Em Portugal, a principal restrição ao solar é “a rede elétrica estar muito limitada”, aponta EDP
Um dos obstáculos à aposta da EDP no solar - atrasos na obtenção de equipamento - está a ser ultrapassado, mas outro mais estrutural, a fraca ligação à rede elétrica, persiste, incluindo em Portugal.
É metade do investimento e mais de 50% da capacidade a instalar pela EDP este ano EDP 0,00% . A energética liderada por Miguel Stilwell d’Andrade está a apostar em força no solar mas, apesar de o problema dos atrasos nos fornecimentos de equipamento estar a ser ultrapassado, em Portugal as limitações na ligação à rede elétrica têm desacelerado o desenvolvimento de novos projetos.
Numa visita de imprensa esta segunda-feira para marcar a entrada em produção da maior central solar da empresa a nível europeu, a Central Fotovoltaica da Cerca, nos concelhos de Alenquer e da Azambuja, Duarte Bello, administrador da EDP Renováveis EDPR 0,00% (subsidiária da EDP) para Europa e América Latina, começou por explicar o contexto e a ambição do grupo no solar.
“Em termos de capacidade está a haver um aumento global do solar, portanto, nós éramos uma empresa essencialmente eólica até há quatro, cinco anos“, disse aos jornalistas. “No ano passado, construímos globalmente 1.700 megawatts de [capacidade] solar. Foi a nossa maior tecnologia. O objetivo este ano é ter à volta de 4.000 megawatts mundialmente, pelo que vai ser o nosso ano maior e eu diria que uma grande parte, mais de metade, vai ser solar”.
Duarte Bello explicou que em vários mercados vê-se uma aposta maior no solar versus o eólico, porque os custos de solar têm vindo a diminuir drasticamente nos últimos anos e isso tem vindo a ajudar a energia solar a apresentar uma competitividade parecida com a eólica. “Não somos só nós, o mercado em si está a ver um crescimento muito relevante no solar”.
Cadeia de abastecimento assegurada
Em 2023, os lucros da EDP Renováveis – na qual a EDP tem uma participação de 71,27% – tombaram 50% face a 2022, ficando-se pelos 309 milhões de euros, uma queda explicada por impostos extraordinários na Europa e o impacto do El Niño na energia eólica, mas também por atrasos em projetos solares nos EUA devido a problemas nas cadeias de abastecimento.
Questionado sobre se esses atrasos iriam continuar a acontecer este ano, Duarte Bello optou por contar a história da Central Fotovoltaica da Cerca para colocar a questão numa luz mais positiva. “Os desafios são múltiplos e de facto temos este parque que até tem essa história. Foi um parque que foi pensado antes do Covid, apanhou as várias crises que tivémos nos últimos dois, três anos, entre Covid, temas no supply chain, a guerra teve algum impacto nisso“.
Sublinhou, no entanto que a EDP foi capaz de ultrapassar todos os obstáculos, adiantando que “para os projetos de curto prazo temos assegurada toda a cadeia de valor do ponto de vista de fornecimento, normalmente fazemos isso com nove, 12 meses de antecedência e não vemos, sobretudo nos componentes solares, um risco muito relevante”. Admitiu ainda que “há algumas oscilações de preço que temos que obviamente tentar mitigar da melhor forma possível”.
Mas nem todos os obstáculos estão ultrapassados, explicou Duarte Bello. Questionado sobre se há ainda margem para lançar mais leilões de energia solar em Portugal, tendo em conta os projetos de grande escala que já existem, apontou para uma limitação importante.
“A principal restrição que temos ao dia de hoje tem a ver com a limitação que temos de ligação à rede. Muitos projetos que vamos fazer não só em Portugal, mas noutros países, não estamos à espera de um leilão”, explicou. “Temos também acesso a tarifas de mercado e, portanto, não é por aí que deve haver essa limitação”.
Vincou que “hoje em dia, em Portugal, uma das principais limitações é o facto de a nossa ligação à rede elétrica estar muito limitada e isso é que tem de alguma forma desacelerado o desenvolvimento de novos projetos, porque ou [a rede] não existe ou existe e é cara e demora muito tempo”.
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