Maioria dos bancos não avalia riscos climáticos e socioambientais das atividades financiadas
A maioria dos bancos em Portugal não avalia os riscos climáticos e socioambientais das atividades que financiam, revela o Centro de Investigação em Direito Económico, Financeiro e Fiscal.
A maioria dos bancos em Portugal não avalia os riscos climáticos e socioambientais das atividades que financiam, de acordo com um estudo do Centro de Investigação em Direito Económico, Financeiro e Fiscal (CIDEFF) divulgado esta sexta-feira.
“A maior parte das transações financeiras com empresas que fazem parte das carteiras de crédito e investimento dos bancos portugueses não passam por uma avaliação de risco socioambiental adequada”, refere o Centro da Faculdade de Direito de Lisboa.
Segundo o CIDEFF, “há bancos que não fazem qualquer avaliação dessa natureza para empresas que não captam recursos no mercado de capitais (caso da maioria das pequenas e médias empresas), mesmo que operem em setores económicos de alto risco ou impacto climático e socioambiental”.
A análise baseia-se em dados públicos de 2021 e entrevistas dos bancos Caixa Geral de Depósitos, Banco Millennium BCP, Banco Santander Totta, Novobanco, Banco BPI, Banco Montepio e Crédito Agrícola realizadas em 2022 e 2023.
“A maior parte das avaliações têm apenas em conta os relatórios de sustentabilidade publicados pela própria empresa e ratings de agências de risco. Os bancos não verificam nem mesmo o cumprimento da própria legislação ambiental do país”, assinala a investigadora principal do estudo, Luciane Moessa de Sousa, citada em comunicado.
Segundo o estudo, dos sete maiores bancos em Portugal, apenas um “verifica se as empresas que solicitam crédito possuem licenciamento ambiental e recusa o crédito se não existir”.
No entanto, conclui que, em maior ou menor grau, todos os bancos já consideram fatores ESG (sigla em inglês para Governança ambiental, social e corporativa) na sua atividade, inclusive para atender a diretrizes do Banco Central Europeu ou a outras exigências regulatórias.
O estudo identifica ainda boas práticas na oferta de produtos financeiros com impacto positivo como obrigações verdes ou sociais, mas “os bancos entrevistados reconhecem que a proporção desses produtos nas suas carteiras ainda é ínfima”.
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