Investifino deve 260 milhões à Caixa. Mas sociedade “não existe”, diz filho de Manuel Fino
A Investifino deve à Caixa 259 milhões de euros e não tem meios financeiros para liquidar a dívida, garante José Manuel Fino. O que é a holding hoje em dia? "Não existe", diz.
A Investifino deixou à Caixa Geral de Depósitos (CGD) uma dívida de capital (sem contabilizar juros) na ordem dos 259 milhões de euros e a sociedade não tem qualquer meio financeiro para liquidar os empréstimos, revelou esta terça-feira José Manuel Fino, filho do empresário Manuel Fino.
Qual a expectativa de pagar a dívida ao banco? “Não tenho. Todo o património que existia foi dado como garantia nos empréstimos”, referiu José Manuel Fino, que foi administrador da Investifino entre 2004 e 2012. “Não existe mais património. Todos os seus recursos estavam investidos em projetos. Estes foram os últimos investimentos do ciclo da vida empresarial”, acrescentou o responsável.
E o que é hoje a Investifino, questionou o deputado socialista Fernando Anastácio. “Não existe”, respondeu José Manuel Fino.
“O sr. Manuel Fino investiu tudo o que era o seu património nesta última aventura empresarial, nada resta“, acrescentou depois, perante as questões da deputada Mariana Mortágua, que tinha elencado outros negócios da família. “Aquilo que estamos a falar do património do contribuinte Manuel Fino. Aquilo que referiu são projetos que nunca foram dele, foram da geração que gerou os negócios por conta própria”, explicou o gestor.
José Manuel Fino respondia na comissão de inquérito à recapitalização da Caixa e aos atos de gestão. Ao seu lado estava o irmão Francisco Manuel Fino. Manuel Fino, 94 anos, também assistiu à audição, mas esteve sentado nas cadeiras colocadas nas laterais da sala e que estão reservadas aos assessores dos grupos parlamentares.
Se a Cimpor foi um erro? “Veio a materializar num erro”, lamentou ainda o filho do empresário, que já havia atribuído o incumprimento da Investifino à decisão da CGD de vender um lote de 10% da cimenteira na oferta pública de aquisição (OPA) da Camargo Corrêa. Neste ponto, rejeitou que a culpa tenha sido do banco. “Vai mais longe”, frisou, lembrando que Nogueira Leite (antigo administrador da CGD) já tinha explicado todo o processo. Em causa está uma decisão ministerial que determinou a venda na OPA por 5,5 euros, quando José Manuel Fino diz ter avaliações de bancos internacionais muito superiores e que permitiriam liquidar toda a dívida.
“Não responsabilizo ninguém, mas foi uma decisão que foi feita e fomos arrastados para o processo. Não tenho entendimento para aquilo que se passou no dia 31 de março de 2012. Não havia uma leitura correta do valor industrial da Cimpor”, referiu. José Manuel Fino adiantou que enviou uma carta ao regulador do mercado de capitais para que fossem alteradas as condições da OPA.
Perante as respostas de José Manuel Fino, Fernando Anastácio disse não ter dúvidas sobre a responsabilidade política das perdas de 260 milhões de euros da Caixa com o negócio com a Investifino. “As imparidades de 260 milhões de euros tem uma paternidade”, disse o deputado, deixando no ar uma acusação ao governo de PSD/CDS. “Estou absolutamente de acordo com o que disse. Não tiraria nenhuma palavra ao que disse”, disse depois o filho de Manuel Fino em resposta ao deputado socialista.
Sobre a mudança de sede da Investifino para Malta, José Manuel Fino explicou que o grupo já tinha várias subsidiárias naquela jurisdição (por causa da Soares da Costa, que queria internacionalizá-la) e, por razões de economia de escala, procedeu-se a um fusão das sociedades. Mas “tem zero ativos” e a Caixa sabe disso, afirmou.
(Notícia atualizada pela última vez às 12h59)
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