Lucro do BCP dispara mais de 500% para 423 milhões no primeiro semestre
Banco liderado por Miguel Maya registou uma subida de 580% dos lucros para 423,2 milhões de euros no primeiro semestre.
O BCP BCP 0,00% registou lucros de 423,2 milhões de euros no primeiro semestre do ano, uma subida de 580% em relação ao mesmo período do ano passado.
A subida dos juros ajudou no negócio do banco liderado por Miguel Maya na primeira metade do ano, apesar de a atividade na Polónia continuar a pesar nas contas devido ao caso dos créditos em francos suíços.
“O ano está a correr muito bem”, referiu o CEO na apresentação dos resultados semestrais, que “são muito mais condizentes com o que é o banco e o trabalho de preparação para o futuro”, salientou. O bom desempenho abre a porta à distribuição de dividendos no próximo ano, revelou Miguel Maya.
De acordo com o banco, a margem financeira – diferença entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados nos depósitos – somou quase 40% para 1.374,4 milhões de euros, à boleia da subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE). A taxa da margem foi de 3,3% durante os seis primeiros meses do ano. Já as comissões estabilizaram nos 387 milhões de euros.
O banco adianta que sofreu com os efeitos relacionados com o Bank Millennium na Polónia: no primeiro semestre registou encargos de 399,1 milhões associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços, dos quais provisões de 331,6 milhões de provisionamento decorrentes da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia.
O banco polaco enfrenta mais de 18 mil processos individuais em tribunal, sendo que acumula provisões de mais de 1,3 mil milhões.
Por outro lado, ainda em relação ao negócio polaco, teve uma receita extra de 127 milhões com a venda da participação (80%) da Millennium Financial Services – que já havia sido contabilizada no primeiro trimestre.
Grande parte do resultado líquido veio assim da atividade em Portugal, que teve um lucro de 353,7 milhões de euros. Já a Polónia lucrou 77 milhões e a operação em Moçambique 48,5 milhões.
O BCP chegou a junho com ROE (rentabilidade dos capitais próprios) de 16,8%, já acima do objetivo do plano estratégico de 10% – o valor de referência no mercado.
Depósitos e crédito em queda em Portugal
Apesar do crescimento dos resultados, o banco tem menos negócio. Em Portugal, os recursos de clientes (sobretudo depósitos) caíram 1,38% para 66,04 mil milhões de euros no final de junho. Maya destacou não só o impacto da fuga de poupanças para os Certificados de Aforro, mas também das amortizações antecipadas com recurso aos depósitos.
Em termos internacionais, os recursos de clientes dispararam 9,58% para 26,4 mil milhões, compensando, a nível do grupo, as saídas no mercado doméstico.
Em relação ao crédito, a carteira de empréstimos contraiu 1,7 % em Portugal para 39,9 mil milhões e 0,3% nas operações internacionais para 18 mil milhões.
Mais de 700 clientes do BCP com bonificação de juros
Miguel Maya revelou que há mais de 700 clientes a beneficiarem da bonificação dos juros do crédito da casa, sendo que a bonificação média ronda os 37 euros.
O gestor recusou-se a comentar se a medida do Governo é demasiado restritiva ou não – o ministro Fernando Medina anunciou esta semana que a medida vai ser revista para alargar mais famílias. “Isso é um tema que não compete ao banco, é ao Governo [que cabe] considerar se altera ou não. O BCP executa com grande rigor o que está no diploma”.
Quanto às reestruturações, o CEO do banco disse que há 9.000 créditos reestruturados. Mais de 1.800 renegociações foram realizadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 80-A/2022, sendo que as restantes tiveram lugar por iniciativa do banco. Tivemos uma preocupação de analisar a situação de todos os clientes”, disse Miguel Maya, afastando um problema transversal com o crédito da casa em Portugal.
“Olhando para o todo não há nenhum problema, olhando para cada caso há problemas”, sublinhou.
Miguel Maya adiantou ainda que metade de novos contratos da casa celebrados este ano já têm taxa fixa.
(Notícia atualizada às 18h37)
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