AEP quer voltar a ser dona da Exponor

Direção da AEP quer recuperar controlo do parque de feiras e congressos de Matosinhos, que está nas mãos de um fundo imobiliário, para rever “posicionamento e oferta” e aproveitar turismo de negócios.

A nova direção da Associação Empresarial de Portugal (AEP), que será eleita a 29 de maio para um mandato de quatro anos, promete “trabalhar para que a Exponor volte a ser propriedade” desta que é a mais representativa associação patronal nortenha – e que há uma década, quando acumulava um passivo a rondar os 100 milhões de euros, avançou com um plano de reestruturação para salvar a instituição da falência e que envolveu a entrega deste equipamento a um fundo imobiliário.

“Esse é um caminho que vai demorar o seu tempo a fazer, mas estamos a trabalhar para que possa ser uma realidade. (…) O prazo será determinado pela conjugação de uma série de fatores, nomeadamente as que têm a ver com as classificações do espaço e com as condições para a obtenção do financiamento necessário. Penso que daqui a um ano podemos estar aqui a falar sobre a conclusão dessa fase, se esses fatores se verificarem”, avança Luís Miguel Ribeiro, em entrevista ao ECO.

A constituição do fundo Nexponor, gerido pela FundBox e que passou a deter os terrenos e as instalações da Exponor em Leça da Palmeira (Matosinhos), foi a principal peça do plano de reestruturação financeira aprovado pelos credores em 2013. A associação liderada então por José António Barros entregou a Exponor a este fundo imobiliário, uma operação que, através da conversão dos créditos da banca em unidades de participação, “limpou” o grosso do passivo bancário da AEP.

Para esta nova fase, em que “todos os caminhos estão em aberto”, inclusive o de manter a atual parceria para continuar a explorar o recinto de feiras e congressos, Ribeiro frisa que a AEP será “o promotor e dinamizador”, mas adverte que “nunca há soluções que dependam apenas de uma entidade”. Pelo que, particulariza o gestor, será preciso o “envolvimento de instituições públicas, como a CCDR ou o município [de Matosinhos], de instituições financeiras e até do próprio Governo, enquanto aposta num equipamento que é importante para a região e para o país”.

Temos de repensar o posicionamento e a oferta para afirmar a Exponor como o grande parque de exposições do Noroeste Peninsular, com uma oferta competitiva e de valor acrescentado.

Luís Miguel Ribeiro

Presidente da AEP

Inaugurada em 1987 e com um total aproximado de 60 mil metros quadrados, a Exponor precisa de se “adequar às condições que hoje são exigidas para que as pessoas continuem a querer [utilizá-la]”, incluindo a disponibilização de um “conjunto de serviços” complementares. “Temos de repensar o seu posicionamento e a sua oferta para se afirmar como o grande parque de exposições do Noroeste Peninsular, com uma oferta competitiva e de valor acrescentado”, resume o líder da AEP, visando igualmente o turismo de negócios.

Luis Miguel Ribeiro, presidente da AEP, em entrevista ao ECO - 13SET22
Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEPRicardo Castelo/ECO

“Temos uma localização excelente, com proximidade ao aeroporto [Francisco Sá Carneiro] e a boas vias de comunicação, e queremos potenciar fortemente os congressos. Esta é uma área em que temos tido mais procura, mas que é cada vez mais exigente. E temos de ter melhores condições para os atrair”, acrescenta Luís Miguel Ribeiro.

Contas em dia e “praticamente sem passivo bancário”

Atualmente com 124 funcionários — quase um terço dos que chegou a ter na folha de pagamentos em 2008 e que começaram a ser reduzidos ainda antes da aprovação do Processo Especial de Revitalização (PER) –, a AEP sustenta que só pode estar agora a equacionar este investimento e a olhar para novos projetos porque tem “as contas completamente organizadas e em dia, e uma estrutura que não é deficitária — antes pelo contrário, consegue gerar resultados”.

“No balanço do mandato [2020-2022] ultrapassámos os 800 mil euros de resultados acumulados. Somos hoje uma instituição que praticamente não tem passivo bancário, que tem capacidade de poder assumir compromissos em termos financeiros. Sendo certo que tudo isto exige uma atenção permanente. Porque se acharmos que está tudo resolvido, é o primeiro passo para amanhã tudo poder correr mal”, conclui Luís Miguel Ribeiro.

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