Escalada das taxas de juro faz disparar 80% lucros dos bancos em Portugal, para 5,6 mil milhões em 2023
À boleia da escalada das taxas de juro, o sistema bancário nacional registou resultados de 5,6 mil milhões de euros no ano passado, mais 80% face a 2022. Cinco maiores bancos tiveram 78% dos lucros.
Os bancos em Portugal lucraram 5,6 mil milhões de euros no ano passado, com o resultado a disparar 80% em comparação com 2022. Tratou-se de um resultado histórico para o setor que foi alcançado à boleia da escalada das taxas de juro.
Só as cinco maiores instituições — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander, BPI e Novobanco — tiveram 4,4 mil milhões de euros de lucros em 2023, representando 78% do resultado obtido por todo o sistema bancário nacional.
Em face do aumento dos lucros, a rentabilidade do setor quase duplicou de 8,7% em 2022 para 14,8% face aos capitais próprios, mostram os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal. Bancos como a Caixa, Santander e Novobanco tiveram ROE que superaram os 20%.
Também a rentabilidade dos ativos (nível de lucros em função dos ativos) duplicou no ano passado: passou de 0,69% para quase 1,3%. O setor explora um ativo de 422,2 mil milhões de euros.
8,5 mil milhões em malparado
Ao nível da qualidade do balanço, o setor voltou a baixar o rácio de malparado (non performing loans) para mínimos históricos: 2,7% dos empréstimos estão classificados como NPL, valor que compara com os 3% observados em 2022. No pico da crise chegou a atingir os 17%, em meados de 2016, mas os bancos fizeram um esforço dramático para limpar o seu balanço.
Em todo o caso, o setor ainda se depara com 8,5 mil milhões de euros de crédito tóxico. Se contabilizarmos as imparidades, o NPL líquido atinge os 3,8 mil milhões de euros, reduzindo em cerca de 600 milhões em comparação com 2022.
Menos empréstimos e depósitos
Apesar dos lucros históricos, os bancos viram o volume de negócios contrair ligeiramente, perante a queda dos empréstimos e dos depósitos.
No que diz respeito ao crédito concedido, fecharam 2023 com uma carteira de 56,9 mil milhões de euros, menos 300 milhões em relação ao ano anterior. Já os depósitos caíram 200 milhões de euros para 72,9 mil milhões de euros.
(Notícia atualizada às 12h21)
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