Vista Alegre quer pintar vidro com nanopartículas
O projeto DecorGlass é desenvolvido pela Vista Alegre Atlantis em conjunto com a Universidade de Aveiro. Representa um investimento de 1,03 milhões de euros, com um incentivo de 596 mil euros.
Desenvolver uma nova gama de peças de vidro decoradas, cuja coloração é feita de forma homogénea na massa vítrea. É este o objetivo do projeto DecorGlass.
Desenvolvido pela Vista Alegre Atlantis, em conjunto com a Universidade de Aveiro, este projeto representa um investimento de 1,03 milhões de euros, que conta com um apoio do incentivo de 596 mil euros, que traduz “uma taxa de incentivo não reembolsável atribuída a 56,63% sobre as despesas elegíveis aprovadas”, explicou ao ECO, Paulo Pires, presidente da comissão executiva da empresa.
“O apoio dado por parte do Compete [programa operacional das empresas] é crítico a diversos níveis, nomeadamente para o período de duração do projeto, o qual pôde ser alargado por via da existência de um financiamento ao mesmo, o envolvimento de uma equipa mais experiente afeta ao projeto com maior regularidade, e a aquisição de equipamento de suporte relevante aos desenvolvimentos propostos”, precisou Paulo Pires. “Este financiamento irá permitir à VAA a sustentabilidade do investimento necessário para desenvolver” o DecorGlass. Em causa está um investimento elegível de 895 mil euros.
Crítico é também o apoio da Universidade de Aveiro com quem a VAA está a desenvolver este projeto. “Há um desenvolvimento conjunto das técnicas propostas”, mas o desenvolvimento de vidro colorido a partir de nanopartículas está, sobretudo, do lado da universidade de Aveiro. Mas “existem outras técnicas, que obrigam a um desenvolvimento que está a ser levado a cabo maioritariamente por uma equipa especializada da VAA”, afirmou o responsável da empresa que pertence ao grupo Visabeira. “Tudo depende do know-how existente nas diferentes temáticas que este projeto implica, onde as duas entidades estão em constante contacto e interação”, acrescentou, frisando ainda que “a VAA tem um departamento de inovação próprio e que os técnicos incorporados neste projeto fazem parte do quadro da empresa, dedicando parte do seu tempo ao desenvolvimento do DecorGlass”.
A VAA tem um departamento de inovação próprio e os técnicos incorporados neste projeto fazem parte do quadro da empresa, dedicando parte do seu tempo ao desenvolvimento do DecorGlass.
Mas esta parceria não é de agora, “é algo que tem vindo a ser construído ao longo dos últimos anos, tanto ao nível da cerâmica como do vidro, o que faz com que estas iniciativas de trabalho conjunto surjam de modo natural”, defende Paulo Pires. Além da relação de longa data e da proximidade geográfica, que facilita o encontro das equipas, a Universidade de Aveiro é um dos parceiros de eleição — entre universidades, centros tecnológicos, institutos ou fornecedores — pelo seu Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), um laboratório dedicado ao estudo de materiais “uma entidade de renome que consegue entender as necessidades de uma empresa como a VAA e ajudá-la a alcançar as melhores soluções para que possa manter elevados os níveis de competitividade no setor”, diz o responsável.
O grupo, que o ano passado regressou aos lucros, após cinco anos de prejuízos, tem na inovação a grande aposta para manter esta performance e, neste ponto, os fundos comunitários assumem um papel primordial. “Com a ajuda dos fundos comunitários a empresa tem conseguido manter-se a par das mais recentes tecnologias, desenvolver novos produtos, e estudar novas técnicas de fabrico, que lhe vão permitir gerar artigos de maior valor acrescentado, indo assim ao encontro de novos clientes”, afirma Paulo Pires.
É por isso que o grupo Vista Alegre Atlantis, sendo uma grande empresa, só pode ter estes níveis de incentivos porque está a inovar ao nível dos produtos e não apenas dos processos.
E o “mercado externo foi a grande aposta de vendas do grupo em 2016. No seu conjunto, a Vista Alegre registou um crescimento de 3,6 milhões de euros no volume de negócios”, segundo o comunicado da empresa com a divulgação dos resultados de 2016. O mercado externo contribuiu com 64% do volume de negócios. “Com o desenvolvimento de novos produtos, a VAA consegue dar resposta a clientes internacionais com exigências de produto distintas dos nacionais, singrando assim noutros países”, explica o presidente da comissão executiva da VAA.
Outras candidaturas
O projeto da DecorGlass está longe de ser uma estreia da VAA junto dos fundos comunitários.
“Após o projeto DecorGlass, a VAA já submeteu outros projetos, quer de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, quer de Inovação Produtiva, todos eles aprovados: um projeto na porcelana, outro no grés e no cristal e ainda um projeto na faiança”, revela Paulo Pires.
Após o projeto DecorGlass, a VAA já submeteu outros projetos, quer de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, quer de Inovação Produtiva, todos eles aprovados: um projeto na porcelana, outro no grés e no cristal e ainda um projeto na faiança.
Em causa estão, no conjunto, 20,85 milhões de euros de investimento e um incentivo de 9,35 milhões de euros. De destacar, que as Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, que foram compradas pela Visabeira em abril de 2009 por 300 mil euros, só por si recebem um investimento de 7,31 milhões de euros, com um incentivo de 3,21 milhões de euros para apostar “na internacionalização e competitividade”, “para recorrer a novas tecnologias, novos conhecimentos e quadros qualificados, que permitirão, por via da inovação de processos, aumentar a capacidade de produção e alargar a cadeia de valor”.
Mas há mais, alguns até mesmo “em fase de desenvolvimento”, nomeadamente na Ria Stone, outra empresa do grupo Vista Alegre — são dois projetos que no seu conjunto representam um investimento de 17,08 milhões de euros que recebe um incentivo de 7,99 milhões.
E “quanto a novos projetos podemos afirmar que a empresa está sempre a apostar em melhorias da sua produção e nos seus produtos, mas de momento, futuros projetos ainda se encontram em avaliação interna, para posteriormente poderem ser revelados“, concluiu Paulo Pires.
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