Sindicato teme “pressão” sobre o emprego com compra do Popular
A compra do Popular é a solução "menos má" e tem aspetos positivos para os trabalhadores. Mas o SNQTB também teme um aumento da "pressão" sobre o trabalho a médio e longo prazo.
O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) considera que a compra do Banco Popular pelo Santander é “menos má” do que uma eventual resolução ou liquidação do primeiro, mas antecipou uma “maior pressão” para a redução dos postos de trabalho.
“A curto prazo, os trabalhadores vão ser integrados num grupo com maior capacidade, o que é importante, mas a médio e longo prazo estes processos tendem a traduzir-se em menor oferta concorrencial e na redução de postos de trabalho. Temos que estar atentos para que isto se faça com o mínimo de perdas para o trabalho e para a sociedade portuguesa como um todo”, afirmou o presidente do sindicato.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Marcos admitiu que, “nestes processos [de reestruturação], o banco Santander é de longe quem tem tratado melhor as pessoas”, mas considerou “muito provável” uma “maior pressão sobre todos os trabalhadores” e uma “intensificação dos programas de reformas antecipadas e de rescisões”. “Não queremos pensar em nada mais drástico, mas isso acho que é muito provável que venha a acontecer”, sustentou.
Admitindo não estar “esfusiante com este processo”, Paulo Marcos considerou que teria sido preferível “que o Banco Popular tivesse conseguido adequados níveis de capitalização sem ser através de um processo de fusão ou integração com outro operador existente”, mas concedeu que, “face a uma resolução ou uma liquidação, esta é a solução menos má, que traz pelo menos um cenário mais conhecido e com maior estabilidade”.
Ainda assim, disse, os antecedentes revelam que “nestes processos de integração e fusão, tipicamente, é a parte mais fraca (seja a operação que é comprada ou o país de onde não é oriundo o capital) que sofre desproporcionadamente mais”, como aliás já foi visível na recentemente concluída reestruturação do Banco Popular, que reduziu 15% dos colaboradores em Espanha e o dobro (30%) em Portugal.
“O que vai acontecer é que [a operação] vai reduzir capacidade no mercado ibérico, o que tenderá a provocar um aumento de margens bom para os acionistas, mas que do ponto de vista do fator trabalho e dos serviços aos clientes levará a uma redução da oferta de serviços e a uma maior pressão sobre a redução de postos de trabalho”, afirmou.
De acordo com Paulo Marcos, o SNQTB solicitou já na madrugada desta quarta-feira uma reunião ao Banco Popular e ao Santander, “para darem pormenores” sobre o negócio, sendo intenção do sindicato estar “vigilante e atento” quanto à evolução dos postos de trabalho. “O banco Santander tem uma boa tradição de integrar e de expandir negócios e de ter paz social, mas o histórico das aquisições e fusões dos últimos anos não deixa ninguém tranquilo”, disse o dirigente sindical.
O Banco Santander anunciou esta quarta-feira em Madrid a aquisição de 100% de Banco Popular por um euro, após o Banco Central Europeu ter constatado a inviabilidade da instituição de forma independente e a fim de garantir a segurança dos depositantes do Popular.
Em comunicados separados, o Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB) e o próprio Santander indicam que a compra ocorre depois de um processo competitivo de venda organizado “no âmbito de uma medida de resolução”, adotado pelo Conselho Único de Resolução europeu e executado pelo FROB.
Como parte da operação, o Santander tem previsto realizar um aumento de capital de aproximadamente 7.000 milhões de euros, “que cobrirá o capital e as provisões necessárias para reforçar o balanço do Banco Popular”, segundo um comunicado enviado à Comissão de Comissão de Mercado de Valores (CMVM) espanhola.
Entretanto, o Banco de Portugal já assegurou que a filial portuguesa do Banco Popular espanhol continua a operar “com total normalidade” e “protege as poupanças confiadas”, passando a integrar o Grupo Santander. A venda do Banco Popular Espanhol ao Banco Santander “não implica qualquer alteração na atividade do banco português, que continua a operar com total normalidade, agora integrado num novo grupo bancário”, informou o Banco de Portugal em comunicado.
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