Do representante do poder legislativo ao assistente na preparação de refeições, estas são as profissões com melhores (e piores) salários em Portugal

Os setores económicos que mais geraram riqueza são aqueles onde os salários médios dos trabalhadores estavam abaixo da média nacional. É o caso da indústria transformadora.

Os trabalhadores por conta de outrem em empresas ganharam, em média, 1.294 euros em 2021. Os representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes superiores da Administração Pública e diretores e gestores de empresas auferiram quase três vezes mais. Os setores de energia e água, bem como das atividades financeiras e de seguros, foram os mais bem remunerados, mas não, necessariamente, os que mais riqueza geraram para o país. Mais qualificações não eliminam fosso salarial de género. É entre os técnicos de nível intermédio dos serviços jurídicos, sociais, desportivos, culturais que esse fosso é mais acentuado, mostram os dados revelados esta segunda-feira, Dia Internacional do Trabalhador, pela Pordata.

São os “representantes do poder legislativo e de órgãos executivos (mais 1.483 euros”), “profissões intelectuais e científicas (mais 701 euros)”, e “técnicos de nível intermédio (mais 314 euros) — entre os quais se verifica uma exceção: os técnicos e profissionais de nível intermédio da saúde auferem menos 108 euros que a média nacional” — que auferem salários acima da média nacional (1.294 euros).

Dentro destes três grupos, as profissões mais bem pagas são em cargos de gestão ou direção, começando, desde logo, pelos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes superiores da Administração Pública, diretores e gestores de empresas. Estes ganham, em média, um salário de 3.577 euros.

Seguem-se os diretores de serviços administrativos e comerciais (3.091 euros); os diretores de produção e de serviços especializados (2.826 euros); e ainda os técnicos dos serviços jurídicos, sociais, desportivos e culturais (2.331 euros).

“As profissões das áreas CTEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) também se situam entre as mais bem pagas, com remunerações acima dos 1.850 euros”, destaca ainda Pordata. Os especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC) ganham, em média, 2.198 euros; enquanto os especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa, relações-públicas e comerciais recebem 2.111 euros. Já o salário dos especialistas das ciências físicas, matemáticas e engenharias fixa-se nos 2.019 euros e o dos profissionais de saúde nos 1.869 euros.

No sentido oposto, as profissões mais mal pagas foram as de assistente na preparação de refeições (761 euros), trabalhador de limpeza (791 euros) e trabalhador dos cuidados pessoais (818 euros), onde se incluem os auxiliares de educadores de infância e de professores e auxiliares nos serviços de saúde.

Setores que mais geram riqueza abaixo da média salarial nacional

Os setores económicos com melhores salários em 2021 foram o da eletricidade, gás e água, com um salário que ultrapassava em mais de 1.672 euros a média nacional, e as atividades financeiras e de seguros, com mais 1.080 euros do que a média salarial nacional. Por oposição, o setor do alojamento e restauração e o da agricultura foram os menos bem pagos (menos 380 euros e menos 283 euros, respetivamente, face à média nacional).

Contudo, os setores económicos que mais geraram riqueza (valor acrescentado bruto – VAB) em 2020 são aqueles onde os salários médios dos trabalhadores estavam abaixo da média nacional. É o caso da indústria transformadora (gerou 13,8% do VAB, com destaque para as indústrias alimentar e têxtil, onde os salários médios são 121 euros e 340 euros inferiores à média nacional, respetivamente); as atividades imobiliárias e o comércio (13,4% e 13,1% do VAB); e da Administração Pública e a Saúde (7,4% e 7% do VAB). De salientar que, na Saúde, a diferença face à média nacional é de 145 euros.

As maiores diferenças face à média nacional encontram-se, no entanto, no alojamento e restauração (menos 380 euros, com um VAB de 3,6%), na agricultura (menos 283 euros, com um VAB de 2,5%) e nas atividades administrativas e serviços de apoio (menos 208 euros, com um VAB de 3,8%).

“Quando analisados os setores económicos mais produtivos — ou seja, a riqueza criada na produção, em média, por cada trabalhador — destaca-se a produção e distribuição da eletricidade e gás (459 mil euros de riqueza gerada por trabalhador, sendo que estes ganhavam 1.672 euros acima da média nacional); o setor imobiliário (453 mil euros, com os trabalhadores a ganharem menos 17 euros face à média nacional) e as atividades financeiras e de seguros (112 mil euros, ganhando os trabalhadores 1.080 euros acima da média nacional).”

Os menos produtivos, por sua vez, são a agricultura e pesca (19 mil euros) as atividades administrativas e dos serviços de apoio (19 mil euros). Os seus trabalhadores recebem, em média, menos de 200 euros face à média nacional.

A produtividade do trabalho em Portugal é 35% inferior à média da União Europeia. Portugal é o quinto país da UE com menor produtividade no trabalho.

Fosso salarial mais evidente nas profissões mais qualificadas

No que toca à desigualdade entre os rendimentos dos homens e das mulheres, o maior fosso salarial encontra-se nos técnicos de nível intermédio dos serviços jurídicos, sociais, desportivos, culturais. Neste caso, os homens ganhavam, em média, mais 2.409 euros do que as mulheres.

Seguidamente, é nas profissões mais qualificadas que o gap é mais acentuado. Por exemplo, no caso dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes superiores da Administração Pública, diretores e gestores de empresas, os homens ganham, em média, mais 1.070 euros do que as mulheres.

Já no cargo de diretor de produção, os salários dos profissionais homens são 585 euros mais elevados do que das profissionais mulheres. Uma diferença semelhante à observada entre os diretores de serviços administrativos e comerciais, cujo ordenado dos profissionais homens é 577 euros superior ao das mulheres.

E a lista continua: os homens especialistas em finanças, contabilidade, organização administrativa, relações-públicas e comerciais ganham mais 452 euros do que as suas pares femininas; e entre os profissionais de saúde há uma diferença de 442 euros a separar os salários auferidos por homens e mulheres, com a balança, mais uma vez, a tender para o lado masculino.

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