“Se aparecer só um proponente [para comprar a TAP] não estaremos em boas condições”, diz Costa Silva

"Neste momento, estimulamos todos a apresentar propostas, incluiu-se a IAG, porque nestes processos há sinergias entre proponentes", explicou António Costa Silva.

Desta vez não era da reprivatização da Efacec, mas sim da TAP, que o ministro da Economia falava. Mas a receita era a mesma. A necessidade de atrair vários candidatos para que Portugal possa partir de uma posição negocial mais forte. “Se aparecer só um proponente [para comprar a TAP] não estaremos em boas condições”, reconheceu António Costa Silva no Parlamento, esta quarta-feira. Para o ministro da Economia isso significa também estimular a IAG a apresentar uma proposta. Mas a permanência do hub em Lisboa é, do seu ponto de vista, um ponto assente nos critérios de definição das propostas.

Em todos os processos de privatização o importante é atrair o maior número de propostas e de companhias internacionais para poder ter um processo muito competitivo. E é isso que está a ser feito”, garantiu o ministro da Economia aos deputados da comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação. “Depois a escolha salvaguardará todos os critérios que são importantes para o país, incluindo do hub de Lisboa”, disse António Costa Silva, num raro momento de anuência com o deputado do Chega, Filipe Melo, que manifestou a preocupação de que, caso a IAG fosse a proposta vencedora na reprivatização da TAP, o hub passaria para Madrid.

“Neste momento, estimulamos todos a apresentar propostas, incluiu-se a IAG, porque nestes processos há sinergias entre proponentes”, explicou António Costa Silva. “Se aparecer só um proponente não estaremos em boas condições, se aparecerem quatro ou cinco será benéfico para o país e para a escolha final”, frisou.

A International Airlines Group (IAG), empresa-mãe da Iberia, admitiu, a 6 de junho, concorrer à privatização da TAP, paralelamente ao processo de compra da Air Europa, caso as condições definidas pelo Governo português o permitam e façam sentido para a empresa. “Vamos ver o que o Governo português pondera neste processo e analisar se é interessante para a IAG“, indicou o presidente executivo do grupo de aviação, Luis Gallego, em declarações à EFE. Em fevereiro, no Parlamento acabou por reconhecer que a Iberia não era uma boa solução e agora optou por não omitir opiniões.

O grupo IAG, dono da Iberia e da British Airways, já selecionou assessores jurídicos e de comunicação, num sinal de que pretende entrar na corrida à compra de uma participação na companhia aérea, como avançou o ECO em abril. O grupo, que é também proprietário da Vueling e da Air Lingus, escolheu já a agência de comunicação Cunha Vaz & Associados (CVA) e o escritório de advogados Vieira de Almeida (VdA).

Os dois outros principais interessados na operadora aérea portuguesa são a Lufthansa e do grupo Air-France – KLM. A companhia alemã assumiu, durante a apresentação dos resultados de 2022, no início de março, que os alvos mais interessantes para fusões e aquisições na Europa são a TAP e a ITA, estando a negociar com o Governo italiano a aquisição de 40% do capital desta última. Em meados de fevereiro, também o CEO do grupo franco-holandês deixou elogios à companhia portuguesa.

Ora para o ministro da Economia uma das condições deve passar pela “salvaguarda da preservação do hub de Lisboa”.

“Queria só recordar que a conectividade aérea é uma das variáveis mais importantes que impactam o desenvolvimento económico do país, por isso temos de procurar uma solução para a TAP que esteja alinhada com esse desenvolvimento. Estamos no estágio final de seleção das potenciais companhias que manifestem o interesse de adquirir a TAP, depois o Governo irá definir os seus critérios de escolha. Um dos critérios, a meu ver, tem de ser a preservação do hub em Lisboa, e o impacto que isso tem para a economia portuguesa”, sublinhou fazendo questão de sublinhar que não se ia pronunciar em concreto sobre as opções. Recorde-se que o ministro da Economia foi muito criticado por ter admitido em entrevista ao El Economista, em janeiro, que a TAP poderia ser comprada pelo Grupo IAG.

Costa Silva, sem querer “antecipar nada”, disse que a preservação do hub “está a ser acautelado e vai ser feito”. E em jeito de conclusão disse acreditar que “o processo vai terminar de acordo com aquilo que temos planeado”. “Vamos ter um processo que vai resultar numa boa solução”, disse.

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