Nuno Amado: “Todos temos capacidade para emprestar”
O presidente do BCP defendeu esta quarta-feira que a CGD deve continuar pública, mas recusou comentar a capitalização do banco. E mostrou-se desfavorável à solução do NB mas frisou: "É a vida".
Nuno Amado, presidente do Millennium BCP defendeu esta tarde, em Braga, que a banca portuguesa tem capacidade para emprestar.
O presidente do BCP falava no ECO Talks, inserido na 2ª Semana da Economia, organizada pela InvestBraga. Amado adiantou que se antes o rácio da banca era de 100 euros de depósito para cada 165 euros de crédito, o rácio atual é de 100 para 100. E isso são boas notícias.
"Todos temos capacidade para emprestar e houve um período em que não foi assim. ”
Para Nuno Amado, o momento de normalização e de equilíbrio aconteceu quando o “BCE realizou os leilões a prazo”.
O homem forte do BCP frisou ainda que as empresas portuguesas financiam-se hoje em 40 pontos base abaixo da dívida pública portuguesa. Amado fez mesmo a comparação com as empresas espanholas que se “financiam acima da dívida pública espanhola em 30 pontos base”.
“O que eu digo [às empresas] é que não olhem só ao preço. O preço é importante, temos de ser concorrenciais, mas olhem a longo prazo às relações de parceria”, conclui.
Ainda na questão do financiamento à economia, o presidente do BCP frisou que “o crédito diminuiu onde tinha de diminuir e aumenta onde tem de aumentar”. Mas deixa um alerta: “Acredito que o stock de crédito pode diminuir porque temos que desalavancar a economia”.
De fora deste corte ao financiamento, garantiu Nuno Amado, está o crédito ao setor produtivo e, também, às exportações.
Sobre uma eventual bolha no sector do imobiliário, Amado descartou esta possibilidade e relembrou que os preços das casas em cidades europeias, inclusive em cidades secundárias, “é muito superior ao praticado em Portugal”.
Rating da República
Para Nuno Amado, a banca nacional já passou o cabo das Tormentas e está agora no cabo da Boa Esperança. Mas, para que essa passagem possa ser acelerada, frisou, falta um passo essencial: “Melhorar o rating da República”.
“É absolutamente essencial para o país, para as empresas e para a banca. Essa ainda é uma condição essencial e estou confiante que vai ser revisto, caso não se altere o rumo seguido nos últimos tempos”, sublinhou.
"É absolutamente essencial para o país, para as empresas e para a banca. Essa ainda é uma condição essencial e estou confiante que vai ser revisto, caso não se altere o rumo seguido nos últimos tempos.”
Amado relembra que existe um “preconceito significativo sobre o país face aos erros do passado” o que, do seu ponto de vista, “foi mais do que justificado”.
Mas a revisão do rating da República tem um pressuposto: a diminuição sustentável e permanente da dívida do Estado.
Ainda assim, Nuno Amado mostrou-se confiante de que o rating da República seja revisto.
“É expectável que haja uma revisão do rating quando a dívida descer, mas vai depender da rapidez com que esse passo seja dado, e é preciso uma evolução de alguns trimestres [e não apenas de um]”.
“Defendo uma CGD pública”
Nuno Amado confessou esta tarde, em Braga, que, se antes era defensor de uma Caixa Geral de Depósitos semi-pública, a sua opinião mudou entretanto.
"Hoje, conhecendo os mecanismos da União Bancária, sou favorável em manter uma CGD pública. Mas é bom ter o capital adequado e não ter mais do que o adequado.”
Sobre as imparidades registadas pelo banco público, Amado adiantou que o BCP fez provisões de 1600 milhões de euros. “Fizemos as provisões que achámos que devíamos fazer”, garantiu.
A Fosun, que entrou recentemente no capital do BCP, foi também motivo de análise por parte do presidente do banco. Amado frisou que é preciso criar valor para os acionistas.
“Quer para os novos acionistas, a Fosun, quer para os antigos acionistas, o que tentamos demonstrar é o potencial a prazo do BCP”.
“O banco e os acionistas antigos e novos têm o objetivo de criar valor num modelo de governance adequado”, rematou.
De resto, Nuno Amado adiantou que “o mercado é pequeno, a concorrência é grande e a exigência dos reguladores sobre a bancos é enorme”. Por isso, “temos de ser muito mais eficientes e bastante próximos dos nossos clientes e parceiros”.
“A solução do Novo Banco não é a solução que eu goste”
Nuno Amado confessou que não é adepto da solução encontrada para o Novo Banco. “Não é uma solução que eu goste mas é a vida”, frisou.
O presidente do maior banco privado português salientou, contudo, que o encerramento do processo é importante e urgente. “O encerramento do dossiê é importante, é necessário e tem urgência”, sublinhou, para acrescentar: “Mas é uma opinião que, ao BCP, custa assumir, para ser claro”.
Banco mau: “É um tema que temos de analisar”.
O regulador europeu tem defendido a criação de um veículo que agrupe o crédito malparado da banca. Nuno Amado não fugiu ao tema para adiantar: “É um tema que temos de analisar”.
“Se eu puder ter uma solução económica viável e não disruptiva do capital, o BCP está totalmente interessado em avaliar”, garantiu o presidente do BCP.
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