Morreu o empresário Manuel Fino
Morreu esta madrugada, aos 98 anos, o histórico empresário Manuel Fino, confirmou o ECO junto da família. O velório vai realizar-se esta quinta-feira em Cascais e o funeral será amanhã em Cascais.
Morreu esta madrugada o empresário Manuel Fino, que tinha 98 anos, confirmou o ECO junto da família. O velório vai realizar-se esta quinta-feira em Cascais e o funeral será amanhã em Cascais.
Filho de uma família de Portalegre com negócios no setor dos lanifícios, o empresário ingressou no mundo dos negócios na produção de tecidos sintéticos, tendo posteriormente entrado no negócio do vestuário, ao representar a francesa Printemps em Portugal.
Manuel Fino ficou conhecido pela sua ligação à Cimpor. Através da holding Investifino, o empresário comprou em 2004 a TDP, empresa instrumental da Teixeira Duarte, onde estava parqueada uma posição de cerca de 10% na Cimpor, na sequência da privatização da cimenteira. Além disso, foi também acionista de referência da construtora Soares da Costa e chegou a controlar mais de 2% do BCP.
Porém, foi o investimento em ações do BCP, em 2007, que levou o grupo do empresário à falência. “A causa, para mim, foi o grupo ter investido no BCP. Essa foi a razão para as perdas e consequências do grupo Manuel Fino”, declarou José Cabral dos Santos, na comissão de inquérito à CGD, em 2019. “Se o grupo Investifino não tivesse aquela operação, em 2007, de 180 milhões para comprar ações do BCP, não teria tido nenhum problema”, disse o antigo diretor e administrador do banco público.
Manuel Fino esteve ligado à guerra de poder no BCP, travada há 16 anos, que opôs Jorge Jardim Gonçalves a Paulo Teixeira Pinto, ficando do lado deste último. No auge da disputa do poder no maior banco privado português, um grupo de sete acionistas do BCP, do qual Fino fazia parte, pediu a marcação de uma assembleia-geral para propor o fim do conselho geral e de supervisão, que era presidido por Jardim Gonçalves. A proposta acabou por ser aprovada e, com isso, o banco regressou ao modelo societário que vigorava até 2006.
Mas esta luta de poderes — e, sobretudo, a crise financeira que assolou a economia e as bolsas mundiais em 2008 — revelaram-se fulcrais na destruição da sua riqueza. Em 2007, Manuel Fino, que já controlava a construtora Soares da Costa através da sua empresa, a Investifino, recorre à Caixa Geral de Depósitos para obter um financiamento com o intuito de reforçar as suas posições acionistas em várias empresas cotadas da bolsa nacional, nomeadamente no BCP.
Em troca, Manuel Fino deu como garantia cerca de 10% do capital da Cimpor. Com a queda das bolsas no rescaldo da crise do subprime em 2008, as posições acionistas caíram a pique e a garantia que tinha dado revelou-se insuficiente para cobrir o empréstimo bancário. Acabando mais tarde, no início de 2009, por ficar a Caixa com esses títulos e o investidor com uma dívida de quase 260 milhões de euros ao banco público.
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