Inflação atira receitas da Altri para mais de mil milhões de euros em 2022

Quantidade vendida registou descida homóloga de 4%, mas “alta dos preços nos mercados internacionais” vale recorde de vendas. Lucro da Altri sobe para 152,1 milhões em 2022.

Influenciadas pela “alta dos preços nos mercados internacionais”, as receitas totais do grupo Altri dispararam 34,4% em 2022, superando pela primeira vez a fasquia dos mil milhões de euros. Apesar do “ambiente inflacionista de vários custos variáveis”, o lucro das operações continuadas atingiu 152,1 milhões, subindo 23% face a 2021.

Através da Caima, Celbi e Biotek, que faturam 85% no estrangeiro, o grupo produziu um volume recorde de fibras celulósicas (1.142,6 mil toneladas, +1,5%). No entanto, a quantidade vendida registou uma descida homóloga de 4%, explicada pelo recuo de 9% no último trimestre do ano passado devido a “algum abrandamento na procura”.

Em termos de rentabilidade, a empresa destaca num comunicado à CMVM que conseguiu manter praticamente o nível. O EBITDA atingiu 301,4 milhões de euros, 32,4% acima de 2021, atingindo uma margem de EBITDA de 28,3%: uma redução de 0,4 pontos percentuais, “apesar da forte inflação dos diversos custos variáveis”.

Num ano em que o investimento líquido ascendeu a 45,3 milhões de euros – inclui cerca de 10,3 milhões da nova caldeira de biomassa para a unidade industrial da Caima –, o CEO, José Soares de Pina, salienta que a Altri apresenta “uma sólida posição financeira, reduzindo o já baixo nível de dívida líquida (1,1x EBITDA), o que permite manter a flexibilidade financeira para agarrar as oportunidades futuras da bioeconomia”.

Além da produção de fibras celulósicas, o grupo está também presente no setor de energias renováveis de base florestal, nomeadamente a cogeração industrial através de licor negro, gerindo atualmente cerca de 90,4 mil hectares de floresta em Portugal. Detém ainda três biorefinarias no país, com uma capacidade instalada que em 2022 superou as 1,1 milhões de toneladas/ano de fibras celulósicas.

No comunicado divulgado esta quinta-feira, a Altri antecipa que, depois de um ano “extremamente desafiante a tentar minimizar o efeito de uma inflação generalizada dos custos variáveis”, começou a verificar “alguma estabilização dos preços” no quarto trimestre de 2022 e no arranque de 2023. Os acréscimos nos custos de produção foram justificados com a evolução do preço do gás natural e eletricidade, o preço dos químicos e o custo da madeira, devido ao maior nível de importação e à evolução do dólar.

Em relação ao projeto Gama, que envolve a construção de uma unidade industrial de raiz na Galiza, com uma capacidade produtiva anual de 200 mil toneladas de pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis, o grupo diz apenas que “continua a trabalhar com o objetivo de anunciar a decisão final de investimento” durante este ano. “Estamos a avançar nos principais pilares para a tomada de decisão, nomeadamente no estudo de impacto ambiental, projeto de engenharia, viabilidade económica, estrutura de financiamento e acesso a fundos da União Europeia”, detalha.

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