Lagarde afasta cortes das taxas de juro até abril, pelo menos. Ministros do Euro “compreenderam bem a explicação do BCE”
Presidente do BCE anunciou no Eurogrupo que está confortável com o atual nível das taxas de juro, mas alertou, mais uma vez, que os governos precisam de se focar no equilíbrio das contas.
Christine Lagarde está confiante de que o atual nível das taxas de juro é suficiente para trazer a taxa de inflação para os 2% no segundo semestre de 2025, como é agora antecipado pelo Banco Central Europeu (BCE).
À margem do Eurogrupo, que esta sexta-feira está a decorrer em Santiago de Compostela, a presidente do BCE referiu que está “confortável com o nível atual das taxas” e que vê “o objetivo da inflação atingido no segundo semestre de 2025.” E para alcançar essa meta, Lagarde clarifica que as taxas deverão manter-se elevadas por algum tempo. “O nível [das taxas] e o período de tempo serão significativamente importantes”, assume.
Além disso, salientou que o aumento das taxas de juro anunciado na quinta-feira não foi uma “subida dovish e que não exclui decisões futuras” por parte do Conselho de Política Monetária do BCE. Com isto, Lagarde pretende passar a mensagem de que as decisões do Conselho do BCE continuarão a ser tomadas com base nos dados económicos (data dependent), sempre com o intuito de controlar a inflação na Zona Euro.
Os ministros da Zona Euro compreenderam bem a explicação do BCE para a subida das taxas (…) Não vi qualquer questionamento da decisão.
No entanto, a líder da autoridade monetária da Zona Euro foi taxativa quanto a possíveis cortes das taxas diretoras, afastando, para já, esse cenário. “Uma redução das taxas na reunião de abril não seria coerente com o cenário macroeconómico do BCE”, referiu Lagarde esta sexta-feira, além de confessar que na última reunião do BCE não foi sequer discutida a realização de cortes das taxas no futuro.
Desde que foi conhecido o décimo aumento das taxas de juro do BCE que surgiram críticas por parte de vários governantes europeus quanto ao papel do BCE da sua política monetária. Marcelo Rebelo de Sousa foi uma dessas vozes. O Presidente da República classificou a decisão do BCE como “muito rígida” e disse que a linha seguida pelo BCE é como “um colete de forças europeu” e “uma dor de cabeça para todos os governos e para todos os cidadãos europeus”.
Seguiram-se também críticas por parte dos governos de Espanha e Itália, que já esta sexta-feira, através de alguns dos seus membros, vincaram o erro de aumentar as taxas de juro num período em que a economia europeia está a arrefecer.
Apesar destas críticas, Lagarde referiu que “os ministros da Zona Euro compreenderam bem a explicação do BCE para a subida das taxas”, sublinhando que, durante o Eurogrupo, “não [viu] qualquer questionamento da decisão”.
Além disso, reforçou novamente a necessidade da política orçamental e fiscal dos países funcionar em comunhão com a política monetária do BCE, para que a inflação possa baixar para os níveis pretendidos e a política monetária não tenha de ser ainda mais agressiva.
Para Lagarde, isso significa que os governos têm de retirar progressivamente os apoios à economia e centrarem-se no equilíbrio das suas contas públicas. “Os governos da União Europeia devem focar-se em cortar o défice e a dívida”, concluiu Lagarde.
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