Os três responsáveis pela crise? Poder político, banca e troika, diz Rui Rio
Rui Rio recusou-se a comentar a polémica entre o atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o Partido Socialista.
O ex-presidente da câmara do Porto Rui Rio, atribuiu esta segunda-feira a responsabilidade da crise económica em Portugal ao poder político, à banca e à ‘troika’ e lamentou que o país não tenha sabido aproveitar a “adesão histórica” ao euro.
“O grande responsável, na minha opinião, dos erros que foram cometidos ao longo dos anos e que nos trouxeram até aqui é seguramente o poder político. O poder político é aquele que tem um conjunto maior de más decisões tomadas, ou por omissões tomadas, que nos conduziram até aqui”, declarou Rui Rio, à margem de uma conferência que deu no Porto sobre o tema “Portugal as razões de uma crise económica”.
"O poder político é aquele que tem um conjunto maior de más decisões tomadas, ou por omissões tomadas, que nos conduziram até aqui.”
Para o economista, ex-presidente da Câmara do Porto e antigo vice-presidente do PSD, o segundo culpado pela crise em Portugal foi “claramente a banca”, que foi “muito mal gerida durante muitos anos em Portugal” e cuja “dimensão dos erros foi brutal”.
A entrada da ‘troika’ (designação atribuída à equipa composta pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), foi outra das razões apontadas por Rui Rio para explicar a crise económica vivida em Portugal, não por ser diretamente culpada pela crise, mas por ter tido uma “performance” e ter imposto “medidas” que “não resultaram” da forma como a própria ‘troika’ explicou que ia resultar.
"[A troika] entrou com uma altivez que nos ia ensinar tudo e que nos ia ensinar como as coisas se fazem e ia fazer as coisas direitas e não foi bem assim e os indicadores do pós-troika não merecem que nós possamos bater palmas à ‘troika’.”
“Entrou com uma altivez que nos ia ensinar tudo e que nos ia ensinar como as coisas se fazem e ia fazer as coisas direitas e não foi bem assim e os indicadores do pós-troika não merecem que nós possamos bater palmas à ‘troika’. Portanto, ela tem, nesta parte final, algum nível de responsabilidade, porque não soube encontrar as soluções mais capazes e eficazes para a economia portuguesa”, defendeu.
Um outro erro “grave” de Portugal, e talvez o primeiro que cometeu, para a crise económica, é que o país na segunda parte da década 90 não soube “aproveitar as oportunidades históricas da adesão ao euro”, algo que só acontece de 300 em 300 anos e que foi uma “adesão histórica”, referiu ainda Rui Rio, insistindo que a adesão ao euro foi quase equivalente à altura dos Descobrimentos.
No início da palestra, Rui Rio sublinhou também que “a grande crise que Portugal tem, mas a Europa também, não é económica, é uma crise política”.
“O regime não se adaptou à nova sociedade e está desgastado. A maior parte dos erros relaciona-se com as decisões políticas erradas ao longo dos últimos 41 anos”, sustentou.
Questionado pelos jornalistas sobre a polémica entre o atual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o Partido Socialista, Rui Rio escusou-se a comentar, argumentando que, desde que saiu da Câmara do Porto, no dia 22 de outubro de 2013, nunca mais falou em público sobre aquela autarquia.
“Vou manter isso, o que é eticamente mais aceitável (…). Não vou opinar sobre questões ligadas à Câmara do Porto. Vou manter a tradição (…), aquilo que me impus a mim mesmo de, durante pelo menos o mandato que se sucede aos meus mandatos, emitir opinião pública”, declarou à margem da conferência que deu esta tarde no Porto, na Fundação Cupertino Miranda, no âmbito do 2.º aniversário da Pro.Var, uma associação de restauração.
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