EmotAI salta dos eSports para ajudar a combater o burnout. Já tem os EUA na mira

A startup planeia levantar capital ainda neste semestre e tem planos de internacionalização: em dois anos querem oferecer solução ao mercado norte-americano.

Começou com o objetivo de ajudar os jogadores de eSports a aumentar o seu foco e envolvimento nos jogos, mas depois da pandemia o foco da EmotAI é outro: ajudar a reduzir o burnout dos trabalhadores. A startup tem planos de levantar capital ainda neste semestre e já faz planos de internacionalização. Em dois anos querem oferecer a sua solução no mercado norte-americano.

“Por enquanto, o foco é só em Portugal, mas estamo-nos a preparar para fornecer a nossa solução nos Estados Unidos nos próximos dois anos. As empresas em território americano preocupam-se muito com a prevenção do bem-estar devido aos custos altos envolvendo o setor da saúde, daí ser dos maiores mercados do mundo nesta área”, adianta Carolina Amorim, cofundadora e CEO da EmotAI, com Carlos Moreira e o Daniel Rocha, ao ECO Trabalho.

O mercado de eSports era o foco inicial da startup quando arrancou em 2018. A ideia era, através do uso de uma banda com sensores biométricos – como o eletroencefalograma (EEG) e eletrocardiograma (ECG) –, monitorizar as emoções e o estado mental dos jogadores, ajudando-os a focar no jogo, aumentando o seu envolvimento. Hoje tem na mira o mundo do trabalho e das empresas. “Estamos focados em fornecer a nossa solução a empresas (B2B).”

A experiência que ganhámos a trabalhar com atletas de alta performance é imbatível. Aprendemos as melhores métricas que devem ser seguidas para determinar a performance e também que tipos de exercícios e cuidados têm de forma a lidarem com situações de stress extremamente alto.

Carolina Amorim

Cofundadora e CEO da EmotAI

Carolina Amorim explica o que motivou o reposicionamento. “Durante a pandemia a saúde mental das pessoas piorou e notou-se a falta de soluções como a da EmotAI, personalizáveis, anónimas e cientificamente validadas. Assim decidimos trazer a solução para o local de trabalho onde conseguimos ter um impacto ainda maior”, diz a cofundadora. E com o benefício da experiência obtida com o mundo dos eSports. “A experiência que ganhámos a trabalhar com atletas de alta performance é imbatível. Aprendemos as melhores métricas que devem ser seguidas para determinar a performance e também que tipos de exercícios e cuidados têm de forma a lidarem com situações de stress extremamente alto”, adianta.

Depois da pandemia, as questões de saúde mental têm ganho força na lista de preocupações das organizações, com um estudo da Ordem dos Psicólogos a estimar quebras de produtividade em mais de cinco 5 mil milhões de euros por ano nas empresas portuguesas por conta de problemas de saúde mental e do presentismo.

A EmotAI propõe uma solução que pode ajudar na redução do burnout. Fornece “planos 100% personalizados que têm em conta o risco de burnout, tipo de burnout e a fisiologia única do participante. Estes planos incluem exercícios que tanto podem ser de respiração, como de concentração, meditação e relaxação“, descreve Carolina Amorim.

“Os exercícios são feitos com uma banda, que só é necessária ser usada durante os mesmos durante quinze minutos por dia, e são baseados numa tecnologia de biofeedback onde a pessoa consegue ver em tempo real o quão bem está a acompanhar o exercício. Isto significa que não tem que ter um especialista ao seu lado, consegue fazer os exercícios no momento em que precisa e no final ainda consegue perceber o impacto do exercício na sua fisiologia, ou seja, consegue ver se está a resultar ou não. Os exercícios vão ficando cada vez mais difíceis, de forma a manter os participantes motivados e a aumentar o impacto”, continua.

Em “menos de dois meses”, a startup “consegue ajudar a reduzir a ansiedade em 30% e o risco de burnout em 20%”, indica a cofundadora.

“Temos tido resultados muito positivos que mostram que as pessoas precisam de ajuda nestas áreas da saúde mental. Temos um nível de satisfação de 4,5 numa escala até 5 e 77% dos participantes mostram sinais de melhoria”, reforça a a profissional com formação em Engenharia Biomédica e que, antes de cofundar a EmotAI trabalhava em investigação na área de computação afetiva, que tem em conta as emoções para a criação de software.

A startup está apostada em fornecer os serviços às empresas, com o custo de adesão a depender “do número de colaboradores” e do “tipo de plano anual” (flexível ou fixo) escolhido. Mas, tratando-se de dados sensíveis (saúde), a empresa assegura que o anonimato dos dados dos colaboradores e sua privacidade estão garantidos. Como? “São apenas partilhados relatórios agregados de estatísticas de utilização com as empresas, nunca sendo possível identificar os participantes da solução”, explica.

“O processo de inscrição, de entrega das bandas e de acesso à app é feito pela EmotAI, logo a empresa não sabe quais os colaboradores que estão a utilizar a solução, apenas o número de utilizadores”, reforça. E, por fim, adicionando um outro nível de segurança, a startup “anonimiza informação sensível antes do armazenamento, sendo posteriormente impossível de identificar um utilizador.”

Ronda de investimento ainda este semestre

Neste momento, a empresa está em processo de crescimento de forma a conseguir fornecer a solução “a empresas até 10 mil colaboradores.” E Carolina Amorim admite que, embora por agora o foco seja só Portugal, “nos próximos dois anos” querem fazer chegar solução ao mercado norte-americano.

Planos de crescimento que vão necessitar de investimento. “Vamos precisar de investimento adicional de forma a expandirmos, a acelerar o fabrico das nossas bandas e a produzir cada vez mais exercícios eficazes e cientificamente validados”, admite a responsável. “Estamos a planear levantar uma ronda de investimento ainda na primeira metade de 2023”, revela, embora sem adiantar valores.

Vamos precisar de investimento adicional de forma a expandirmos, a acelerar o fabrico das nossas bandas e a produzir cada vez mais exercícios eficazes e cientificamente validados. Estamos a planear levantar uma ronda de investimento ainda na primeira metade de 2023.

Carolina Amorim

Cofundadora e CEO da EmotAI

Sediados na Startup Lisboa, hoje a EmotAI é composta por sete pessoas das áreas de engenharia biomédica, engenharia informática e neurociências. “Temos perspetivas de contratar entre duas a cinco pessoas nos próximos 12 meses em áreas de informática e/ou engenharia biomédica”, diz quando questionada sobre o reforço da equipa.

“Apesar de termos uma equipa que maioritariamente gosta de ir para o escritório, somos muito flexíveis no nosso modelo de trabalho. Temos colaboradores 100% remotos como em modelo híbrido. É uma questão de preferência pessoal de cada um“, diz sobre o modelo de trabalho na startup.

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