Fabricantes de amêndoas “salivam” com vendas na Páscoa

Imperial, Vieira de Castro e Arcádia estão “otimistas” com as perspetivas de negócio para este período da Páscoa, que para algumas marcas chega a representar quase metade das vendas totais do ano.

As fábricas portuguesas trabalharam a todo o gás nas últimas semanas para satisfazer a procura pelas amêndoas e pelos ovos de chocolate, que não podem faltar nesta época da Páscoa. Empresas como a Imperial, a Vieira de Castro e a Arcádia mostram-se “otimistas” quanto às vendas nesta quadra festiva, enquanto a Chocolataria Equador vê o negócio “estagnado”, com os portugueses a perderem poder de compra.

Para a Imperial, a maior fabricante de chocolates a nível nacional, a campanha da Páscoa é o momento de vendas mais importante. A empresa de Vila do Conde calcula que representa perto de 40% do volume de negócios anual. Só este ano produziu 400 toneladas de amêndoas, com a marca Regina a valer 85% da produção neste artigo. Apesar da campanha ainda não estar encerrada, afirma estar “muito otimista com os resultados”.

A campanha de Páscoa é o momento de vendas mais importante para a Imperial, representando um peso de 40% do volume de negócio total.

Francisco Pinho da Costa

Marketing manager da Imperial

Fundada em 1932, a dona das marcas Regina, Pantagruel e Pintarolas emprega 280 pessoas e soma uma faturação anual de 50 milhões de euros.

“A Páscoa caracteriza-se por ser uma quadra de elevada procura por produtos sazonais. Além das amêndoas, os consumidores procuram também os ovos de chocolate, assim como outras figuras de chocolate associadas à festividade”, diz ao ECO Francisco Pinho da Costa, marketing manager da Imperial que foi vendida em 2021 pelo fundo Vallis ao grupo espanhol Chocolates Valor.

Fábrica de chocolates Imperial - 18NOV20

Na Vieira de Castro, que reclama a liderança na produção de amêndoas, o cenário é semelhante, com a gestora a mostrar-se “otimista” em relação ao balanço das vendas nesta campanha de Páscoa. Ana Raquel Vieira de Castro adianta que as vendas em 2024 apresentam um “desempenho superior a dez pontos percentuais em relação ao ano anterior”.

Na última Páscoa, a empresa de Vila Nova de Famalicão vendeu mais de mil toneladas de amêndoas, antecipando um novo crescimento na campanha deste ano. “Em plena campanha, a Vieira chega a produzir 60 milhões de amêndoas por mês”, contabiliza Ana Raquel Vieira de Castro, em declarações ao ECO.

Em plena campanha da Páscoa, chegámos a produzir 60 milhões de amêndoas por mês.

Ana Raquel Vieira de Castro

Administradora da Vieira de Castro

Fundada em 1943 em Vila Nova de Famalicão, por António Vieira de Castro, produz amêndoas há 75 anos e tem uma gama que ascende às 200 variações. Além de apostar em novos sabores, lançou nesta Páscoa uma nova gama de produtos Vieira Chef, que consiste na apresentação de vários tipos de bolacha já moída pronta a ser utilizada na confeção de sobremesas.

“A Vieira Chef é uma linha de conveniência, que vem facilitar a realização das sobremesas, eliminando a etapa de moer bolacha, poupando tempo e trabalho ao consumidor, e eliminando desperdício, pois é apresentada em 200 gramas, a dose certa para realizar cada sobremesa”, resume.

Há amêndoas para todos os gostos, de doces a salgadas, com chocolate, canela, caramelo, café, framboesa, laranja, baunilha, coco, limão, ginja, entre muitos outros sabores. As marcas têm apostado em inovar e reinventar este produto milenar. É o caso da Vieira de Castro, que lançou amêndoas veganas com kiwi e sementes de kiwi. “Existe um aumento da procura global de produtos planted based, aptos para consumidores veganos, à qual a Vieira também procurou responder”, diz Ana Raquel Viera de Castro, que espera fechar o ano de 2023 com vendas de 45 milhões de euros.

Na Arcádia, as vendas estão a subir, impulsionadas pela abertura de sete novas lojas desde a Páscoa do ano passado. Nesta quadra festiva prevê vender cerca de 65 toneladas de amêndoas. Fundada em 1933 pela família Bastos, que ainda hoje se mantém à frente da empresa, volvidas quase nove décadas, a Arcádia soma 44 lojas, emprega mais de 400 pessoas e fechou o ano passado com uma faturação de 17,8 milhões de euros.

“Em geral está a correr melhor, até porque este ano temos mais lojas e registamos crescimento nesse sentido”, afirma ao ECO Francisco Bastos, administrador que pertence à quarta geração da Arcádia.

Fábrica da Casa de Chocolate Arcadia - 24SET20
João Bastos e Francisco Bastos administradores da ArcádiaRicardo Castelo

Foi 2009, na cidade do Porto que o casal Celestino Tedim Fonseca e Teresa Almeida, ambos com formação artística, fundou a Chocolataria Equador. A primeira loja da marca abriu portas em 2010, na Rua de Sá da Bandeira, no Porto. Hoje, soma oito lojas na Invicta, Braga, Lisboa, Coimbra, Girona e Barcelona, emprega 22 pessoas diretamente e fatura 1,5 milhões de euros.

Contrariamente à Imperial, Vieira e Arcádia, o dono da Chocolataria Equador, Celestino Tedim Fonseca, adianta ao ECO que o balanço das vendas nesta campanha de Páscoa está a ser equivalente ao ano passado. Aponta que o negócio está “estagnado” devido à perda de poder de compra por parte dos consumidores, essencialmente no mercado nacional. “Em Espanha corre sempre melhor”, nota o empresário.

Nos Açores, as amêndoas ainda são feitas de forma artesanal, em panelas de cobre e com açúcar de beterraba. Na freguesia da Fajã de Cima, no concelho de Ponta Delgada, a fábrica Pérola da Ilha “não abdica da produção de amêndoa especificamente nesta altura do ano”. O fabrico da amêndoa leva dez horas a ser confecionada e o segredo da qualidade do produto da Pérola da Ilha “reside na sua produção quase artesanal”, disse o diretor de produção, Francisco Paquete.

De acordo com o empresário, a amêndoa da Pérola da Ilha “difere da que vem do Continente e de outros países por ser mais tenra em termos de textura no trincar”. Mas a “estrela” das amêndoas da Pérola da Ilha é a amêndoa popular que “não tem concorrência, que é mais procurada pelos açorianos e feita com amendoim”, sendo ainda mais acessível em termos de preço.

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