Marisa Matias: “Quem tem capitalizado mais a geringonça tem sido o PS”
Marisa Matias disse que é o PS quem mais tem "capitalizado" com a 'geringonça'. E considerou que o Governo deveria ter tomado outra atitude no caso do Novo Banco, como a nacionalização.
Marisa Matias, eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), diz que “quem tem capitalizado mais a geringonça tem sido o PS”. Numa entrevista à edição de fim de semana do jornal i [ligação indisponível], a também candidata às Presidenciais no ano passado, quando confrontada com a hipótese de os socialistas já não precisarem de apoios à esquerda, considera que “o PS a governar sozinho, até agora, significou a obediência total à UE [União Europeia] e com políticas liberais”, o que “levaria a um grande afastamento das pessoas”.
“O Governo devia ter feito toda a força possível no caso do Novo Banco, como do Banif, com o mesmo empenho que com a CGD. Apesar de não ser uma solução perfeita, na Caixa evitou-se aquilo que era a solução única, apresentada por Bruxelas, de privatizar. No caso do Novo Banco, depois de lá gastarmos muitos milhares de milhões de euros, a melhor solução que servia o país seria a nacionalização”, defendeu. E acrescentou: “Este confronto com Bruxelas tem de ser permanente para se conseguir fazer mais coisas.”
"No caso do Novo Banco, depois de lá gastarmos muitos milhares de milhões de euros, a melhor solução que servia o país seria a nacionalização.”
Sobre o BE ter defendido o euro e agora falar de uma saída da União Europeia, Marisa Matias referiu que “continuará a haver posições diferentes no Bloco sobre essa matéria”. “É com essa diversidade de posições que eu vivo bem”, sublinhou. Recorde-se que, na última convenção do partido, a líder do partido, Catarina Martins, propôs referendar a saída de Portugal do euro. Sobre a sua posição, Marisa Matias referiu: “A coerência que temos de ter é no valores e nos princípios, não é dizer 20 anos seguidos as mesmas palavras.”
"É verdade que em relação ao euro houve uma evolução da nossa parte, mas ela acompanhou uma evolução mais global.”
Na entrevista, a eurodeputada bloquista referiu ainda que a intervenção do Papa Francisco no Parlamento Europeu “foi provavelmente a intervenção mais à esquerda” que aquele parlamento “alguma vez teve oportunidade de ouvir”. “Fez um discurso muito centrado na luta contra a austeridade, sobre o cinismo da UE no tratamento dos refugiados e sobre as questões da pobreza.”
Marisa Matias aproveitou ainda a entrevista para criticar o antigo colega de bancada Rui Tavares. Questionada se está de acordo com a divisão do conflito político na UE entre “cosmopolitas favoráveis à Europa e nacionalistas xenófobos”, a bloquista disse achar que “a realidade é muito mais complexa do que isso”. “Não acho possível fazer um combate político nesses termos”, acrescentou.
"“A coerência que temos de ter é no valores e nos princípios, não é dizer 20 anos seguidos as mesmas palavras.”
Concluiu, assumindo não estar “nada otimista” em relação à esquerda na Europa, muito devido ao que “se passou na Grécia”. “Não vale a pena varrer as coisas para debaixo do tapete, foi um grande golpe na esquerda europeia”, indicou a eurodeputada.
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