“Autodegradação”, “surpresa”, “humilhação”: as reações dos partidos ao braço de ferro entre Costa e Marcelo

  • Lusa e ECO
  • 2 Maio 2023

À direita já se defende a dissolução do Parlamento. Bloco diz estar preparado para todos os cenários. Leia aqui as reações.

A decisão do primeiro-ministro segurar João Galamba na pasta da Infraestruturas, uma decisão que Marcelo Rebelo de Sousa “discorda”, abriu um conflito institucional que só se resolve, para os partidos à direita do hemiciclo, com a dissolução do Parlamento. À esquerda prefere-se um cenário de remodelação alargada do Governo para resolver os problemas do país.

O PSD, em nota às redações, referiu que o Governo está “à deriva, sem liderança efetiva” e que o primeiro-ministro está de “costas voltadas” para o país e para as instituições. “O país tem vindo a assistir à autodegradação do Governo de Portugal por sua exclusiva responsabilidade. O executivo mantém-se à deriva, sem liderança efetiva, com inegável falta de autoridade e numa tentativa teatral de ultrapassar tantas fragilidades”, criticam os sociais-democratas, que esta quinta-feira reúnem a comissão permanente do partido para “analisar a situação política nacional”.

Ainda antes de António Costa falar ao país já o líder do PSD reagia ao pedido de demissão do ministro João Galamba, não aceite entretanto pelo primeiro-ministro. “A saída do Ministro das Infraestruturas pelo próprio pé, depois das reuniões da manhã e da tarde não terem produzido esse resultado, diz muito sobre a liderança – ou a falta dela – do PM”, escreveu Luís Montenegro na rede social Twitter.

O presidente do Chega defendeu, em reação no Parlamento, a “dissolução da Assembleia da República” e que o partido está “preparado para ser uma alternativa e para governar” o país. “O que vimos hoje foi um certo desequilíbrio emocional, precipitação política e uma vontade de confronto que me leva a perguntar novamente se está bem”, disse André Ventura.

O líder do Chega adiantou ainda que “o ambiente de confronto e de conflitualidade que hoje se abriu entre o Presidente da República, entre o país, o primeiro-ministro e o Governo deixam sem grandes condições de continuidade o Governo de António Costa quanto ao exercício do seu mandato”.

Já o presidente da Iniciativa Liberal (IL) acusou o primeiro-ministro de ter aberto “um conflito institucional gravíssimo” com o objetivo de “humilhar publicamente” o Presidente da República, considerando que “a única maneira de repor a normalidade” é dissolvendo o parlamento.

Os comunistas, por seu turno, defenderam que o essencial “não é a entrada ou a saída de ministros”, mas “a resposta aos problemas dos portugueses”, sem responder se defende eleições antecipadas. Paula Santos insistiu, no Parlamento, no discurso ensaiado por Paulo Raimundo de distanciar-se da novela dos casos mediáticos e “dar resposta aos problemas dos portugueses: aumentar salários e pensões, garantir o direito à habitação ou a prestação de cuidados de saúde”.

A líder do Bloco de Esquerda, também em reação no Parlamento, disse que o partido está preparado “para qualquer cenário”, depois de admitir a “surpresa” com o conflito entre o Presidente e o primeiro-ministro. Para Catarina Martins, o primeiro-ministro “decidiu perder tempo” que “o país não tem”, considerando que “o que era preciso era uma reorganização do Governo”, não apenas dos “ministros descredibilizados”, mas da própria política do executivo.

“Julgo que foi uma surpresa para todo o país ouvir hoje o primeiro-ministro de Portugal a fazer uma declaração solene sobre uma coboiada do Ministério das Finanças e não dizer uma palavra sobre os problemas políticos do Governo. É sinal de uma absoluta degradação ou se quiserem é a maioria absoluta como ela própria”, acrescentou.

Os deputados únicos do PAN e do Livre defenderam que o cenário de realização de eleições antecipadas não é “bom para o país” nem a solução que os portugueses pretendem, lamentando as discordâncias públicas entre primeiro-ministro e Presidente da República.

“Todos nós fomos apanhados de surpresa relativamente à não aceitação do pedido de demissão e vemos, com alguma preocupação, o impacto que possa ter na credibilidade das instituições e do poder político”, defendeu a porta-voz do PAN, que não acredita que “os portugueses queiram uma nova eleição”. Inês Sousa Real apela a que “se encontrem soluções, por exemplo, o primeiro-ministro ser convidado a reformular o Governo de forma mais profunda”.

Na mesma linha, Rui Tavares, disse que a dissolução do parlamento “não seria bom para o país”, embora esteja convicto de que, com novas eleições, o partido ganharia um grupo parlamentar, apontando que o seu interesse imediato “está certamente em último lugar na lista de prioridades”. O deputado do Livre argumentou ainda que os desenvolvimento do caso de João Galamba “são efeitos de uma falta de coordenação política ao nível do Governo”, em que António Costa é o “último responsável”.

(notícia atualizada às 22h25)

 

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