000 euros.
Estado garante 4.450 milhões com retalho
Com esta operação, o Tesouro aumentou para 4.450 milhões de euros o financiamento obtido junto do retalho apenas com OTRV, depois das anteriores três emissões com este instrumento de dívida, permitindo uma maior diversificação das fontes de financiamento junto das famílias portuguesas.
E isto numa altura em que os pequenos investidores continuam a retirar as suas aplicações dos Certificados de Aforro (CA) com o fim do prémio extra. Fevereiro marcou o quarto mês consecutivo de resgates nos CA, tendo registado saídas de 164 milhões de euros. Em sentido contrário, os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) continuam a atrair poupanças, tendo permitido ao IGCP arrecadar pouco mais de 375 milhões de euros.
Assim, no final de fevereiro, os CA apresentavam um saldo de 12.635 milhões de euros. Quase tanto como os mais recentes CTPM, cujo saldo totalizava os 12.066 milhões de euros. Desde o início do ano, a agência já conseguiu amealhar um total de 500 milhões com CA e CTPM. O objetivo passa por obter aproximadamente 2.000 milhões em 2017.
(Notícia atualizada às 17h09)
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