BCP e CGD passam no teste de stress do regulador europeu

BCP e Caixa foram os dois únicos bancos nacionais entre os 70 maiores avaliados pela Autoridade Bancária Europeia, conseguindo apresentar rácios de capital sólidos mesmo no cenário mais adverso.

O setor bancário europeu está sólido e, de uma forma geral, apresenta uma estrutura de capitais bastante resiliente a um cenário adverso da economia europeia e mundial. É isso que conclui a Autoridade Bancária Europeia (EBA) após a realização dos testes de esforço ao balanço de 70 bancos europeus de 16 países, que mostra que no cenário mais adverso apenas três entidades chumbariam.

“Esta capacidade de resistência dos bancos da União Europeia reflete, em parte, uma sólida posição de capital no início do exercício, com um rácio médio de CET1 [rácio de fundos próprios principais de nível 1] consolidado de 15%, que permite aos bancos suportar a redução de capital no cenário adverso”, refere a EBA em comunicado. Com a aplicação das variáveis do cenário adverso, o CET1 médio dos bancos avaliados cai para 10,4%.

Entre os bancos avaliados estão apenas dois portugueses, Banco Comercial Português (BCP) e a Caixa Geral de Depósitos (Caixa) que, no final do ano passado, apresentavam um CET1 de 12,5% e 18,7%, respetivamente.

Recorde-se que os requisitos de capital para os bancos europeus foram aumentados após o acordo de Basileia III e introduzidos gradualmente a 1 de janeiro de 2015, com um novo requisito mínimo de rácio CET1 de 4,5%

Com a aplicação das variáveis de associadas ao teste de stress, que incluem uma queda acumulada de 6% do PIB da União Europeia entre 2023 e 2025, um aumento de 5,7% do desemprego em toda a União Europeia, uma inflação persistentemente elevada e um crash imobiliário, o BCP consegue um CET1 de 8,3% e a Caixa de 17,3% em 2023 – o banco público é inclusive o terceiro banco entre os 70 analisados com o melhor rácio.

Em comunicado à CMVM, o BCP revela que “o teste de stress foi realizado na premissa de o balanço a dezembro de 2022 permanecer inalterado e, consequentemente, não tem em consideração estratégias de negócio e ações de gestão futuras, não representando uma previsão de lucros do Banco Comercial Português”, sublinhando ainda “que da aplicação do cenário adverso resultou uma redução de 448 pontos base no rácio de capital CET1 fully loaded no final de 2025 face a dezembro de 2022, o que compara com uma redução média de 459 pontos base no universo dos 70 bancos submetidos a este exercício.”

Num horizonte temporal de 2025 e ainda com base no cenário adverso considerado pela EBA, o BCP baixa o CET1 para 8% e a Caixa eleva o rácio para 18%. Também no cenário adverso, o banco público liderado por Paulo Macedo se mantém como o terceiro banco com o melhor rácio de capital em 2025 e aquele com a menor redução de capital entre as entidades supervisionadas pelo Banco Central Europeu.

“O resultado do esforço que tem sido feito na Caixa, designadamente em termos de solidez, rentabilidade, qualidade dos ativos, risco, governance e cultura, deixa-a preparada para enfrentar os próximos anos com confiança”, refere Paulo Macedo, CEO da Caixa em comunicado à imprensa.

A EBA nota ainda que, apesar das perdas combinadas de 496 mil milhões de euros resultantes de um potencial cenário adverso, “os bancos da União Europeia continuam suficientemente capitalizados para continuarem a apoiar a economia, mesmo em períodos de grande tensão.”

Numa abordagem secundária, o Banco Central Europeu avaliou ainda 41 bancos de menor dimensão que, no cenário adverso, contariam com perdas de capital num montante equivalente a 660 pontos base sobre o rácio CET1.

Desta lista consta o Novobanco que, neste cenário, teria perdas de capital num montante entre 600 e 899 pontos base, colocando o CET1 do banco abaixo da fasquia dos 8% em 2025. “Ao analisar os resultados, deve também ser considerado que o exercício foi realizado com base no balanço estático de dezembro de 2022”, destaca a empresa liderada por Mark Bourke em comunicado.

“Desde então, o Novobanco gerou cerca de 200 pontos base de rácio CET1, sendo o mesmo, atualmente, de 15,1% (fully-loaded), e com uma projeção de geração de capital orgânico de 350 pontos base para o ano de 2023″, justifica o banco, sublinhando ainda que “não espera que o resultado deste teste de stress tenha um impacto negativo nos seus requisitos de capital.”

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