Dia da Educação Ambiental: educar para o cuidado da nossa Casa Comum

  • Ana Patrícia Fonseca
  • 26 Janeiro 2024

Para que esta transição seja eficaz, a educação, nomeadamente a Educação Ambiental e a Educação para o Desenvolvimento, deve ser uma das principais prioridades dos nossos governos.

Hoje, celebra-se o Dia da Educação Ambiental. Um marco já muito assinalado por escolas, organizações da sociedade civil, obras sociais, organismos públicos, empresas e por tantas outras organizações. A Educação Ambiental é, acima de tudo, um meio para cumprir um objetivo maior: tomarmos consciência de que somos chamados a cuidar do nosso Planeta, da Casa Comum que, em conjunto habitamos, e agirmos de forma consequente. Esta data também nos faz perceber que vivemos uma verdade inconveniente e, ao mesmo tempo, uma oportunidade preciosa.

Os dados recentes apontam para uma crise climática que já não pode ser ignorada. O relatório de 2023 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) revela que alguns impactos climáticos são tão severos que ultrapassam a nossa capacidade de adaptação, especialmente em ecossistemas frágeis, como os recifes de coral (World Resources Institute). Além disso, o Emissions Gap Report 2023 da UNEP destaca que, apesar dos progressos já feitos, as emissões previstas de gases de efeito estufa para 2030 ainda estão longe dos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris (UN Environment Programme).

Simultaneamente, observamos um aumento significativo no investimento em energias limpas, alcançando 1,7 triliões de dólares em 2023, com o investimento em energia solar a ultrapassar, pela primeira vez, os investimentos em combustíveis fósseis, de acordo com o MIT Technology Review. Este é um dos sinais que indicam que a transição para um futuro sustentável, onde todas as pessoas contam, pode ganhar um novo dinamismo, assim haja vontade e empenho.

Porém, para que esta transição seja eficaz, a educação, nomeadamente a Educação Ambiental e a Educação para o Desenvolvimento, devem ser uma das principais prioridades dos nossos governos. A educação, informada e cientificamente fundamentada, é uma ferramenta poderosa para estimular mudanças significativas, de forma transversal a toda a sociedade. A Educação Ambiental não é disseminação imponderanda de informação. É, antes, um processo contínuo de tomada de consciência e de compreensão profundas da relação entre as nossas ações e o seu impacto na nossa Casa Comum. Ao mesmo tempo, a Educação para o Desenvolvimento tem um papel crucial no entendimento dos desafios globais e dos desafios que se colocam ao processo de desenvolvimento, no reforço do pensamento e da reflexão crítica, na mobilização dos cidadãos e na consciencialização da opinião pública, apresentando-se como um instrumento imprescindível na formação de sociedades informadas e esclarecidas e, em consequência, no reforço das democracias.

O caminho a seguir, portanto, requer uma integração profunda e holística da Educação Ambiental, pede um caminho de ecologia integral em todos os níveis de ensino, nas iniciativas das organizações públicas e privadas e também nas políticas públicas. Devem ser promovidos curricula que abordem as causas, os impactos e as soluções para a crise climática, de forma a promover o pensamento crítico, criativo e relacional. Isto requer não apenas conhecimento teórico, habilidades práticas e experiências, mas também uma conversão ecológica que permita a cada um contribuir ativamente para a construção de uma Casa Comum, que seja verdadeiramente um lugar para todos.

A educação ambiental deve, por isso, transpor as fronteiras da sala de aula e integrar programas comunitários (ou globais), iniciativas empresariais e políticas públicas. A colaboração entre diferentes setores é fundamental para desenvolver soluções holísticas, integradas, sustentáveis e duradouras. A crise climática não é um problema isolado de uma nação ou de um grupo. É um desafio global que requer uma resposta global. Cada ação, por menor que seja, contribui para um impacto maior. É, por isso, necessário promover uma cultura de responsabilidade e ação comum e partilhada.

Todos os pequenos passos contam. Enquanto avançamos, devemos manter um saudável equilíbrio entre otimismo e realismo. Os desafios são grandes, mas as oportunidades para alterarmos o curso que a História está a seguir também. Devemos reafirmar o nosso compromisso de ordenar a vida no respeito e no cuidado pela nossa Casa Comum, para que todos os que nela habitam o possam fazer com dignidade, hoje e nos dias que estão por vir.

  • Ana Patrícia Fonseca
  • Coordenadora do Departamento Educação para o Desenvolvimento e Advocacia Social na FEC - Fundação Fé e Cooperação

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