Avaliação bancária das casas no valor mais alto de 69 meses

  • ECO
  • 29 Maio 2017

Degrau a degrau: contrariando a queda registada em março, as habitações valorizaram. Um aumento de 5,3% face a 2016. Em Lisboa os valores são superiores aos da média nacional, mas estão a cair.

O valor médio da avaliação bancária está no nível mais alto dos últimos 69 meses. É preciso recuar a julho de 2011 para encontrar um valor mais elevado. Estes dados vêm assim alimentar os receios de uma bolha imobiliária em Portugal. O preço por metro quadrado é agora de 1.110 euros, ou seja, mais três euros do que em março, revelam os dados avançados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Esta é a tendência geral em Portugal — uma progressão de 5,3% em termos homólogos e de 0,3% em relação ao mês anterior. Lisboa, Algarve, Região Autónoma da Madeira e Alentejo têm valores superiores à média nacional. O preço por metro quadrado no Algarve cresce 9,8% relativamente ao ano anterior, enquanto a área metropolitana de Lisboa e Açores sobem juntas 6%. Contudo, em relação a março os valores na capital, no Alentejo e no Algarve vão no sentido oposto, ficando 0,1%, 0,1% e 0,3% mais perto do rés-do-chão, respetivamente.

Os valores regressaram a níveis anteriores à crise porém, este aumento não é necessariamente positivo: a Comissão Europeia já alertou para o perigo de desequilíbrios na economia portuguesa, tendo apenas em conta as subidas registadas em 2016 — 6% em cima de uma inflação de 1,1%, um total de 7,1%. Para Bruxelas, no ano passado os preços já estavam no limite.

 

Fonte: INE

A avaliação bancária dos apartamentos é a que mais pesa neste aumento, pois escala 0,6% para os 1.161 euros — mais sete euros por metro quadrado desde março. Madeira e Açores ultrapassam o continente, com os acréscimos mais altos, de 1,1% e 2,9% respetivamente.

Comparativamente ao ano anterior, foi o Algarve o protagonista, pois os apartamentos valorizaram 9,5%, ou seja, 119 euros por metro quadrado. Em média, o valor deste tipo de habitação aumentou 5,4% face ao mesmo período de 2016.

O BCE também refere uma “exuberância excessiva nos preços das casas“, referindo-se ao panorama geral da Europa. Contudo, o alerta parece adequar-se a Lisboa quando a razão do aumento é atribuída à “forte presença de compradores estrangeiros” e à existência de “taxas de juro baixas“. Em Portugal, os juros implícitos no crédito à habitação registaram um mínimo histórico em abril: caíram para 1,012%.

Ainda de acordo com o Banco Central Europeu, “uma monitorização próxima da tendência dos preços dos imóveis parece necessária” uma vez que este cenário acrescenta vulnerabilidade aos mercados imobiliários e pode vir a afetar a “estabilidade das instituições financeiras mais expostas ao crédito hipotecário”.

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