Autor do ataque de Manchester não terá agido sozinho
O atentado em Manchester causou 22 mortos e 59 feridos. A polícia já identificou o atacante. Há três suspeitos presos. O Daesh reivindicou o atentado. O país está em alerta máximo.
Vários mortos e feridos. É este o resultado da explosão que se verificou na Arena de Manchester, em Inglaterra, enquanto decorria o concerto da cantora norte-americana de 23 anos, Ariana Grande, por volta das 22h30 de segunda-feira. Não há indicação de haver portugueses entre as 22 vítimas mortais e foram detidos três suspeitos. O Daesh reivindicou o atentado. O Reino Unido elevou o estado de alerta para “crítico”.
O atentado, levado a cabo por Salman Abedi, um jovem de 22 anos, filho de pais líbios, resultou na morte de 22 pessoas, entre as quais crianças e o próprio atacante. Na explosão ficaram feridas 64 pessoas, 20 das quais permaneciam esta quarta-feira em “estado crítico”, adianta a Lusa. Abedi, nascido na área de Manchester, residia no apartamento de Fallowfield, no sul de Manchester, onde horas antes a polícia procedeu a uma explosão controlada.
Segundo a Reuters este será o atentado mais mortífero em solo britânico desde que quatro britânicos muçulmanos mataram 52 pessoas num atentado suicida no sistema de transportes públicos londrino em julho de 2005.
O Reino Unido elevou o estado de alerta para “crítico”, na noite de terça-feira, o que corresponde ao nível máximo na escala e que traduz o facto de o país estar sob “ameaça iminente” de um novo atentado. Até então, o Reino Unido estava no segundo nível de alerta “grave”, o segundo mais elevado, o que significava que as autoridades consideravam como altamente provável um ataque terrorista. A unidade britânica contra-terrorismo revelou que, em média, estão a deter uma pessoa por dia, por suspeitas de envolvimento em atos terroristas.
O esforço das autoridades logo após o atentado foi perceber se este tinha sido levado a cabo por um só homem, ou antes por um grupo terrorista. E se inicialmente tudo apontava para o ato de um homem só, esta manhã, a ministra britânica do Interior, Amber Rudd, disse que parece que Salman Abedi, não terá agido sozinho. “Parece provável, possivelmente, que ele não estava a agir sozinho, por isso, os serviços de inteligência e a polícia estão a seguir as suas pistas, de forma a garantir que percebem toda a informação… de que necessitam para nos manter seguros”, disse Rudd à rádio da BBC.
Parece provável, possivelmente, que ele não estava a agir sozinho, por isso, os serviços de inteligência e a polícia estão a seguir as suas pistas, de forma a garantir que percebem toda a informação.
Questionada sobre se o autor do atentado era conhecido dos serviços secretos disse que “os serviços secretos conhecerão muita gente, mas isso não significa que seja expectável que detenham toda a gente que conhecem”. “Mas é alguém que já conheciam e estou certa que quando esta investigação estiver terminada saberemos mais”, acrescentou.
A polícia britânica revelou que deteve, primeiro, um jovem de 23 anos, relacionado com o atentado suicida. “Podemos confirmar que detivemos um jovem de 23 anos no sul de Manchester”, anunciou o comando de Manchester no Twitter.
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Horas depois foram feitas mais duas detenções, confirma a polícia no Twiter, mais uma vez, em dois locais diferentes: Whalley Range e Fallowfield.
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Logo após a primeira detenção o Daesh reivindicou o atentado. De acordo com a Reuters, o Daesh revela que o ataque foi perpetrado através de um engenho colocado no Manchester Arena, durante o concerto. Mas, alguns peritos citados pela agência consideram difícil que tenha sido o Estado Islâmico, que agora opera a partir de territórios na Síria e no Iraque. Frisaram que não há sinais que apontem para o envolvimento direto desta organização terrorista e que os detalhes contraditórios na reivindicação do atentado levantam a suspeita de que não sejam de facto os autores.
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A polícia continua a apelar para que as pessoas evitem o centro da cidade para permitir que as forças de emergência possam atuar. E o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan anunciou um reforço das forças policiais destacadas nas ruas de Londres.
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Com o aumento do nível de alerta, esta quarta-feira foram mobilizados soldados para locais-chave no Reino Unido para evitar novos ataques. “Esta é uma investigação acelerada e continuamos a ter no terreno um número significativo de recursos”, disse o número dois da política de Manchester, Ian Pilling. Numa declaração, o responsável explicou que “aumentar o nível de alerta ajuda a investigação em curso”.
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A polícia de Manchester voltou a fazer um ponto de situação, tendo confirmado que deteve três suspeitos durante a noite. A polícia entrou também num edifício na cidade através de uma explosão controlada. As autópsias aos corpos vão demorar entre quatro a cinco dias a serem concluídas. “O nível de investigação é intenso e vai prosseguir a um ritmo acelerado”, garante a polícia, referindo que o autor do atentado fazia parte de uma rede.
O chefe do departamento de Manchester, Ian Hopkins, confirmou que uma das vítimas era polícia. As atrações turísticas de Londres estão fechadas, incluindo o Palácio de Buckingham e o Palácio de Westminster.
Em entrevista à rádio BBC Radio 4, a ministra britânica do Interior, Amber Rudd, disse estar “irritada” com os leaks do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, que anteciparam as revelações da investigação fruto do ataque em Manchester. “A polícia britânica tem sido bastante clara que quer controlar o fluxo de informação de forma a proteger a integridade operacional e o elemento de surpresa”, disse a ministra.
O pânico após a explosão
Uma jovem citada pela Reuters conta que sentiu uma enorme explosão quando estava a sair do recinto, a que se seguiram gritos e milhares de jovens a correr para tentar sair do edifício. No Twitter há vários vídeos que mostram o pânico após a explosão.
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A cantora pop, que está em digressão com a “Dangerous Woman Tour”, não estava em palco quando se deu a explosão. No concerto estavam mais de 21 mil fãs de Ariana Grande, cantora que vai passar também por Lisboa.
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As autoridades elevaram o nível de alerta para o estado crítico. É o mais elevado que pode existir, levando todas as forças de segurança para o terreno.
Entretanto, a campanha para as legislativas antecipadas no Reino Unido, a 8 de junho, foi suspensa. A primeira-ministra britânica, Theresa May, cancelou as ações de campanha previstas para hoje. Theresa May presidiu esta manhã a uma reunião da Comissão Cobra, que é acionada em situações de crise e inclui representantes de forças da polícia e de outras autoridades.
“Esperam-nos dias difíceis à nossa frente”, diz Theresa May
Na conferência de imprensa após este encontro, a primeira-ministra britânica confirmou que as informações iniciais de que o ataque em Manchester foi perpetrado por um homem sozinho e adiantou que as autoridades já estabeleceram a identidade do atacante. “Um único terrorista detonou um engenho explosivo improvisado junto de uma das saídas da Arena de Manchester […] coincidindo com a conclusão de um concerto ‘pop’ a que assistiram muitas famílias jovens e grupos de crianças”, disse Theresa May.
A primeira-ministra precisou que a polícia “acredita saber a identidade do atacante”, mas não vai anunciá-la nesta fase, e trabalha intensamente para determinar se teve cúmplices. “A polícia terá todos os recursos necessários à investigação”, disse.
A responsável anunciou que se vai deslocar ainda hoje a Manchester para se encontrar com as autoridades e com “todos os que vieram para ajudar”, sendo que, ao final do dia, se seguirá mais uma reunião da Comissão Cobra.
Para Theresa May este ataque — uma “aterradora cobardia doentia” por visar jovens e crianças — revela “o pior da humanidade” e que “tal como é habitual” reiterou que “os terroristas não vencerão”, uma mensagem que não perde força pelo facto de o Reino Unido já ter sido palco muito recentemente de outro atentado terrorista, lembrou. “A cobardia deste ataque encontrou a valentia das pessoas de Manchester”, disse.
"A cobardia deste ataque encontrou a valentia das pessoas de Manchester.”
A primeira-ministra britânica pediu que não se guardem na memória “imagens deste tipo de carnificina”, mas antes daqueles que “puseram as suas vidas à disposição para ajudar e salvar vidas” e daqueles que abriram as suas casas às vítimas. “Este é o espírito que nunca se quebrou e nunca se quebrará“, acrescentou.
A responsável garante que “os valores e o modo de vida” dos britânicos “irão sempre prevalecer”, mas reconheceu: “Teremos dias difíceis à nossa frente”. “Todos nós estamos com o povo de Manchester neste período terrível”, disse May.
Ao início da noite, Theresa May acabou por elevar o nível de alerta de terrorismo no Reino Unido. Passou de “grave” para “crítico”, um nível que aponta para que o risco de um novo atentado pode estar iminente.
O mundo está chocado
As reações de condenação deste atentado têm-se multiplicado por todo o mundo.
Uma das primeiras a reagir foi mesmo Ariana Grande. A cantora no Twitter disse lamentar profundamente o sucedido.
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O primeiro-ministro António Costa também já exprimiu a sua solidariedade para com o povo britânico, na sequência do ataque. “Deixo aqui um voto de pesar e a nossa solidariedade com o povo britânico, em particular com as vítimas e familiares do ataque em “Manchester”, escreveu António Costa na sua conta do Twitter, numa mensagem repetida em inglês minutos depois.
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O Governo português está desde segunda-feira à noite a acompanhar o caso e até ao momento não tem indicação de portugueses entre as vítimas do ataque. Mas porque ainda há vítimas por identificar o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse à Lusa que Portugal continua em contacto com as autoridades britânicas. José Luís Carneiro, que está de visita ao Luxemburgo, explicou que o Governo português “está a acompanhar a situação”, mas, “pelas informações que tem até ao momento, não há portugueses entre as vítimas”. No entanto, o Executivo “continua a acompanhar a situação porque ainda estão a ser identificadas as vítimas”, salientou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de condolências à rainha de Inglaterra, Isabel II. E condenou o ataque, sobretudo porque visou jovens e crianças: “atinge de forma especial aquilo que é mais o futuro das sociedades europeias nas quais se inclui o Reino Unido”. Em declarações aos jornalistas no primeiro dia da sua visita de Estado ao Luxemburgo, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “os atentados desta natureza preocupam sempre por serem uma violação da Constituição e da lei, são a violação da ética e da moral daquilo que é essencial no comportamento de sociedade democráticas e livres”.
Os vários líderes mundiais têm condenado mais este ataque terrorista. Donald Trump apresentou as suas condolências às vítimas e classificou os que estão por detrás do atentado de “perdedores perniciosos”. A reação surgiu depois do encontro com o Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, em Belém, na Cisjordânia. Trump frisou que os Estados Unidos estão “absolutamente solidários” com o povo britânico.
Para a chanceler alemã, Angela Merkel este ataque apenas vem “fortalecer a determinação para trabalhar em conjunto” com os britânicos “contra aqueles que planeiam e levam a cabo atos desumanos destes”.
Centro comercial de Manchester evacuado e… reaberto
Um dos principais centros comerciais de Manchester foi temporariamente evacuado, mas agora já foi reaberto. O centro comercial Arndale foi evacuado segundo testemunhas citadas pela Reuters, depois de ter sido ouvido um estoiro. Mas, entretanto, o cordão de segurança foi desfeito e os lojistas puderam regressar ao interior do centro. A polícia fez uma detenção, mas não está relacionada com o ataque no Manchester Arena.
(Notícia atualizada às 13h31)
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