Fórum para a Competitividade: Subida do PIB dá “maior margem” ao Governo no défice
O efeito do crescimento económico em Portugal, que tem surpreendido os economistas e superado as previsões do Governo, dará mais espaço orçamental, estima o Fórum para a Competitividade.
Os economistas do Fórum para a Competitividade preveem que o segundo trimestre deste ano vai ser ainda melhor do que o primeiro. E que essa aceleração da economia portuguesa vai dar “maior margem” ao Governo para atingir a meta de défice de 1,5% em 2017. Para o total do ano, o Fórum prevê que Portugal cresça entre 2,4% a 2,8%, o que irá melhorar o efeito do ciclo económico nas finanças públicas. Ainda assim, alerta que vai ser necessário manter o investimento público e as cativações de despesas na mesma dose de 2016.
A nota de conjuntura de maio, elaborada pelo Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, divulgada esta terça-feira, mostra mais otimismo face aos desenvolvimentos da economia nacional. A mudança é tal que, ao contrário do previsto em março, o segundo trimestre deverá ser o melhor do ano, com um crescimento homólogo de 3,1% e uma subida em cadeia de 0,5%. “Neste trimestre, grande parte do contributo positivo deverá vir novamente das exportações, que estarão a beneficiar da pujança dos principais parceiros económicos que pertencem à área do euro, e da variação de existências que deverá compensar a queda do primeiro trimestre”, explica a instituição liderada pelo economista Pedro Ferraz da Costa.
Depois de um avanço de 2,8% no primeiro trimestre, e a confirmar-se esta previsão do Fórum, a economia deverá crescer em 2017 entre 2,4% e 2,8%, registando-se uma desaceleração no segundo semestre dado que o termo de comparação com o final do ano passado é menos favorável. Além disso, o gabinete de estudos assinala que “grande parte do impacto dos estímulos internos (reposição de salários e pensões) e externos (efeito desfasado das políticas do BCE) irá diminuir”. Este último poderá ser um potencial ponto negativo, mas também existem fatores positivos no cenário macroeconómico: uma subida do rating da República é identificado como um dos mais decisivos.
A revisão do crescimento real para um valor acima de 2% e eventualmente uma subida do deflator darão maior margem ao Governo.
Esta evolução positiva do lado da economia fará com que o défice das administrações públicas fique com “maior margem”, na opinião do Fórum para a Competitividade. “A revisão do crescimento real para um valor acima de 2% e, eventualmente, uma subida do deflator darão maior margem ao Governo“, lê-se na nota de conjuntura de maio. Contudo, continuam a existir condicionantes, com os economistas a questionarem se a capacidade das cativações estará a chegar ao seu limite. Nesse campo, o Fórum diz ser “necessário” manter o investimento público e as cativações de despesa ao nível do que se registou no ano passado.
A produtividade, os juros e o risco italiano
Na mesma linha da evolução positiva da economia, o Fórum também assinala a diminuição da taxa de desemprego e o crescimento do emprego em 3,2% no primeiro trimestre. Este é um percurso positivo no ponto de vista do mercado de trabalho, mas negativo do ponto de vista da produtividade da economia portuguesa: “O emprego continua a crescer mais do que o PIB, o que significa que a produtividade continua em queda“, escrevem os economistas.
O emprego continua a crescer mais do que o PIB, o que significa que a produtividade continua em queda.
Apesar disso, o crescimento económico teve um impacto significativo na evolução dos juros da dívida portuguesa que afundaram para lá da barreira dos 3% na semana passada. “O forte crescimento português levou a nova redução do diferencial de taxas de juro em cerca de 40 pontos base“, sublinha a nota de conjuntura. E mesmo o risco do Banco Central Europeu acelerar a retirada dos estímulos, o que poderia ter um impacto negativos nos juros, parece estar longínquo: “Já no que diz respeito à inflação, os dados de maio mostraram uma desaceleração mais acentuada do que o esperado, reforçando a ideia de que qualquer remoção de estímulos por parte do BCE será sempre gradual“, explicam os economistas.
Ainda na Europa, o Fórum para a Competitividade diz que o risco político passou de França para Itália. “Agora, os riscos europeus estão mais concentrados nas eleições antecipadas em Itália, que poderão ter lugar no outono, não muito longe das eleições legislativas na Alemanha”, lê-se na nota de conjuntura de maio.
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