Mário Ferreira: “Ana Gomes tem de se retratar neste caso”
O Ministério Público enviou um pedido de levantamento de imunidade para o Parlamento Europeu relativo a Ana Gomes. Em declarações ao ECO, Mário Ferreira diz que a eurodeputada tem de se retratar.
O Parlamento Europeu recebeu um pedido de levantamento da imunidade parlamentar de Ana Gomes, na sequência de uma queixa do grupo Douro Azul por declarações da eurodeputada sobre a venda de um navio pelos Estaleiros de Viana do Castelo. Em declarações ao ECO, o presidente executivo da empresa, Mário Ferreira, elogia Ana Gomes, mas diz que esta tem de se retratar. “Ela terá de se retratar neste caso, pois a compra que fiz, e posterior venda, decorreu dentro da maior legalidade“, defende-se.
No início da sessão plenária, que decorre entre esta segunda-feira e quinta-feira em Estrasburgo, o presidente do Parlamento, Antonio Tajani, anunciou a receção do pedido de levantamento da imunidade parlamentar – apresentado pela Procuradoria-Geral de Peso da Régua, distrito de Vila Real, no seguimento de uma queixa feita há quase um ano pelas empresas Mystic Invest, SGPS,SA, Mystic Cruises, SA e Douro Azul, SA –, que reencaminhou para análise e recomendação à comissão de Assuntos Jurídicos.
Ela terá de se retratar neste caso, pois a compra que fiz, e posterior venda, decorreu dentro da maior legalidade.
Em comunicado, a eurodeputada socialista Ana Gomes adianta que explicará diante desta comissão parlamentar a razão pela qual atuou, “em cumprimento” dos seus “deveres de cidadania” e do seu “mandato como parlamentar europeia, neste como noutros processos de luta contra a corrupção e a criminalidade económica organizada contra interesses do Estado Português”.
“E, desde já, declaro a intenção de me constituir assistente no processo de investigação em curso no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Ação Penal) sobre a subconcessão a privados da empresa pública ENVC (Estaleiros Navais de Viana do Castelo), incluindo sobre a venda e revenda do navio Atlântida”, acrescenta.
Em declarações ao ECO, Mário Ferreira refere que a eurodeputada “tem um papel importante na sociedade portuguesa”, vincando que “tinha até uma grande admiração pelo seu trabalho”. Contudo, o CEO da Douro Azul afirma que Ana Gomes “não pode fazer acusações falsas a torto e a direito, sem fundamentos”. Mário Ferreira defende-se explicando que a compra foi realizada por concurso público e auditada por um membro do Ministério Público. O processo “decorreu com a maior transparência”, garante.
A drª. Ana Gomes tem um papel importante na sociedade portuguesa, tinha até uma grande admiração pelo seu trabalho.
Na origem do pedido de levantamento de imunidade parlamentar estão declarações proferidas em abril de 2016 por Ana Gomes, que as empresas queixosas consideram ofensivas e caluniosas, em reação a um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) a anunciar buscas e diligências do DCIAP e da Polícia Judiciária, no quadro da designada “Operação Atlantis”, relacionadas com a subconcessão dos ENVC e a venda do navio “Atlântida”.
Na ocasião, Ana Gomes declarou ao Diário de Notícias que a investigação era “um sinal de que algo está a mexer num caso de flagrante corrupção”, envolvendo a venda “a patacos” do ferryboat Atlântida ao Grupo Douro Azul, o qual, segundo a eurodeputada, tinha “muito que contar” às autoridades.
Desde já declaro a intenção de me constituir assistente no processo de investigação em curso no DCIAP.
O grupo queixoso acusa a eurodeputada de fazer “insinuações e acusações graves, visando atingir a credibilidade e prestígio das queixosas” e de “insinuar uma qualquer relação entre a subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC com a venda do navio “Atlântida” ao Grupo Douro Azul, sabendo que não correspondia à verdade”.
(Atualizado às 18h40)
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