Nazaré da Costa Cabral defende que Estado deve recuperar injeções de capital na TAP
Presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, defende que Estado deve recuperar os montantes das injeções à TAP, criticando a ideia de que estes recursos serão a fundo perdido.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, defendeu esta quarta-feira que o Estado deve recuperar os montantes das injeções à TAP, criticando a ideia de que estes recursos serão a fundo perdido.
Nazaré da Costa Cabral falava numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças (COF), no âmbito de um requerimento da IL a propósito do último relatório da instituição sobre o setor empresarial do Estado.
Para a responsável do Conselho das Finanças Públicas (CFP), a ideia de que os apoios do Estado às empresas “são considerados definitivos e sem perspetiva de serem recuperáveis” é um “aspeto muito crítico”, apontando como exemplo a TAP. “É uma opção que não vejo como salutar sobre aquilo que foi o esforço feito por todos nós”, afirmou.
Salientando que “a ideia que passou junto da opinião pública” é que “os valores de recapitalização” da TAP “praticamente poderiam ser considerados dados a fundo perdido, sem perspetiva de recuperação”, disse que a “mensagem no caso da TAP” que “todo esforço financeiro que foi feito pelos contribuintes não vai ser recuperado, deveria ser outra”.
Deste modo, defende a necessidade de “recuperar os montantes alocados à empresa”, apontando como exemplo o caso de outras companhias aéreas internacionais, que “tiveram o cuidado” de devolver os apoios.
Em novembro do ano passado, numa audição parlamentar na mesma Comissão, a presidente do Conselho das Finanças Públicas já havia dito que os portugueses deveriam estar preocupados com a venda da TAP e com os impactos que a operação vai ter nos contribuintes. “Não sabemos detalhes do que é que se pretende fazer quer na conclusão do processo de reestruturação da TAP, nem em termos de privatização da empresa, mas é evidente que a situação da TAP nos preocupa”, disse, na altura.
Perante as conclusões do relatório do CFP, divulgado em fevereiro, que conclui que mais de 1/3 das empresas do setor público do Estado está em falência técnica em 2021 e que a tutela ainda não aprovou 44% dos relatórios e contas de 2021 das empresas com obrigações de reporte de informação, Nazaré da Costa Cabral afirmou que a análise revela que os resultados económicos das empresas traduzem níveis de rendibilidade negativos.
“Significa que há aqui um problema de gestão”, disse, considerando que “o Governo, a tutela, os ministérios têm de começar a olhar com outros olhos sobre como deve ser gerido o setor empresarial do Estado”, até porque, argumenta, “uma empresa bem gerida” gera lucros e consequentemente dividendos.
A responsável do CFP realçou ainda que a informação prestada sobre a gestão destas empresas “não é de boa qualidade” e “não tem sido prestada da melhor forma”, apontando a falta de atualização dos dados pela Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM).
Parvalorem é sorvedouro de dinheiro público
A presidente do Conselho das Finanças Públicas afirmou ainda que a Parvalorem e a Parpus, empresas públicas criadas para gerir os ativos do Banco Português de Negócios (BPN), são sorvedouros de dinheiro público e uma ferida nas finanças públicas.
Nazaré da Costa Cabral destacou “uma herança que tarda em resolver-se”: “o caso das empresas relacionadas com a nacionalização do BPN”. “A Parvalorem e a Parups são nos últimos anos sorvedouros de dinheiros públicos – não há outra forma de o dizer – com permanentes injeções de capital, desde logo sob a forma de empréstimos”, disse.
A Parvalorem é um veículo criado para gerir os ativos problemáticos do antigo BPN, tendo em agosto de 2022 incorporado a Parups, que herdou a gestão de ativos imobiliários e obras de arte do antigo banco.
Nazaré da Costa Cabral apontou o empréstimo em 2019 de 1.200 milhões de euros à Parvalorem, para defender que “é uma ferida que está nas nossas finanças públicas”. “A Parvalorem é a campeã dos capitais próprios negativos. Em 2021, no nosso relatório, é a empresa que apresenta capitais próprios mais negativos, na ordem dos 3.300 milhões de euros”, frisou.
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