EIOPA revela quatro métodos para aumentar as vendas de seguros de riscos climáticos

  • ECO Seguros
  • 6 Março 2024

Apostar na literacia financeira, na agilização dos processos de subscrição de seguros, redução do prémios dos seguros e clareza da oferta pode diminuir a lacuna de proteção sobre eventos climáticas.

A iliteracia financeira, o preço dos prémios e a perceção do risco são alguns dos fatores que diminuem a procura por produtos de seguros de riscos climáticos, aponta a Autoridade Europeia de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (EIOPA). O relatório desenvolvido pelo regulador revela, em primeiro lugar, o que afasta os clientes deste produto, do lado da procura, assim mantendo elevada a lacuna de proteção de eventos climáticos catastróficos. Posteriormente, indica métodos, testados junto de consumidores, que as companhias podem usar para aumentar as vendas deste produto.

O que afasta os clientes dos seguros de riscos climáticos?

  • O preço dos prémios é apontado como uma barreira à aquisição de seguros, uma vez que os consumidores analisam o seu poder de compra e rendimento e consideram os preços dos seguros muitos elevados;
  • Segundo a EIOPA, este fator é muitas vezes acompanhado por outra barreira: o desconhecimento do âmbito da cobertura dos prémios e por isso, muitos consumidores acreditam que são demasiado caros por não relacionarem o preço à amplitude ou utilidade da cobertura;
  • Nesse sentido, soma-se falsa sensação de segurança: 30% dos inquiridos do estudo dizem não ter contratualizado o seguro por não correrem risco de sofrer sinistros com catástrofes climáticas, uma perceção que tem por base a localização do bem passível de ser segurado e se já presenciou ou não um evento catastrófico;
  • Noutros casos ter tido uma experiência negativa com uma seguradora, ou conhecer alguém que tenha passado por essa situação afeta a confiança dos consumidores nas companhias, o que se torna numa barreira à aquisição de seguro contra catástrofes climáticas, por acreditarem que não vão ser pagas as indemnizações em caso de sinistro. Por outro lado, quem já teve experiências positivas em caso de sinistros, está mais propício a contratualizar apólices;
  • A crença que o Estado irá salvaguardar os danos sofridos em caso de catástrofe climática junta-se aos fatores que contribuem para a lacuna de proteção em caso de evento climático catastrófico. Aliás, 59% dos inquiridos acreditam que os governos devem ser responsabilizados quando os cidadãos sofrem perdas em catástrofes climáticas;
  • O último fator impeditivo apontado pela EIOPA é a forma como este seguro é vendido, muitas vezes associado ao crédito de habitação, fica visto pelos clientes como um processo difícil, uma obrigação e não um benefício, e, paralelamente, é mais difícil este produto ser vendido a quem não é proprietário de uma habitação.

Quatro métodos para cativar clientes

O regulador europeu também apresentou métodos que foram testados nos comportamentos dos inquiridos, nomeadamente:

  • A aposta em projetos de literacia financeira para seguros no sentido de ampliar a perceção dos consumidores face a riscos que podem estar sujeitos. A EIOPA aconselha a desenvolver ferramentas acessíveis e em formato digital;
  • Ainda no âmbito de literacia financeira, o regulador também verificou que quanto maior o entendimento do cliente sobre o produto, a capacidade de os comparar e se os produtos serem apresentados de formas simplificada – “sem impedir a oferta dos produtos mais sofisticados aos mercado-alvo que o exijam -, também pode aumentar a adesão”;
  • Também simplificar o processo de subscrição a produtos de seguros pode aumentar a adesão de clientes, principalmente entre aqueles que reconhecem os riscos a que estão expostos, ao mesmo tempo que reduz os custos de transação. No entanto, neste processo é essencial todos os detalhes do produto estarem claros, incluindo as exclusões e períodos de carência, de forma a garantir que o cliente saiba o que está coberto e coincidir as expectativas com a realidade, dessa maneira procurando evitar perdas de confiança;
  • Reduzir o preço do prémio também poderá cativar mais clientes. De acordo com a EIOPA, a redução pode ser feita se a subscrição passar a requerer “obrigações aplicar medidas de atenuação dos riscos, podendo não só limitar a exposição das seguradoras aos riscos, mas também incentivar os consumidores a optarem pela cobertura de catástrofes naturais“.

Importa salientar que a investigação da primeira parte do relatório foi levada a cabo pela EIOPA com o apoio de um consórcio constituído pela Open Evidence, a London School of Economics and Political Science e a Block of Ideas agora conhecido por Sago. Para a pesquisa foram utilizadas técnicas de recolha e análise de dados qualitativas e quantitativas, tendo sido inquiridas mil pessoas de quatro estados-membros, para verificar quais os fatores que influenciam a decisão. Participaram ainda no estudo 1.500 indivíduos que pretendem comprar habitação para ser testado o impacto dos diferentes incentivos e verificar o que aumenta a adesão a seguros de riscos climáticos. A investigação sobre a experiências dos clientes com os seguros foi realizada com apoio da Kantar Public, Center for Europeian Policy Studies, Behavioral Public Policy and Economics e pela Universidade de Amesterdão tendo sido entregues inquéritos a 4.857 pessoas.

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