Metade dos jovens desempregados não está inscrita nos centros de emprego

Observatório do Emprego Jovem recomenda, num estudo feito para o IEFP, que se lancem campanhas que incentivem os jovens a registarem-se no IEFP. Hoje metade dos jovens desempregados não está inscrita.

Cerca de metade dos jovens desempregados não está inscrita nos serviços públicos de emprego. Tal significa que, ainda que não tenham um posto de trabalho, esses indivíduos não estão a receber subsídios. A conclusão consta de um estudo feito pelo Observatório do Emprego Jovem para o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que adianta a principal causa de desemprego entre os trabalhadores com idades mais tenras é o fim dos contratos a termo certo.

“Existe uma elevada percentagem de jovens desempregados que não está inscrita no serviço público de emprego. Em 2022, cerca de metade dos jovens desempregados não estava inscrita, correspondente a 50,5% dos jovens à procura de primeiro emprego e 50,7% dos que procuram novo emprego“, lê-se no estudo, que será apresentado esta quinta-feira.

Essa análise pretende caracterizar o jovem desempregado português, considerando que “as características educacionais são muito importantes” para descrever estes jovens com 15 a 29 anos, que estão à procura do primeiro emprego ou à procura de um novo emprego.

Assim, o estudo começa logo por destacar que, entre os jovens desempregados, “existe uma percentagem elevada de menos escolarizados“. Em detalhe, cerca de três em cada dez tinham concluído no máximo o terceiro ciclo do ensino básico, ou seja, o 9.º ano.

Por outro lado, cerca de metade dos jovens desempregados tem o secundário concluído (47%), “com maior presença da via profissionalizante (28,5%)”. Já 13,9% do total de jovens desempregados completou o ensino secundário nas vias gerais.

Quanto aos desempregados com formação superior (licenciatura), há algumas áreas que se destacam pela maior incidência de desemprego, aponta o estudo feito para o IEFP. São elas as artes e humanidades, as ciências sociais, informação e jornalismo, e as ciências empresariais e direito.

“Na formação relativa a mestrados ou doutoramentos, surgem também as áreas da educação, ciências naturais, matemática, engenharias e saúde e proteção social”, salienta o Observatório do Emprego Jovem, que é uma unidade de investigação do ISCTE.

Pior, as habilitações académicas têm um impacto direto na experiência de desemprego desses jovens. Os menos qualificados são os que procuram emprego durante mais tempo. E a diferença de tempo de procura entre os menos e os mais qualificados “tem vindo a aumentar”, denuncia o estudo.

Perante este retrato, o Observatório do Emprego Jovem faz uma série de recomendações. Aconselha, por exemplo, a criação de oportunidades de formação em contexto de trabalho para os menos qualificados, mas também a melhorar a atratividade dos cursos profissionais. Recomenda ainda a aposta em programas de reskilling, que permitam aos jovens mudar de área profissional.

E para responder à grande fatia de desempregados que não estão inscritos no IEFP, os investigadores do ISCTE sublinham que é preciso desenvolver campanhas que incentivem os jovens a fazer esse registo. “A prioridade devem ser os jovens à procura do primeiro emprego”, frisam os especialistas, que defendem ainda que as políticas de emprego devem privilegiar cada vez mais as relações de trabalho estáveis. Isto de modo a desincentivar a precariedade que tantos jovens atira hoje para o desemprego.

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