Mota-Engil liquida empréstimo milionário para entrar em grupo industrial espanhol

Através da filial mexicana e em parceria com a Prodi, grupo português completa injeção de 90 milhões na cotada Duro Felguera. Segue-se um aumento de capital e o pedido ao regulador para evitar OPA.

A Mota-Engil e grupo mexicano Prodi acabam de completar a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que em 2021 recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros. Depois dos primeiros 30 milhões em outubro, desembolsaram esta semana a segunda tranche de 60 milhões de euros.

Numa assembleia geral extraordinária realizada em abril, 98% dos acionistas tinham já aprovado a realização de um aumento de capital de 90 milhões de euros através de um empréstimo da Mota-Engil México (40 milhões) e do grupo industrial mexicano especializado em projetos de infraestruturas públicas (50 milhões), que detém também uma participação de 49% na filial do grupo português.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota Engil, em entrevista ao ECO - 06NOV23
Carlos Mota Santos, CEO da Mota-EngilHugo Amaral/ECO

Segundo um comunicado enviado à comissão do mercado de valores do país vizinho (CNMV), a Mota e a Prodi vão pedir a isenção de lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) pela totalidade da empresa das Astúrias. É que, em conjunto, ficarão com cerca de 55% do capital, bem acima dos 30% exigidos pelo regulador. Assim que estiver concretizada a operação para capitalizar os empréstimos, a Prodi ficará com cerca de 31% e a Mota-Engil México com até 24%.

Fundada em 1858, a Duro Felguera, sediada no Parque Científico e Tecnológico de Gijón, começou na siderurgia e na extração de carvão, mas está hoje especializada na implementação de projetos para os setores energético e industrial, assim como na fabricação de equipamentos. Está estruturada em várias unidades de negócio, desde as energias convencionais às renováveis e ao hidrogénio verde, passando pela mineração, petróleo e gás, instalações industriais, segurança digital e sistemas logísticos.

Em fevereiro, quando a Duro Felguera anunciou à CNMV a assinatura do memorando de entendimento para um financiamento total de 90 milhões de euros, sublinhou que a Mota-Engil México e com o grupo Prodi pretendiam tornar-se “sócios industriais de forma permanente”, comprometendo-se a manter as suas participações por um período mínimo de quatro anos.

A captação de sócios industriais tinha sido precisamente uma das condições impostas à empresa asturiana – no primeiro semestre do ano registou lucros de 1,6 milhões de euros e um volume de negócios de 141,1 milhões – para poder receber apoios do Estado espanhol ao abrigo do chamado Fundo de Apoio à Solvência de Empresas Estratégicas (FASEE).

Em 2023, tal como no ano passado, a América Latina será a região que mais irá contribuir para o volume de negócios consolidado da Mota-Engil, continuando o México a ser o mercado com maior peso dentro do grupo. “E vai manter o nível de atividade para 2024 e, perspetivamos, para 2025, eventualmente com reequilíbrio entre mercados. Ou seja, provavelmente com o crescimento do Brasil nos próximos dois anos”, estimou o presidente executivo Carlos Mota Santos, em entrevista ao ECO.

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