Há mais trabalhadores em regime híbrido entre teletrabalho e presencial
Número de trabalhadores que exercem funções em casa alguns dias por semana todas as semanas subiu 35% face há um ano. Em causa estão 267 mil pessoas. É a variante do regime híbrido mais popular.
O regime híbrido entre o trabalho remoto e o trabalho presencial continua a conquistar fãs em Portugal. Em apenas um ano, mais 68 mil trabalhadores passaram a dividir regularmente os seus dias de trabalho entre o escritório e a sua casa, havendo agora, no total, 364 mil portugueses nessa situação. O modelo predominante é aquele que garante que todas as semanas os trabalhadores ficam alguns dias a exercer as funções à distância.
Os dados foram divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística: das cerca de cinco milhões de pessoas empregadas, mais de um quinto trabalhou a partir de casa (sempre ou pontualmente), no primeiro trimestre de 2024.
Se compararmos com os últimos três meses de 2023, houve um aumento de 11%, isto é, mais 102 mil indivíduos passaram a trabalhar a partir de casa. Já face ao início de 2023, houve um aumento de 10%, isto é, mais 94 mil indivíduos passaram a trabalhar a partir de casa, de acordo com as contas do ECO.
Mas nem todos os que trabalham a partir de casa cumprem o mesmo modelo. Há quem o faça sempre e quem o faça regularmente.
No primeiro caso, o primeiro trimestre foi sinónimo de um recuo homólogo da adesão. Já no caso de quem exerce as suas funções à distância regularmente, registou-se um aumento considerável, o que significa que a explicar a subida do trabalho a partir de casa esteve, sobretudo, uma maior adesão ao regime híbrido.
Vamos aos números concretos. No total, 364 mil pessoas trabalharam regularmente à distância, mediante um sistema que concilia o trabalho presencial e em casa, mais 13% do que no último trimestre de 2023 e mais 23% do que no arranque desse ano.
Há diferentes modelos de trabalho híbrido. Qual o mais popular?
Fonte: INE
Dentro do regime híbrido, o mais popular é aquele que garante que os trabalhadores passam todas as semanas alguns dias em trabalho a partir de casa. No total, entre janeiro e março, 266,6 mil trabalhadores praticaram esse sistema.
Ora, no início de 2023 tinham estado menos de 200 mil pessoas nessa situação, o que significa que se registou agora um aumento de quase 35%. São quase mais 69 mil pessoas a trabalhar alguns dias por semana em casa do que há um ano.
Em contraste, o modelo que possibilita ao trabalhador ficar todos os dias de uma dada semana em casa, mas todos os dias da seguinte no escritório (num esquema rotativo) perdeu adesão. Menos de oito mil pessoas estiveram nesse modelo no primeiro trimestre, o que equivale a uma redução de 25% em cadeia e de 39,5% em termos homólogos.
Convém explicar que nem todas estas pessoas praticam teletrabalho quando trabalham em casa, isto é, recorrem a tecnologias de informação e comunicação. A maioria (96%) está nessa situação, permitem perceber os dados do INE, mas há alguns milhares que fogem à regra.
Empregadores não projetam mudanças
A preferência pelo regime híbrido entre o trabalho remoto e o trabalho presencial não é uma surpresa, tendo em conta que já vinha sendo sinalizada nos vários estudos realizados por empresas de recursos humanos.
A Hays, por exemplo, no seu guia para este ano indicava que 27% das empresas disponibilizam um regime híbrido com dois a três dias por semana no escritório, enquanto 11% apontam para quatro dias por semana no escritório, 4% para um dia por semana e 3% um a três dias por semana no escritório. Esse guia dava mesmo conta que já são menos de metade as empresas que têm um regime 100% presencial.
Quanto ao ano em curso, os empregadores ouvidos pela Hays garantiram na sua maioria (88%) que 2024 não deverá ser marcado por mudanças no modelo de trabalho, ou seja, o regime híbrido, nos moldes referidos, veio mesmo para ficar, o que parece ser também fundamental para atrair e retenção talento. “Os profissionais estão a mostrar resistência em aceitar novas propostas que contemplem modelos de trabalho 100% presenciais. Nos casos em que não é possível optar por um modelo híbrido (o mais consensual), o caminho parece ser procurar novos desafios profissionais“, destacava a Hays.
De lembrar também as palavras da ex-ministra do Trabalho Helena André, que, numa entrevista recente ao ECO, dizia que não é apologista do teletrabalho a 100%, preferindo um regime híbrido. “Somos animais sociais e não podemos fazer com que uma nova forma de organização do trabalho contribua ainda mais para aquilo que é um dos problemas das nossas sociedades, que é o isolamento das pessoas”, sublinhou a ex-governante.
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