G7 promete acelerar esforços para eliminar gradualmente carvão, mas sem fixar prazos

  • Lusa
  • 16 Abril 2023

O documento não acompanha este compromisso com um prazo específico antes de 2050, como vários membros do G7 tinham solicitado, devido a um desacordo com outros membros.

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 concordaram este domingo em acelerar esforços para eliminar gradualmente a utilização de carvão e outros combustíveis fósseis, mas sem estabelecerem um novo prazo.

“Sublinhamos o nosso empenho, no contexto dos esforços globais, em acelerar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis para atingir sistemas energéticos com emissões líquidas nulas [de carbono] até 2050”, pode ler-se na declaração conjunta dos ministros do G7 no final da reunião em Sapporo, norte do Japão.

O documento não acompanha este compromisso com um prazo específico antes de 2050, como vários membros do G7 tinham solicitado, devido a um desacordo com outros membros, como o país anfitrião, cujo aprovisionamento energético é altamente dependente do carvão e do petróleo e gás importados.

Os ministros apelaram à diversificação do abastecimento energético e ao rápido desenvolvimento de “energia limpa, segura, sustentável e acessível” no âmbito do quadro global de ação acordado para 2050, com vista a limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus.

O G7 também manifestou a sua vontade de trabalhar com outros países “para eliminar progressivamente novos projetos de produção de energia a carvão o mais rapidamente possível, a fim de acelerar a transição para a energia limpa de uma forma justa”.

A declaração reconhece, contudo, “a importância da segurança energética nacional, acessibilidade e resiliência”, bem como “a necessidade de abordar a pobreza energética e de prestar apoio aos trabalhadores, regiões e comunidades afetadas”.

O grupo de países que inclui o Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos também se comprometeram a tomar medidas para melhorar as cadeias de fornecimento de energia, perturbadas pela invasão russa da Ucrânia, e reiteraram o apoio a Kiev face à agressão por parte do país vizinho.

Os países do G7 anunciaram ainda a intenção de reduzir para zero a a poluição com origem no plástico até 2040, através da economia circular e da redução ou eliminação gradual dos plásticos descartáveis e não recicláveis, de acordo com o comunicado conjunto do G7.

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 estabeleceram ainda o objetivo de reduzir as emissões de C02 da frota automóvel dos países membros em pelo menos 50% até 2035, em relação aos níveis de 2000.

Isto faz parte do objetivo global de atingir emissões líquidas zero do setor automóvel até 2050, o que exigirá ações-chave da indústria em todos os países, incluindo medidas já implementadas pelos membros do G7 para atingir 100% das vendas de automóveis elétricos até 2035.

Para o conseguir, comprometem-se a cooperar no trabalho de desenvolvimento de infraestruturas de produção de veículos elétricos e sistemas de carregamento, bem como de apoio a combustíveis neutros em termos de emissões, de acordo com a declaração conjunta.

Outras medidas mencionadas são os esforços para “harmonizar métodos para assegurar o fornecimento de materiais de baterias”, e para apoiar a reciclagem de dispositivos de armazenamento de baterias.

Com vista a promover a utilização do hidrogénio como energia limpa, “serão avaliados os desenvolvimentos em tecnologias tais como veículos de células de combustível, veículos híbridos e combustíveis de baixo teor e neutros em CO2, incluindo biocombustíveis e sintéticos”, acrescenta-se na declaração.

G7 continuam a contar com energia nuclear

Os ministros da Energia e Ambiente do G7 comprometeram-se a alcançar uma sociedade livre de combustíveis fósseis “ao seu próprio ritmo”, mas continuar a contar com a energia nuclear.

A Alemanha, que encerrou os últimos reatores nucleares do país no sábado, criticou o aval do G7 à continuação do recurso à energia nuclear, segundo a agência espanhola EFE.

A ministra do Ambiente alemã, Steffi Lemke, disse numa conferência de imprensa após a assinatura do documento da reunião que “não é segredo que os diferentes países do G7 têm pontos de vista diferentes sobre a energia nuclear”.

Além de Japão e Alemanha, o grupo dos sete países mais industrializados é formado por Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido.

No comunicado, o G7 admite que os que optam pela energia nuclear “reconhecem o seu potencial para fornecer energia de baixo carbono a preços acessíveis” para enfrentar a crise climática e “garantir a segurança energética global”.

Os países em causa, segundo o G7, comprometem-se a “maximizar a utilização dos reatores existentes de forma segura e eficiente, e a avançar com um funcionamento seguro a longo prazo”.

O Japão, o anfitrião do encontro por exercer a presidência rotativa do G7, é o país que mais tem defendido este ponto.

Em dezembro, Tóquio prolongou a vida útil dos reatores nucleares para que possam funcionar além do atual limite de 60 anos.

Trata-se de uma mudança de política destinada a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e assegurar o fornecimento de eletricidade.

O objetivo do país asiático é aumentar o fornecimento de eletricidade gerada pela energia nuclear de 20% para 22% ou 24%, e tornar-se menos dependente do exterior devido à invasão russa da Ucrânia.

Em contraste, a Alemanha desligou as três últimas centrais do país, Isar 2 e Neckar 2, no sul, e Emsland no centro, num adeus definitivo à energia nuclear apesar da crise exacerbada pela guerra contra a Ucrânia.

(Artigo atualizado às 10:57 de dia 17-04-2023 com conteúdo em subtítulo)

 

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