Europa deve duplicar investimento em I&D para reforçar competitividade, recomenda McKinsey
Consultora estima que empresas europeias investem 700 mil milhões a menos do que as suas congéneres norte-americanas e alerta que "investimento insuficiente compromete a competitividade da Europa".
A McKinsey Global Institute fez as contas e concluiu que a União Europeia está a ficar para trás na aposta em Investigação e Desenvolvimento (I&D). Num estudo publicado esta segunda-feira, a consultora norte-americana estima que as grandes empresas europeias investem 700 mil milhões de euros (ou cerca de 3,000 euros per capita) menos do que as suas congéneres norte-americanas, e que isso está se a refletir na falta de competitividade europeia face aos Estados Unidos.
“O investimento norte-americano em propriedade intelectual e nas suas equipas é praticamente o dobro per capita face ao investimento europeu”, lê-se no documento a McKinsey, no qual é sublinhado que “um investimento insuficiente compromete a competitividade da Europa e, sem competitividade, o investimento não flui”.
De acordo com o estudo, “a Europa deve duplicar os investimentos que geram maior produtividade“, especialmente no âmbito de I&D, onde a inovação tecnológica desempenha um papel crítico, sobretudo numa altura em que se aposta numa transição energética e digital em toda a União Europeia.
Comparativamente aos Estados Unidos – que tem apostado fortemente na atração de investimentos, sobretudo energéticos, através de incentivos fiscais, como o Industrial Reduction Act (IRA) –, a McKinsey aponta que a falta de competitividade não se limita apenas no I&D.
“Os ativos de capital de risco geridos na Europa equivalem a apenas um quarto do total norte-americano. Esta disparidade sublinha um problema estrutural” que deve ser abordado entre os 27 “com urgência”, dizem, dando nota que os ativos de capital de risco “representam entre 70% e 80% do crescimento da produtividade” e que a falta dele “coloca a Europa numa posição de desvantagem”.
Para corrigir o atual cenário, o bloco europeu terá, no entanto, de superar alguns desafios, nomeadamente, custos energéticos elevados, a escassez de talento e a regulação empresarial e do mercado laboral – sem esquecer que a “incerteza geoeconómica e macroeconómica também desempenha um papel crucial na reticência dos investidores”.
Assim, recomenda a McKinsey, o foco entre os 27 Estados-membros deve estar na “eliminação” destas barreiras para fomentar um ambiente pró-investimento.
A Europa necessita de um programa audaz e proativo que se concentre em atrair e reter talento, assim como na criação de um ambiente regulatório favorável e atrativo para os negócios.
Mas na União Europeia o assunto está, também ele, no topo da agenda. A recém reeleita presidente da Comissão Europeia anunciou que o reforço da competitividade figura como parte das diretrizes do programa do próximo Executivo comunitário.
Entre os pontos do plano de ação, a chefe do Executivo anunciou que irá lançar um novo acordo industrial limpo nos primeiros 100 dias, com vista a canalizar investimento em infraestruturas e indústria no bloco, em especial para os setores mais energeticamente intensivos. Ademais, identificou como prioridade acelerar o lançamento de concursos e licenciamentos, agilizando, simultaneamente, a burocracia.
Ursula von der Leyen também prometeu continuar a desenvolver uma “União dos Mercados de Capitais”, a fim de atrair investimentos e melhores possibilidades de financiamento para as empresas, sobretudo em infraestruturas, tecnologia e equipamentos que podem impulsionar a produtividade e a eficiência em diversos setores.
“O investimento neste tipo de ativos tangíveis é fundamental para acompanhar o ritmo de outras economias avançadas, já que um investimento insuficiente compromete a capacidade da Europa para competir num mercado global cada vez mais exigente”, conclui a McKinsey.
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