CDS quer Portas fora das audições sobre offshores
O nome do ex-presidente do CDS consta da lista preliminar das audições dos eurodeputados na missão a Portugal. Mas Ana Gomes diz ao ECO que Nuno Melo quer evitar que isso aconteça.
Os centristas querem evitar que o seu ex-líder seja ouvido no caso dos offshores. A lista de nomes a serem ouvidos pelos eurodeputados na missão a Portugal ainda está a ser ultimada, mas o CDS está a tentar excluir o nome de Paulo Portas. “Só há objeções a um nome que é a do Nuno Melo em relação a Paulo Portas“, revela a vice-presidente da Comissão PANA, Ana Gomes, ao ECO. A decisão final só acontecerá, em princípio, esta terça-feira.
A comissão não tem poder legal para obrigar estes nomes a deporem perante os eurodeputados, ao contrário por exemplo do que acontece numa comissão de inquérito no Parlamento português. Ainda assim, o eurodeputado do CDS, Nuno Melo, quer que Paulo Portas não esteja na lista final de nomes a serem ouvidos.
O ex-vice-primeiro-ministro consta da lista preliminar divulgada pelo Observador há um mês. A lista final só será aprovada, ao que tudo indica, na reunião de coordenadores da comissão de inquérito dos Panama Papers esta terça-feira. Até lá, os eurodeputados têm a oportunidade de enviar comentários relativos à missão a Portugal.
A eurodeputada socialista, Ana Gomes, considera que o ex-líder do CDS “é um nome significativo”. “Estamos a falar do vice-primeiro-ministro com o setor da economia e responsável pela nomeação do Dr. Paulo Núncio para secretário de Estado dos Assuntos Fiscais“, argumenta em declarações ao ECO. Além disso, Ana Gomes refere que não se mostrou contra os nomes de José Sócrates e Ricardo Salgado — propostos por Nuno Melo — ainda que tenha dúvidas se serão úteis dado que estão sob investigação judicial.
Em causa estão os dez mil milhões de euros em transferências para paraísos fiscais entre 2012 e 2014 que não foram fiscalizadas pela Autoridade Tributária. A missão dos eurodeputados a Portugal incide sobre essa falha de fiscalização e deverá acontecer no final de junho. Depois da visita, a comissão PANA (sobre branqueamento de capitais, elisão e evasão fiscais) fará um relatório. Em Lisboa, continua a decorrer a auditoria da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) cujo relatório ainda não foi divulgado.
Em março, o jornal i noticiou que os ex-líderes dos centristas, ambos críticos de Paulo Portas, Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, mostraram-se contra o silêncio de Paulo Portas face à polémica dos offshores que incidiu sobretudo o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio. “Se um braço-direito meu fosse objeto do ataque de que está a ser alvo Paulo Núncio, eu já me teria chegado à frente para defender a sua honra e esclarecer o que fosse preciso esclarecer”, disse nessa altura Ribeiro e Castro. Manuel Monteiro seguiu a mesma linha de raciocínio: “Se um membro da minha equipa e da minha confiança estivesse nesta situação eu já teria falado”.
O ECO tentou contactar, por diversas vezes, o eurodeputado Nuno Melo, mas até ao momento sem sucesso.
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