Vírus: Pelo menos 35.000 euros pagos em resgates
O ataque informático desta sexta-feira já terá rendido pelo menos 35.000 euros em resgates aos atacantes, apurou o ECO. Empresas e consumidores em alerta máximo esta segunda-feira.
O ataque informático desta sexta-feira, que afetou cerca de 200.000 máquinas em todo o mundo, já terá rendido aos atacantes pelo menos 35.000 euros, apurou o ECO junto de um especialista em segurança informática. O dinheiro resulta dos resgates pagos pelas vítimas para recuperarem os dados bloqueados por um vírus que se disseminou por mais de 150 países, Portugal incluído.
“Aparentemente, à volta de 35.000 euros já foram pagos em resgates”, disse Francisco Rente, head of cybersecurity da DogNaedis, uma empresa de cibersegurança da Prosegur, recorrendo a monitorização das “wallets onde os atacantes estão a pedir o resgate”, explicou. E acrescentou: “Não dá para fazer rastreio. Simplesmente, sabe-se que houve um conjunto de depósitos na wallet. O modelo da bitcoin é bom precisamente por causa disso.”
“Em Portugal ainda não há dados concretos mas, garantidamente, devem passar das 10.000” máquinas infetadas por esta estirpe do vírus WannaCry. “Neste momento, o que nos parece é que Espanha terá sido, em proporção, um dos países mais afetados”, apontou. Questionado sobre se existem indícios que permitam indicar a origem do ataque, Francisco Rente disse: “Não. Há várias teorias, mas neste momento as pessoas estão é preocupadas em conter a invasão. Depois, mais tarde, já numa ótica de post-mortem, é que essa situação será analisada.”
Novo ataque? “Certamente irá acontecer”
O ECO falou também com Sérgio Martins, diretor executivo de advisory-cybersecurity da EY, que referiu que, esta manhã, é “natural” que surjam novas ocorrências com a eventual ligação de computadores externos às redes das empresas. O especialista recordou também que “depois de infetar a máquina, [o vírus] pode propagar-se pela rede”. “Estamos em contacto com os nossos clientes”, acrescentou.
Questionado sobre se conhece alguma situação em que o vírus tenha provocado danos mais sérios em Portugal, Sérgio Martins disse ser “informação confidencial”. E acabou por dar algumas sugestões para as empresas que tenham sido vítimas deste problema: devem “recolher e preservar todas as evidências do ataque” para posterior análise forense, bem como ativar os planos de contenção e de “reposição de backups“.
Sobre se um ataque destas dimensões se pode repetir no futuro, Sérgio Martins referiu que “certamente isso irá acontecer”. Por agora, “a prioridade é mitigar o problema nos sistemas operativos”, concluiu.
Negligência na base do ataque
O resto desta história já se sabe. O ataque informático desta sexta-feira foi provocado por um vírus informático da estirpe WannaCry e infetou mais de 150 países. Em Portugal, os casos mais mediáticos foram a PT (vários computadores infetados) e o ministério da Saúde (que desativou o sistema de e-mail para conter o ataque).
É ainda um típico caso de ransomware, em que os dados dos utilizadores são bloqueados e é pedido um resgate para que a chave de desbloqueio seja fornecida. O resgate pedido é de 300 dólares em bitcoin. As autoridades reiteram que o resgate não deve ser pago para não se incentivar a disseminação deste tipo de atividade criminosa. O vírus infeta apenas computadores Windows cujos sistemas estejam desatualizados.
Utilizadores e empresas estão esta segunda-feira em alerta máximo. A administração pública portuguesa foi alertada para que tenha máxima cautela ao abrir os computadores esta manhã, tendo em conta que, na sexta-feira, houve tolerância de ponto por causa da vinda do Papa a Fátima. Para já, ainda não há registo oficial de ocorrências.
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