Excedente comercial de Portugal piorou no início do ano

A balança comercial de bens piorou e os serviços não chegaram para compensar. A posição de investimento internacional de Portugal melhorou assim como a atividade económica e o clima económico.

Depois de, no ano passado, a economia portuguesa ter atingido o maior excedente comercial de sempre, o primeiro trimestre desde ano traz más notícias. Segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, o excedente comercial de Portugal baixou nos primeiros três meses de 2017. Em causa está o agravamento do défice no comércio internacional de bens que não foi compensado pela melhoria do saldo comercial de serviços.

A balança de bens piorou quase 200 milhões de euros no primeiro trimestre, face ao mesmo período do ano passado. Em sentido contrário, a balança de serviços melhorou 163 milhões de euros, o que não foi suficiente para compensar esse efeito. Assim, o saldo comercial piorou em 54 milhões de euros face ao primeiro trimestre de 2016, fixando-se nos 72 milhões de euros.

“Os saldos da balança de bens e da balança de serviços apresentaram evoluções diferenciadas, tendo sido o aumento do saldo da balança de serviços insuficiente para compensar o aumento do défice da balança de bens“, explica o Banco de Portugal esta quinta-feira. Tal como divulgou o Instituto Nacional de Estatística, até março, as exportações de bens aumentaram 16,7% e as importações de bens subiram 15,9%. Como as importações têm uma base maior, essa percentagem significou em termos nominais um valor superior ao das exportações, piorando o saldo.

O efeito exatamente oposto verificou-se nas exportações de serviços (+11%) e nas importações de serviços (+13,3%). Como a base das exportações de serviços é maior, ainda que a percentagem de aumento tenha sido menor, em termos nominais o valor foi superior. Dessa forma, o contributo positivo dos serviços para o saldo comercial foi ainda maior no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período de 2016. Um dos maiores contributos foi, mais uma vez, o turismo: “Na balança de serviços, o excedente da rubrica “Viagens e turismo” aumentou 160 milhões de euros, fixando-se em 1270 milhões de euros“, escreve o Banco de Portugal.

Já a posição de investimento internacional de Portugal melhorou 1,3 pontos percentuais no arranque do ano. Além disso, a dívida externa líquida diminuiu 2,9 mil milhões de euros nestes primeiros três meses: “Em percentagem do PIB, a dívida externa líquida reduziu-se em 4,6 pontos percentuais tendo passado de 96,5 por cento, em final de 2016, para 91,9 por cento, no primeiro trimestre de 2017”, explica o Banco de Portugal.

O excedente externo da balança de pagamentos aumentou graças à balança corrente e de capital, uma vez que a balança comercial e de rendimento primário contribuíram negativamente. O Banco de Portugal escreve que “no primeiro trimestre de 2017, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital situou-se em 583 milhões de euros, tendo aumentado 351 milhões de euros em comparação com o mesmo período de 2016”.

Atividade e clima económico continuam a aumentar

Também esta quinta-feira, o Instituto Nacional de Estatística revelou, na Síntese de Conjuntura, que o indicador de clima económico aumentou entre janeiro e abril, depois de ter diminuído nos três meses anteriores. A atividade económica também recuperou em março, “após ter interrompido no mês anterior o perfil positivo observado desde agosto”, escreve o INE, referindo que a agenda pode ter sido influenciada pelo facto de a Páscoa ter sido celebrada em março em 2016 e em abril em 2017.

De realçar que a nível de investimento, o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) acalmou. “O indicador de FBCF estabilizou em março, interrompendo a expressiva trajetória ascendente iniciada em junho de 2016“, explica o INE, referindo que “no último mês, as componentes de material de transporte e de máquinas e equipamentos apresentaram um contributo positivo menos acentuado, o que foi compensado pelo comportamento da componente de construção, que registou um contributo positivo mais intenso”.

Estes indicadores mostram a tendência que poderá ser refletida no Produto Interno Bruto. No início desta semana o INE revelou que nos primeiros três meses o PIB aumentou 2,8%, algo que não acontecia desde 2000.

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