“Não nos podemos acomodar numa situação em que 40% dos licenciados vão para o exterior”, alerta Vasco de Mello
Business Roundtable Portugal lançou plataforma que permite comparar Portugal com vários países europeus, nomeadamente no PIB e salários. Empresários reforçam necessidade de estancar fuga de cérebros.
Os portugueses têm hoje mais qualificações do que há duas décadas, mas é preciso criar condições para estancar a atual fuga de profissionais e reter por cá esse talento. O apelo foi deixado esta terça-feira por Vasco de Mello, presidente da Business Roundtable (BRP), e por Nuno Amado, membro da direção da mesma associação, na apresentação de uma nova plataforma que permite comparar Portugal com diversos outros países europeus, no que diz respeito, nomeadamente, à competitividade, aos impostos e aos salários.
“Não nos podemos acomodar numa situação em que 40% dos nossos licenciados vão para o exterior“, sublinhou Vasco de Mello, que explicou que a experiência internacional até pode ser positiva, mas é preciso dar oportunidades para que os profissionais, querendo, fiquem no país.
Também Nuno Amado deixou uma mensagem nessa linha, isto é, realçou que as qualificações dos portugueses têm melhorado e até já estão acima da média europeia nas áreas STEM (ciência, engenharia e matemática), mas frisou que agora é preciso “criar condições para os profissionais cá ficarem”.
Ainda nesse sentido, Vítor Ribeirinho, CEO da KMPG, salientou: “Estamos a desacelerar a capacidade de reter os melhores. Qualquer que seja o Governo, tem de perceber que é preciso fazer algo em relação aos jovens. Se não os protegermos, arriscamos que comecem as carreiras fora de Portugal“.
Na visão deste responsável, o salário é uma condição importante para os jovens, mas não é a única. É preciso também, por exemplo, criar hubs foram dos grandes centros e próximos de onde está o talento – a KPMG acaba de inaugurar um novo centro em Évora.
Estes apelos foram feitos na apresentação de um nova plataforma online, que permite comparar Portugal com vários outros países europeus. A “Comparar para crescer” disponibiliza 30 indicadores em quatro grandes áreas: performance global, pessoas, empresas e Estado.
Por exemplo, no que diz respeito à competitividade, Portugal perdeu 11 posições desde 2000. Já a República Checa subiu 19 posições, observou Pedro Ginjeira do Nascimento. O secretário-geral da BRP enfatizou também que em 2022 Portugal cresceu, em termos acumulados, 23%. Espanha expandiu 43% e a União Europeia, como um todo, cerca de 40%.
Já no que diz respeito aos salários, o responsável explicou que de 2000 a 2022 houve um crescimento da remuneração média de cerca de 19 mil euros para cerca de 30 mil euros, “muito abaixo dos 40 mil euros da União Europeia“. Em paralelo, a carga fiscal que recai sobre o trabalho agravou-se em Portugal, enquanto noutros países encolheu, destacou.
“Se não nos comparamos, não sabemos onde estamos ou para onde vamos“, defendeu Nuno Amado, que avisou que é preciso uma “evolução das políticas” para que o país cresça “ao ritmo que almejamos”.
A “Comparar para crescer” é um projeto desenvolvido em parceria com a KPMG e com a colaboração da Informa DB.
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