Soft Skills Gap: como combater o défice de soft skills no mercado de trabalho
75% dos empregadores não consegue encontrar o talento de que necessita com a combinação certa de hard e soft skills. Está na hora de repensarmos a forma como estamos a formar o talento.
A evolução do mercado de trabalho nas últimas décadas tem sido bastante acelerada no que diz respeito às perspetivas e exigências das organizações na hora de recrutar talento. Apesar das competências técnicas continuarem a ser necessárias para executar um trabalho especializado, a verdade é que as chamadas soft skills estão a tornar-se cada vez mais relevantes em todas as indústrias e ambientes de trabalho, sobretudo devido ao aumento do trabalho remoto e digital. No entanto, segundo a ManpowerGroup, 75% dos empregadores não consegue encontrar o talento de que necessita com a combinação certa de hard e soft skills. E porquê? Creio que está na hora de repensarmos a forma como estamos a formar a nossa força de trabalho.
Há 100 anos, havia uma grande procura de talento com competências técnicas, as chamadas hard skills que são passíveis de aplicações teóricas e que podem ser tangíveis, mensuráveis e testadas. Porém, à medida que a tecnologia e a sociedade avançaram, estas competências começaram a ser facilmente substituídas por computadores ou outras máquinas. Neste sentido, os empregadores procuram agora competências que não podem ser automatizadas – as soft skills e os talentos pessoais e interpessoais inerentes a cada indivíduo, tais como comunicação, liderança, criatividade, adaptabilidade, e resolução de problemas. Dado que muitos candidatos e até os próprios colaboradores das empresas carecem destas competências, é crucial encontrar formas de combater este gap existente.
Rever o método de ensino que temos nas nossas escolas e universidades atualmente é um dos pontos mais importantes. Os programas de educação e formação devem estar mais concentrados no desenvolvimento de competências transversais e, a verdade é que, a maioria dos currículos educativos estão ainda muito orientados para o ensino de conhecimento técnico e muito teórico. Frequentemente, os estudantes são mais incentivados a decorar quantidades ínfimas de informação técnica do que a praticar certas competências sociais e emocionais. Embora estas competências técnicas sejam importantes, não são suficientes para se tornar um empregado bem-sucedido. Por isso, os educadores devem trabalhar para integrar as capacidades transversais nos currículos, tais como comunicação, resolução de problemas e sentido crítico, trabalho de equipa e resiliência – algumas das soft skills mais procuradas pelas empresas, segundo o LinkedIn.
Já vemos várias escolas a dar o exemplo. A Universidade do Minho lançou o “B Side – Academia de Soft Skills”, um programa de competências transversais pioneiro no ensino superior nacional que permite complementar a formação dos estudantes, melhorando assim a sua empregabilidade. Escolas de programação, com os seus cursos intensivos, vão também muito mais além das hard skills tecnológicas – promovem a colaboração entre alunos, comunicação através de apresentações e inteligência emocional através da gestão de tempo e de conflitos.
Em segundo lugar, os próprios empregadores devem oferecer programas de formação de soft skills aos seus colaboradores, reconhecendo que estas são críticas para o sucesso do negócio. Ao investir no desenvolvimento dos colaboradores, as empresas podem fomentar uma cultura de aprendizagem e melhoria contínua. Este tipo de formação pode ser realizado através de workshops, seminários, ou cursos online. Isto significa que, mesmo que um colaborador entre na empresa sem todas as competências necessárias, irá ter a oportunidade de desenvolvê-las ao longo da sua carreira.
Por último, cabe também a cada pessoa que está a entrar no mercado de trabalho a responsabilidade de desenvolver as suas aptidões transversais. Há várias formas de o fazer, incluindo a participação em organizações comunitárias e fazer voluntariado. Estas atividades podem ajudar a desenvolver capacidades de comunicação, liderança e trabalho em equipa.
Em suma, o défice de competências transversais é uma preocupação crescente no mercado de trabalho. No entanto, é essencial reconhecer que o desenvolvimento das soft skills não é um processo que acontece rapidamente. Requer tempo, paciência, prática e, sobretudo, investimento. Para combater esta lacuna, é assim essencial integrar as competências transversais nos currículos escolares e oferecer programas de formação em competências transversais aos colaboradores. Só assim a força de trabalho do futuro terá mais oportunidades para desenvolver as competências necessárias para o seu sucesso no mercado de trabalho.
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