Fraude de ex-gestor em Espanha. Novobanco obrigado a caução de 19 milhões concedida por outro banco
Um antigo gestor do Novobanco em Espanha terá burlado 80 clientes em 50 milhões. Tribunal obrigou o banco a apresentar uma caução de 19 milhões concedida por terceiros.
O Novobanco foi obrigado a prestar uma caução de 19 milhões de euros por conta de uma fraude milionária cometida por um antigo gestor de um balcão em Espanha. O banco português tentou que fosse ele próprio a assegurar essa fiança, mas o pedido foi agora rejeitado pelo tribunal espanhol. A caução terá de ser concedida por uma terceira parte, determinou a juíza que acompanha este caso cujo ator principal – Jacobo Vidal, ex-gestor da agência da cidade de Santander – foi comparado ao “Lobo de Wall Street”.
Este caso foi descoberto no início de 2020. Através de um esquema de pirâmide, que terá durado mais de uma década, Jacobo Vidal terá burlado 80 clientes da região de Santander em cerca de 50 milhões de euros. Entretanto, já foi despedido do banco, depois de ter revelado o esquema às autoridades, logo após o Novobanco ter encerrado aquele balcão.
Na altura, o então CEO António Ramalho deslocou-se ao país vizinho para se inteirar dos acontecimentos e tomou diretamente conta deste dossiê desde a primeira hora. O banco avançou com auditorias interna e forense para apurar responsabilidades, cujos resultados ainda não são conhecidos, pelo menos publicamente.
Seguiu-se o processo em tribunal da parte dos clientes afetados pela fraude e no qual o Novobanco surge na dupla condição de acusador (contra o ex-funcionário) e de responsável subsidiário. E por conta disso foi obrigado, em 2021, a apresentar uma fiança de 19 milhões de euros. O banco queria dar ele próprio essa garantia por uma eventual responsabilidade sua nesta fraude. A outra parte recorreu porque essa fiança deveria ser concedida por um terceiro. No mês passado, a juíza responsável por este caso rejeitou as pretensões do banco português, de acordo com o jornal Europa Press (acesso livre, conteúdo em espanhol).
Jacobo Vidal está a ser investigado por fraude, falsificação de documentos e gestão desleal, mas também o Novobanco está a ser investigado. Quando transmitiu as irregularidades perante o Ministério Público e admitiu-as no tribunal, aquele antigo gestor implicou também o banco porque sabia o que fazia e “olhava para o lado” devido às vantagens que a sua atividade lhe trazia, conta o mesmo jornal.
Prometia juros de 14%, vítimas reclamam 50 milhões
As vítimas de Jacobo Vidal são sobretudo famílias abastadas daquela região do Norte de Espanha, e outros empresários com quem o ex-banqueiro tinha trabalhado no passado. Reclamam 50 milhões de euros. Estes clientes com grandes fortunas foram atraídos pela promessa de retornos de investimento até 14%. As poupanças eram aplicadas em produtos de risco, e Jacobo Vidal foi ocultando as perdas, pagando os juros com o dinheiro dos novos clientes.
Logo na altura, o Novobanco disponibilizou-se em devolver o capital aplicado, mas não os juros prometidos pelo ex-gestor, segundo relatou a imprensa local. Mas o caso é complexo. O banco escuda-se no facto de algumas das vítimas terem um perfil de investidor mais sofisticado e com conhecimentos financeiros suficientes para terem suspeitado dos elevados retornos que Jacobo Vidal prometia.
Entretanto, o Novobanco Espanha foi vendido ao Abanca em 2021, mas as contingências relacionadas com este caso permaneceram na esfera do Novobanco, que não comenta os últimos desenvolvimentos deste processo.
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