Exclusivo Unlockit levanta 1,4 milhões. “Produto tem um potencial muito forte para ser bem sucedido além-fronteiras”
Triplicar este ano o volume de negócios e estender a atuação à intermediação de crédito à habitação fazem parte dos planos. Madrid e Barcelona, São Paulo e Dubai são cidade alvo para expansão.
A Unlockit fechou uma ronda de financiamento pré-seed de 1,4 milhões de euros, elevando a avaliação da startup portuguesa de PropTech e GovTech para seis milhões de euros. A internacionalização da startup de gestão de transações imobiliárias está entre os objetivos, com “Madrid e Barcelona, São Paulo e Dubai” na mira.
“O foco é apostar no desenvolvimento da aplicação com o lançamento da nova webapp em agosto deste ano e com a implementação dos primeiros produtos Web3 que a empresa tem pensado lançar em 2025″, começa por dizer Tiago Dias, fundador e CEO da Unlockit, ao ECO.
Há quatro anos, a startup começou por responder a um problema relacionado com as assinaturas de contratos. Atualmente, já é utilizada por mais de seis mil agentes imobiliários e brokers “que partilham da nossa visão e que conseguem levar de ponta a ponta processos inteiros de compra, venda e arrendamento através da Unlockit”, explica.
“Daqui, o nosso passo é sermos a melhor plataforma Web3 para o mercado imobiliário à escala global, e isso faz-se apostando em dois pilares: produto e equipa. Um dos pontos mais imediatos na nossa lista será alargar a oferta para a intermediação de crédito. O nosso objetivo final, numa visão mais para o projeto em si, é vender os serviços da nossa plataforma ao regulador e passarmos a uma fase de co-inovação com entidades públicas e governamentais, isto sobretudo porque sabemos que conseguiríamos poupar milhões de euros ao Estado”, refere ainda o gestor.
A ronda — liderada pelo grupo Eaglestone, plataforma internacional de serviços financeiros, através da sociedade de capital de risco Eaglestone Capital Partners, acompanhada pela Portugal Ventures, contando ainda com a participação dos atuais investidores Reorganiza e Republica — também teve como objetivo dar músculo à expansão internacional da startup.
Internacionalização nos planos
“O tradicionalismo e excessiva burocracia do setor imobiliário é transversal a praticamente todos os mercados. Por isso, a internacionalização da Unlockit está também na mira com o que conseguimos nesta ronda, ainda que para já vejamos mais esse alargamento de operações a médio prazo“, diz o CEO da Unlockit.
Através da plataforma da Unlockit, todas as “partes envolvidas no processo de transação imobiliária têm acesso à documentação necessária à distância de um clique, mesmo que de modo assíncrono” e, com isso, “devolvemos tempo ao poupar as pessoas de deslocações desnecessárias por causa de assinaturas, dando a oportunidade de indivíduos em diferentes localizações no globo de assinarem o mesmo documento numa questão de minutos”. “Combatemos, também, a especulação imobiliária ao promovermos a transparência de valores ao longo de todo o processo. Tudo isto, acreditamos, torna-nos numa startup de interesse público“, descreve o responsável.
Estamos confiantes que a introdução ao mercado externo trará impactos muito significativos nos nossos resultados; a acontecer no tal médio prazo, contamos que rapidamente ultrapasse o peso do nosso país na operação simplesmente por uma questão de dimensão de mercado.
“Acreditamos que o nosso produto tem um potencial muito forte para ser bem-sucedido além-fronteiras, porque sabemos que muitos países ainda não dispõem de uma solução tão completa como a nossa e porque a mesma resolve grande parte dos problemas sociais que este mercado demonstra ter. De qualquer das formas, há uma clara lacuna no que toca à inovação do setor e nós queremos provar que é possível simplificar algo que, até ao momento, é tão labiríntico e opaco”, aponta o fundador.
Os mercados alvo estão já definidos. “Madrid e Barcelona, São Paulo e Dubai são os primeiros centros urbanos que temos como objetivo, porque sabemos haver uma abertura muito interessante para projetos verdadeiramente disruptivos e de base tecnológica blockchain“, revela Tiago Dias.
Neste momento, a Unlockit já conta com uma equipa de “mais de uma dezena de pessoas”. “Será muito importante focarmo-nos na nossa equipa atual, mesmo sendo uma empresa remote-first – não temos, inclusive, espaço físico dedicado. Depois temos na VOID Software, sediada em Leiria, a nossa parceira tecnológica para o desenvolvimento do produto, portanto o nosso foco primário de recrutamento será em perfis mais técnicos e que permitam desenvolver os nossos produtos Web3. Em termos de números, teremos que ir medindo o pulso ao crescimento do negócio e adaptaremos a equipa às necessidades que vierem daí”, diz o gestor quando questionado sobre se estava previsto um reforço de equipa para acompanhar expansão da empresa.
“Um dos nossos objetivos internos, enquanto trabalhamos no aperfeiçoamento do produto, é procurar captar aquilo que chamo de ‘talento A+’ das nossas universidades portuguesas. O nosso país está recheado de potencial, e a essa mentalidade e vontade de fazer diferente dos nossos jovens, aliado à sua alta competência de skills, queremos ainda acrescentar a liberdade para trabalharem onde quiserem que tanto procuram – daí também priorizarmos o trabalho remoto”, refere ainda.
Nos últimos dois anos, o “volume de negócio mais do que triplicou” e a base de clientes tem tido um “crescimento bastante saudável”, cerca de seis mil utilizadores. “Fechámos 2023 com um volume de 60 mil euros, mas isto é apenas o início. As perspetivas que temos são animadoras tendo em conta a situação em que nos encontramos: contamos, se tudo correr bem, triplicar o volume em 2024″, adianta Tiago Dias.
A nossa missão é colocar o setor imobiliário no século XXI, acreditamos que temos uma ideia e um produto capazes de o fazer. Queremos muito concretizar isso em Portugal, mas sabemos que não estará só dependente de nós levar essa visão a bom porto.
“Estamos confiantes que a introdução ao mercado externo trará impactos muito significativos nos nossos resultados; a acontecer no tal médio prazo, contamos que rapidamente ultrapasse o peso do nosso país na operação simplesmente por uma questão de dimensão de mercado”, diz o CEO.
“Ainda que Portugal seja já bastante recetivo à incubação de ideias e inovação, como se vê por iniciativas como a Unicorn Factory em Lisboa, a verdade é que a adoção em larga escala de muitos destes projetos disruptivos continua a não ser o nosso forte. Temos como exemplo contrário a Estónia, o primeiro Governo Digital do mundo a implementar a tecnologia blockchain – a nossa tecnologia base – para garantir, a nível governamental, a integridade dos dados”, comenta.
“A nossa missão é colocar o setor imobiliário no século XXI, acreditamos que temos uma ideia e um produto capazes de o fazer. Queremos muito concretizar isso em Portugal, mas sabemos que não estará só dependente de nós levar essa visão a bom porto.”
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