EDP tem apenas uma comunidade solar licenciada. 400 estão a aguardar

Há 400 comunidades solares à espera de autorização. "O processo está a demorar vários meses. Há projetos à espera há mais de um ano”, critica a CEO da EDP Comercial.

A Energias de Portugal (EDP) tem apenas uma comunidade solar licenciada, onde se produz e partilha energia renovável, e este processo “demorou quase um ano” a ver a luz do dia. De momento, há outras 400 comunidades de energia a aguardar licenciamento por parte da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), apontou esta quarta-feira a CEO da EDP Comercial. “O processo está a demorar vários meses. Há projetos à espera há mais de um ano”, afirma Vera Pinto Pereira, alegando que este atraso pode comprometer a meta estabelecida de adesão à transição energética até 2030, no âmbito da agenda da descarbonização.

“Hoje temos na EDP cerca de 2.000 destas comunidades em desenvolvimento, 400 já submetidas para pedido de licenciamento e a aguardar, com apenas uma licenciada”, esta última na zona de Lisboa, avançou esta quarta-feira Vera Pinto Pereira. Fê-lo durante a apresentação da unidade de autoprodução de energia do Centro de Produção e Logística do Norte dos Correios de Portugal (CTT), na Maia, onde estão instalados 1800 painéis solares na cobertura do edifício, com capacidade instalada de 1 MWp.

Hoje temos na EDP cerca de 2.000 destas comunidades em desenvolvimento, 400 já submetidas para pedido de licenciamento e aguardar licenciamento, com apenas uma licenciada”, esta última na zona de Lisboa.

Vera Pinto Pereira

CEO da EDP Comercial

Tendo em conta este atraso no licenciamento das 400 comunidades, a CEO da EDP Comercial pede celeridade no processo de licenciamento dos 20 bairros solares dos CTT já existentes e das 20 comunidades de energia que serão ainda criadas no país. “Obviamente, uma parte importante deste projeto com os CTT é que estes 40 bairros solares possam ser licenciados rapidamente para que estes 8.000 vizinhos possam beneficiar o mais rapidamente possível desta energia”, apelou Vera Pinto Pereira. “É um processo que tipicamente tem de ser certificado pelo operador de rede e pela DGEG“, completou.

A CEO da EDP criticou, por isso, o atraso neste processo que pode comprometer metas estabelecidas. “Temos sentido algum atraso. Importa acelerar, porque temos uma agenda de descarbonização para o país extremamente ambiciosa e se quisermos cumprir com a meta que o Governo traçou de 20 GW [gigawatts] de capacidade solar até 2030, estamos a falar de acrescentar por ano 2,5 GW de capacidade de geração solar”. Ou seja, resume, “replicar o que foi feito, até à data, numa base anual, o equivalente a 2.500 instalações como esta”.

O CEO dos CTT, João Bento, e a CEO da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, participam na inauguração da unidade de autoprodução de energia da Maia, um projeto que vai permitir, através da criação de comunidades de energia – Bairros Solares -, partilhar benefícios com famílias e empresas da região.JOSÉ COELHO/LUSA

Para a CEO da EDP Comercial, “é absolutamente fundamental acelerar esse processo para poder ter estas instalações e levar esta energia, de forma exponencial, a todas as entidades que circundam coberturas como estas”, referindo-se à unidade de autoprodução de energia da Maia. E cuja certificação o CEO dos CTT, João Bento, também espera ser célere, para abranger depois as 850 famílias e empresas circundantes.

Por agora, 40% das necessidades energéticas diárias daquele edifício estão a ser abastecidas por energia renovável. Só quando terminar o processo de licenciamento é que esta central se vai tornar num bairro solar EDP/CTT. “Temos uma maior capacidade de produção do que aquilo que conseguimos consumir”, destacou o CEO dos CTT. Por isso mesmo, frisou João Bento, “assim que esteja licenciada a comunidade de energia, que já está a permitir o consumo por parte dos CTT, irá também permitir o consumo por parte de cerca de 850 famílias e empresas”, sendo esta unidade de autoprodução transformada num bairro solar.

Para o gestor dos CTT, “este é um projeto de enorme importância para os CTT, não só porque reforça o caminho em matéria de sustentabilidade, como permite fortalecer os laços de proximidade com as comunidades, que passam a ter acesso a uma energia limpa e mais económica“.

A administradora da EDP realça, por sua vez, que “esta figura das comunidades de energia — a que a EDP chama de bairros solares –, tem um valor importante, na medida em que torna esta transição energética mais democrática. E permite trazer para a agenda da descarbonização, seja as empresas e entidades com capacidade e espaço para fazer este tipo de instalações, seja aqueles que não têm, por qualquer razão, essa capacidade, esse espaço e que podem, através desta lógica da comunidade de energia, beneficiar dessa energia“.

Temos uma maior capacidade de produção do que aquilo que conseguimos consumir.

João Bento

CEO dos CTT

A EDP prevê investir até 2026 cerca de 2,5 mil milhões de euros na geração solar descentralizada “para fazer crescer aquilo que é hoje uma capacidade de geração solar desta natureza já de 1,6 GW, a nível global, nos países e regiões onde a EDP opera” — Europa, América do Norte, Brasil e Ásia. Aliás, realçou, “na Península Ibérica, mais de 100.000 famílias e cerca de 2.000 empresas que já aderiram a este tipo de soluções“.

Por isso mesmo, a gestora considera que este projeto com os CTT para a instalação de centrais de produção de energia solar em mais de 40 localizações, se “reveste de uma dimensão, ambição e de um formato especialmente valioso, seja pela instalação de 1800 painéis [no edifício da Maia], seja pelo seu excedente ser partilhado com famílias e empresas”. No total das instalações do projeto, espalhadas pelo país, vai haver capacidade para fornecer eletricidade a 8.000 famílias e empresas, e gerar poupanças na conta da luz de até 35%.

Podem aderir a estes bairros solares famílias e empresas que se encontrem na vizinhança destas localizações, que podem ser consultadas em edp.pt/bairro-solar. O investimento, manutenção e operação dos painéis serão feitos pela EDP, tal como todo o processo de angariação dos vizinhos e gestão destas comunidades.

Principais números do projeto Bairros solares EDP/CTT

  • 20 centrais solares em autoprodução. A maioria aguarda licenciamento para se tornar uma comunidade de autoconsumo coletivo/bairro solar
  • vizinhos terão poupanças de até 35% na energia solar consumida mensalmente
  • 8 mil famílias ou empresas de todo país beneficiadas
  • parceria vai evitar a emissão de 1.600 toneladas de CO2 para a atmosfera

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