Uso de numerário cai 28% em cinco anos. Cartões destronam moedas e notas
Em 2022, o número de pagamentos com cartões superou o número de pagamentos com numerário, segundo um estudo realizado pelo Banco de Portugal.
Já se sabia que o crescimento dos pagamentos eletrónicos, principalmente desde a pandemia, tem resultado na diminuição do uso do numerário. Mas agora um estudo do Banco de Portugal, divulgado esta terça-feira, permite analisar melhor essa tendência, mostrando inclusivamente que o uso de moedas e notas já foi ultrapassado pelos pagamentos com cartões.
No espaço de cinco anos, entre 2017 e 2022 — período que apanha o antes e o depois da Covid-19 –, o uso de numerário para fazer pagamentos no país afundou 28%, para 2,4 mil milhões de transações, de acordo com a nova edição do estudo “Custos dos instrumentos de pagamento de retalho em Portugal”. Em contrapartida, o Banco de Portugal registou 2,6 mil milhões de pagamentos com cartões de débito ou crédito, uma subida de 60% nessa mesma meia década (ver gráfico).
Ou seja, enquanto os pagamentos em numerário representaram 43% dos 5,7 mil milhões de pagamentos feitos em 2022, os cartões foram o meio usado em 46% das transações, conquistando a liderança com uma distância de três pontos percentuais.
Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.
Se a análise for em valor, os pagamentos com cartões há muito que superaram os pagamentos com numerário, geralmente, usados em transações de valores mais reduzidos (em média, 12 euros por pagamento, contra 50 euros por cada transação com cartão). Significa que, em 2022, por cada 100 euros de pagamentos em numerário, os portugueses fizeram 448,25 euros de pagamentos com cartões, mais do dobro do observado meia década antes.
Obter dados sobre o numerário é uma tarefa particularmente complexa, visto que os pagamentos com moedas e notas são difíceis de rastrear. Por isso, o Banco de Portugal extrapolou e fez estimativas a partir de um inquérito realizado junto de uma amostra representativa de 813 consumidores em janeiro e fevereiro de 2023. Além disso, o número de pagamentos com numerário contempla apenas os feitos por particulares, excluindo-se as empresas e a Administração Pública.
Apesar de estar a cair em desuso, a maioria dos consumidores continuam a “valorizar a possibilidade de realizar pagamentos com notas e moedas”. Mais de 82% dos inquiridos classificaram essa possibilidade como “importante ou extremamente importante” e, “adicionalmente, 90% dos respondentes afirmaram dispor habitualmente de numerário para pagamentos do dia-a-dia”, lê-se no estudo do supervisor bancário.
“Não obstante, a utilização do numerário tem decrescido continuamente, uma tendência acentuada pela pandemia de Covid-19”, reconhece o Banco de Portugal, com mais de 31% dos consumidores a assumirem pagar menos vezes com dinheiro do que em comparação com a era pré-pandemia.
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