Lucro da Portugal Ventures caiu 83,5%. Só três dos 16 fundos sob gestão não perdem dinheiro
Em termos históricos, dos 16 fundos que a PV tem sob gestão só três – FCR Universitas, FCR Tech Competiveness e FCR Transmissão e Alienação -- tiveram uma taxa interna de rentabilidade positiva.
O lucro da Portugal Ventures caiu 83,5% o ano passado e só três dos 16 fundos que tem sob gestão não perdem dinheiro. Os 12 milhões de lucros alcançados em 2021 (após três anos consecutivos de prejuízos) caíram para 1,98 milhões em 2022, de acordo com o relatório e contas de 2022, publicado no site do Banco Português de Fomento (BPF), no qual foi integrada.
O relatório e contas sublinha que o resultado líquido obtido no exercício de 2022 se deve, sobretudo, ao “nível do valor dos ativos que integram a carteira de capital de risco” da Portugal Ventures (2,05 milhões). Um valor que traduz “o impacto da valorização significativa de empresas participadas com peso relevante em três fundos geridos pela PV e em que detém participação: FCR Universitas, FCR Tech Competiveness (dois dos três fundos que não perderam dinheiro em 2022) e FCR Internacionalização (no qual houve um desinvestimento financeiros). Outro dos pontos a pesar positivamente nos resultados foi o facto de não haver gastos com o fornecimentos e serviços externos e com pessoal.
Houve uma redução dos valores pagos em consultoria, deslocações e estadas, seguros, comunicação e eletricidade que foram 290 mil euros inferiores ao previsto.
Resultados líquidos da Portugal Ventures de 2012 a 2022
Em contrapartida, os resultados foram impactados negativamente pela diminuição das vendas e serviços prestados (em 1,8 milhões de euros) face ao orçamentado, porque não foi possível constituir os novos fundos de capital de risco previstos no plano de atividade e orçamento para 2022, “apesar das diligências nesse sentido que foram desenvolvidas ao longo do ano pela equipa de gestão”. Uma equipa que ganhou 235,29 mil euros brutos no ano passado.
O documento sublinha que foram “desencadeados processos” de constituição de novos instrumentos de capitalização que “se encontram atualmente em fase muito avançada de formalização e de sinalização junto de parceiros e participantes potenciais”, destacando o Fundo FCR Growth Diáspora (50 milhões) e o Fundo Turismo Internacionalização (25 milhões) a constituir “por cisão do atual FCR Turismo Crescimento que teve um reforço de capital também em dezembro de 2022 subscrito pelo participante Turismo de Portugal em 20 milhões de euros”.
As vendas e serviços prestados contribuíram negativamente para os resultados já que alguns fundos de capital de risco sob gestão terminam a sua vida útil e não foram formalmente constituídos novos e nem as comissões de gestão obtidas com os FCR Turismo Crescimento e Internacionalização conseguiram compensar esse efeito, explica o relatório e contas da Portugal Ventures, selecionado para o Programa Consolidar, através do qual, com verbas do PRR, irá investir 46,43 milhões de euros em empresas viáveis para as capitalizar, e consolidar. Isto, apesar de, no documento ser várias vezes referido que a PV está a seguir uma política de descontinuidade da atividade de operador de private equity.
Em termos históricos, dos 16 fundos que a PV tem sob gestão, só três – FCR Universitas, FCR Tech Competiveness e FCR Transmissão e Alienação — tiveram uma taxa interna de rentabilidade positiva, ou seja, o total de receitas geradas por um investimento é superior ao valor do investimento inicial. Quando a taxa é negativa representa o ritmo a que perde dinheiro. O fundo que perde mais dinheiro é o Early Stage, seguido do Azores e do Portugal Gateway que conseguiu uma recuperação significativa face a 2021.
Taxa Interna de Rentabilidade desde 2012 dos FCR ativos sob gestão da Portugal Ventures a 31/12/2022 (%)
No final do ano passado, estes 16 fundos de capital de risco tinham 270,3 milhões de euros de ativos sob gestão, ou seja, um aumento de 8,4% (20,9 milhões) face a 2021, ano em que houve um aumento de 48% (80 milhões de euros) face a 2020.
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